sábado, 31 de dezembro de 2011

Best Of 2011 - Cinema

"A árvore da vida", o melhor filme
Finalizando a série de posts retrospectivos, hoje é a vez de cornetar a produção cinematográfica de 2011. Não vi todos os filmes que eu gostaria por problemas que variaram entre questões de saúde, falta de oferta, pouco tempo em cartaz e a famigerada proliferação de filmes dublados nas salas de cinema. Só consigo relacionar o aumento da dublagem a um processo de emburrecimento da sociedade. E não adianta virem com papinho que na Alemanha os filmes também são dublados. É bizarro do mesmo jeito.

Neste ano me debrucei em 45 dos 314 filmes lançados para chegar à listagem dos dez melhores, além dos melhores trabalhos individuais e minhas já conhecidas (pelo menos para os meus sete leitores) categorias alternativas. Assim como em 2010, comecei com uma lista inicial de 17. No corte final, ficaram de fora “Biutiful”, “X-Men: Primeira Classe”, “Um sonho de amor”, “Contágio”, “A árvore do amor”, “Inquietos” e “Um conto chinês”. Estes três últimos foram excluídos com muita dor porque são muito bons, mas acho que o top 10 ficou honesto. Sendo assim, vamos a ele:

10º lugar – “Margin Call – o dia antes do fim” – O filme que ainda está em cartaz conta a história do início da crise econômica de 2008. É um belo trabalho de estreia de J.C. Chandor com grandes atuações de Kevin Spacey e Jeremy Irons.

9º lugar – “Em um mundo melhor”Filmaço dinamarquês dirigido por Susanne Bier sobre a questão do bullying e suas consequências numa escola na Suécia traçando um paralelo com a realidade medieval-tribal num país africano. Ligando os dois mundos equidistantes, um médico honrado e com princípios vivido por Mikael Persbrandt que tem que ensinar aos filhos o caminho das coisas certas da vida ao mesmo tempo em que não tem muito poder para lidar com questões de conflito na área onde atende os necessitados na África.

8º lugar – “Meia-noite em Paris” – A doce fábula de Woody Allen que reflete sobre a questão da nostalgia de tempos não vividos que ao mesmo tempo é uma homenagem à arte e à própria capital francesa. A película conta ainda com uma surpreendente boa atuação de Owen Wilson, perfeito no papel do personagem principal da trama.

Jeff Bridges em "Bravura Indômita"
7º lugar – “Bravura Indômita” – Excelente faroeste dos irmãos Coen. Um dos melhores filmes da dupla em um trabalho que conta ainda com ótimas atuações de Jeff Bridges e Josh Brolin e ainda resgata um duelo inesquecível no final do filme como os bons western faziam no passado.

6º lugar – “Cópia Fiel” – O filme do iraniano Abbas Kiarostami é uma grande discussão sobre a arte e a vida a partir do relacionamento do casal vivido por Juliette Binoche e William Shimell. Como cenário de fundo, as belezas da Toscana.

5º lugar – “O discurso do Rei” – Belíssimos trabalhos de Colin Firth e Geoffrey Rush são a garantia da qualidade deste filme de Tom Hopper sobre o Rei George VI, que precisa curar a sua gagueira para fazer um discurso importante durante a II Guerra Mundial.

Bale e Whalberg em "o Vencedor"
4º lugar – “O Vencedor” – Uma das melhores atuações da vida de Christian Bale. O ator é o ex-boxeador drogado e desajustado Dicky Eklund, que treina o irmão Micky (Mark Whalberg) para tentar o título mundial. Além da belíssima trilha sonora (Led Zeppelin, Whitesnake, Aerosmith), o filme de David O.Russel conta ainda com um elenco que está muito bem em cena. Além de Bale e Whalberg, Melissa Leo, que faz a mãe dos irmãos, Alice, e Amy Adams, que vive Charlene, a namorada de Micky, dão um show.

3º lugar – “A pele que habito” – Três filmes me deixaram de boca aberta neste ano. Um deles é “A pele que habito”. O trabalho de Pedro Almodóvar é simplesmente genial e nem cabe a mim explicar em poucas linhas. Leia a minha crítica, ou melhor, ainda, veja o filme porque é espetacular.

2º lugar – “Cisne Negro” – Espetacular como o trabalho de Darren Aronofsky sobre a bailarina esquizofrênica Nina Sayers (Natalie Portman), que tem que lidar com a pressão de ser a estrela principal de uma montagem de “O Lago dos Cisnes”. Eu sou um fã dos filmes de Aronofsky e este é barbaramente dirigido e escrito. Certamente foi um dos melhores trabalhos de 2011.
1º lugar – “A árvore da vida” – Nunca pensei que um dia eu colocaria no primeiro lugar da minha lista de melhores filmes um trabalho de Terrence Malick. Mas se tem um filme que merece receber a alcunha de genial em 2011, é “A árvore da vida”. É um trabalho difícil, sem dúvida. Não é para os que gostam de roteiros mais lineares. Mas uma obra-prima de Malick que conta ainda com uma atuação soberba de Brad Pitt no papel de um pai de família duro e conservador dos Estados Unidos nos anos 50. A viagem de Malick com ecos de “2001 – Uma odisseia no espaço”, de Stanley Kubrick, é definitivamente para mim o grande filme do ano.

Piores filmes – Abaixo a lista das cinco bombas de 2011

5º lugar – “O Planeta dos Macacos: a origem” – O problema do filme de Rupert Wyatt é que James Franco e Freida Pinto formam o casal mais inexpressivo de 2011. E os dois estão na linha de frente do filme. Assim fica difícil e você acaba torcendo para os macacos exterminarem a humanidade o quanto antes.

4º lugar – “Bruna Surfistinha” – Aqui nós temos o inverso. Deborah Secco se esforça muito e não está mal no filme, mas o restante não deu para engolir. História clichê, batida sobre a prostituta que fazia sucesso e deixa a vida dura para casar com um cliente apaixonado por ela. Mas se você é fã da Deborah, vale a pena ver.

3º lugar - “O amor chega tarde” – Teve quem achasse esse filme de Jan Schütte sobre um escritor octogenário fofinho, mas eu achei uma tremenda malice. Não é divertido, não é engraçado, não é dramático, não é nada. Tinha potencial para ser uma coisa meio David Lynch, mas o resultado e patético, pífio mesmo.

2º lugar – “Rio” – O filme de Carlos Saldanha é uma dispensável coletânea de clichês, óbvio e sem graça. Mas você vai achar fofo o Rio de Janeiro retratado ali, o sambinha e blábláblá. Nada que apague que é um filme muito fraco.

Evans e seu patético Capitão América
1º lugar – “Capitão América – O primeiro Vingador” – Este filme é uma ode à ruindade. Se fosse futebol, eu diria que ele é ruim do goleiro ao ponta-esquerda. Ou melhor, do presidente ao ponta-esquerda. Nada escapa. Do protagonista Chris Evans ao diretor Joe Johnston. É uma grande piada de mau gosto da Marvel, que sabotou um dos seus heróis. Que Evans não consiga estragar o filme dos “Vingadores” que estreia no ano que vem.

A decepção do ano – Lars Von Trier e o seu “Melancolia” – O diretor falou bobagem com aquela piada nazista em Cannes, só que mais decepcionante foi o seu “Melancolia”. Não é que o filme seja ruim, mas é muito abaixo do que se espera do dinamarquês, que fez um filme um tanto óbvio quando eu esperava algo mais metafórico.

Depp como Jack Sparrow
O herói do ano – Se “Piratas do Caribe –Navegando em águas misteriosas” serviu para alguma coisa foi nos dar mais um filme do velho pirata Jack Sparrow para nos divertir. O filme, aliás, é bem divertido, embora o roteiro seja um tanto confuso. Mas o personagem de Johnny Depp é garantia de boas risadas. Ainda mais com a presença de Keith Richards ao seu lado no papel do pai de Sparrow.

O vilão do ano – Ninguém em 2011 foi mais cruel, frio, calculista, maquiavélico e sei lá qual outro adjetivo poderíamos aplicar do que Robert Ledgard (Antonio Banderas). Eu só não posso descrever tudo o que o cirurgião plástico de "A pele que habito" fez porque isso estragaria a história para os que ainda não a viram. Mas eu garanto que é de uma vilania nunca antes vista na história do cinema (pelo menos não por mim). Por isso, Ledgard é o vilão do ano.

A frase do ano – Eu gosto de frases cortantes e a de Benjamin, personagem de Selton Mello em “O Palhaço” é de doer na alma: “Eu faço todo mundo rir, mas quem é que vai me fazer rir?”. Um dilema que permaneceu até o fim do filme.

Melhor trilha sonora – Em qualquer lugar que você reúna Led Zeppelin, Aerosmith e Whitesnake só pode sair coisa boa. “O Vencedor” não é apenas um filmaço, é também um trabalho com uma sensacional trilha sonora rock and roll.

Cecile de France, a musa de 2011
A musa do ano – A minha categoria favorita. Aquela que requer uma análise muito bem feita. É claro que Deborah Secco chegou apelando aparecendo nua e fazendo de tudo em “Bruna Surfistinha”, mas se engana quem pensa que ela é a minha musa de 2011. É preciso muito mais do que ser bela e fazer sexo para ser uma musa. É preciso ser linda e ter um certo altruísmo. Nesse ponto, Anne Hathaway ganharia uma certa vantagem por seu personagem em “O amor e outras drogas”. Ou mesmo a bela guerreira Amy Adams, que com sua Charlene defende com unhas e dentes o namorado lutador Micky em “O Vencedor”.

Sem dúvida três belas mulheres que sucederiam com brilhantismo um reinado iniciado por Sharon Stone (2006) e que passou por Eva Mendes (2007), Penelope Cruz (2008), Kate Winslet (2009) e Anna Mouglalis (2010).

Mas eu devo confessar que se você fala francês leva uma certa vantagem na minha eleição. As francesas não são apenas lindas, elas tem classe e são charmosas. E ai, Laetitia Casta, a Brigitte Bardot de “Gainsbourg – o homem que amava as mulheres”, dá um passo a frente. Dois passos a frente, no entanto, surge um velho amor: Juliette Binoche, a bela Elle de “Cópia Fiel”.

Só que este ano o prêmio de musa vai para alguém que fala francês, mas não é da França. Quem me conquistou foi a bela belga Cecile de France, 36 anos, que apareceu linda em “Além da Vida”, de Clint Eastwood, e brilhou em “O garoto da bicicleta”, dos irmãos Dardenne. Além de linda, Cecile ainda gosta de trabalhar com bons diretores. É a musa do ano.

Natalie e Mila se conhecendo melhor
A melhor cena de sexo – Não quero nem saber se ela aconteceu realmente ou foi só na cabeça da Nina Sayers. O que importa é que Darren Aronofsky filmou, colocou em “Cisne Negro” e o encontro carnal louco entre Natalie Portman e Mila Kunis merece todas as homenagens deste signatário. Perto delas, o resto é papai-mamãe.

A melhor cena de briga – Gosto de Amy Adams estapeando as irmãs do namorado em “O Vencedor” e curti muito a melhor cena de “O Planeta dos Macacos: a origem” da tomada da ponte Golden Gate em São Francisco, mas vou me permitir ser nostálgico para eleger como a melhor o duelo final de “Bravura Indômita” envolvendo Jeff Bridges e os vilões do filme. Um grande momento do trabalho dos irmãos Coen.

O retorno do ano – Embora esteja sempre presente em trabalhos como atriz, Jodie Foster não filmava desde 1995, quando lançou “Feriados em família”. Neste ano, a diretora Jodie Foster reapareceu com um bom filme chamado “Um novo despertar”, que mostra a história de um empresário em depressão vivido por Mel Gibson que precisa resolver seus conflitos familiares e ainda apresenta um quadro de esquizofrenia.

Gainsbourg - o homem que amava as mulheres
O filme francês do ano“Minhas tardes com Margueritte” é bem simpático, mas o meu filme francês favorito deste ano foi “Gainsbourg – o homem que amava as mulheres”. Dirigido por Joann Sfar, a película é uma bela e lisérgica cinebiografia do popular músico francês Serge Gainsbourg, pai da atriz Charlotte Gainsbourg.

O filme brasileiro do ano – Mais uma vez Selton Mello aparece com um bom filme. Depois do ótimo “Feliz Natal”, um dos melhores de 2008, “O Palhaço” é uma linda e terna história sobre um palhaço em busca de si mesmo e do seu lugar no mundo. Além de uma bonita homenagem aos artistas de circo.

Melhores roteiros – Gostei neste ano dos trabalhos de David Seidler (“O discurso do Rei”), dos irmãos Coen (“Bravura Indômita”), Abbas Kiarostami (“Cópia Fiel”), Woody Allen (“Meia-noite em Paris”) e Anders Thomas Jensen (“Em um mundo melhor”). Dos filmes que não ficaram no meu top 10 inicial, é preciso ressaltar os trabalhos de Joann Sfar (“Gainsbourg – o homem que amava as mulheres”) e Sebastian Borensztein (“Um conto chinês”). Mas o meu top 3 vai ficar com Scott Silver, Paul Tamasy e Eric Johnson, por “O Vencedor”, Mark Heyman, Andrés Heinz e John J. McLaughlih pelo trabalho em “Cisne Negro” (eu gosto de filmes loucos) e, para mim o melhor de todos, Pedro Almodóvar e seu “A pele que habito”. Aquilo ali não existe. Só na cabeça do diretor espanhol.

Piores roteiros“O retrato de Dorian Gray” (Toby Finlay) é lamentável, “Rio” (Carlos Saldanha) é muito clichê e “O amor chega tarde” (Isaac Bashevis Singer e Jan Schütte) é triste. Mas nada é pior do que a tragédia escrita por Christopher Markus e Stephen McFeeley em “Capitão América – o primeiro vingador”. A bomba do ano.

Melhores diretores – A se destacar os trabalhos de David O. Russel (“O Vencedor”), Tom Hooper (“O discurso do Rei”), dos irmãos Coen (“Bravura Indômita”), Abbas Kiarostami (“Cópia Fiel”) e Woody Allen (“Meia-noite em Paris”). Dos filmes que não ficaram entre os melhores, gostei dos trabalhos de Matthew Vaughn (“X-Men:primeira classe”) e Zhang Yimou (“A árvore do amor”). Mas o meu top 3 ficou assim e em ordem decrescente: Pedro Almodovar por “A pele que habito”, Darren Aronofsky por “Cisne Negro” e o melhor de todos, Terrence Malick por “A árvore da vida”. Grande momento.

Piores diretores – A essa altura você já deve saber de quem estou falando. Oliver Parker foi lamentável em “O retrato de Dorian Gray” e já fiz todas as críticas necessárias a Jan Schütte por “O amor chega tarde”. Mas nada pode ser pior do que Joe Johnston e seu “Capitão América – o primeiro vingador”.

Melhores atuações masculinas – Dois nomes de filmes pouco lembrados aqui, mas bons trabalhos individuais: Javier Bardem por “Biutiful” e John Hawkes por “Inverno da Alma”. Colin Firth como o rei George VI em “O discurso do Rei” também está excelente, assim como Jeff Bridges em “Bravura Indômita”, Ricardo Darín em “Um conto chinês” e Kevin Spacey e Jeremy Irons em “Margin Call – o início do fim”. E Andy Serkis dá um show como o macaco Caesar em “O Planeta dos Macacos: a origem”. Para mim, no entanto, as três melhores atuações do ano foram as de Geoffrey Rush pelo terapeuta Lionel Logue em “O discurso do Rei”, Christian Bale, soberbo no papel do ex-boxeador Dicky Eklund em “o Vencedor” e aquela que foi a melhor de todas: a magistral atuação de Brad Pitt em “A árvore da vida”. Para mim a grande atuação de 2011.

Piores atuações masculinas – Tudo bem que Ben Barnes se esforçou no papel de Dorian Gray em “O retrato de Dorian Gray” e Anthony Hopkins vem manchando a sua história com atuações como a de Odin em “Thor”. Chris Evans também é lamentável como o Capitão América, mas este título não pode deixar de ir para James Franco, o cientista Will Rodman em “Planeta dos Macacos: a origem”. É uma coisa, eu diria, lamentável.

Kirsten Dunst em "Melancolia"
Melhores atuações femininas – O elenco feminino de “O Vencedor” está muito bem. Melissa Leo, que ganhou um Oscar, e Amy Adams dão um show no filme. Juliette Binoche também está muito bem em “Cópia Fiel” assim como Mia Wasikowska em “Inquietos”.  Só que o meu pódio ficará da seguinte maneira: Tilda Swinton com a medalha de bronze pelo ótimo trabalho em “Um sonho de amor”, muito bom filme que ficou de fora do meu top 10. O segundo lugar vai para Natalie Portman e sua atuação visceral em “Cisne Negro”. Não menos brilhante e para mim a melhor de todas vem Kirsten Dunst. Sua atuação é o que “Melancolia” tem de melhor e o que faz pagar o ingresso.

Piores atuações femininas – René Russo paga mico pela esposa de Odin em “Thor”, mas muito pior é a constrangedora atuação de Demi Moore em “Margin Call – o dia antes do fim”. Só que ainda pior é Freida Pinto, a namorada de James Franco em “Planeta dos Macacos: a origem”. Que casal, amigo. Casal tristeza.


E assim termina o Best Of 2011. É claro que no ano que vem eu continuarei cornetando tudo e todos. Um feliz ano novo aos que me aturaram neste ano. Eu desejo que em 2012 continuem me aturando.

5 comentários:

Anônimo disse...

Arrasou! Muitos hearts pro autor e pra um certo ator de GG presente em “Margin Call – o dia antes do fim”

marcelo alves disse...

O autor agradece os hearts, mas acha que o ator de GG não merece tanto. hahaha
beijo Juliana

marcelo alves disse...

É a primeira vez que este blog recebe um coração. Que emoção. Obrigado pelo carinho.
beijo,
marcelo

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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