segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Best Of 2012 - Cinema

Michael Fassbender em "Shame"
Depois de analisar (cornetar né, vamos ser honestos), os melhores shows do ano, chegou a hora de me debruçar sobre a produção cinematográfica de 2012. Muitos filmes bons foram lançados, alguns muito bons, ótimos eu diria, mas nenhum nota 11, daqueles incríveis. Pelo menos dos que eu vi.

O critério aqui é apenas o de filmes assistidos em uma sala de cinema. Com essa única regra debaixo do braço, observei 69 dos 293 filmes lançados ao longo do ano e cheguei ao top-10 e aos campeões de outras categorias mais sérias e outras pitorescas, pois não seria a lista de Memórias da Alcova se não tivesse algum prêmio “diferenciado”.

Neste ano também temos duas novidades. O prêmio de melhor filme argentino e o prêmio de melhor filme baseado em quadrinhos. O primeiro porque a produção argentina merece ter a mesma deferência dos meus favoritos franceses, pois tem sido sempre muito boa. O segundo porque estava na hora dos caça-níqueis de Hollywood com franquias intermináveis e algumas produções muito boas e outras tétricas terem um prêmio à parte. Afinal, o signatário sempre foi fã de quadrinhos.

Dito isto, vamos começar pelos dez melhores filmes do ano. Mais uma vez foi um desafio hercúleo chegar à lista final. No primeiro corte, tive 22 opções. Era preciso terminar com dez. Logo, ficaram de fora alguns bons filmes como “O homem que mudou o jogo”, “Um método perigoso”, “Na Estrada” e “Na terra do amor e do ódio”.

“A invenção de Hugo Cabret”, a homenagem ao cinema feita por Martin Scorsese, um bom Ken Loach com “Rota Irlandesa” e o vencedor do Oscar, “O Artista”, foram cortes duros. Assim como o divertido “Habemus Papam” e “Sete dias com Marilyn”. Mas Memórias da Alcova é cruel, implacável e precisava chegar ao top-10. Com isso, ele ficou assim:

10º lugar – “A separação” – O filme iraniano de Asghar Fardhadi dividiu meus amigos. Tenho alguns que vão atirar pedras em mim quando lerem isso. Mas eu só tenho elogios a fazer sobre a história de um casal de classe média do Irã que quer se separar porque o pai gostaria de deixar o país. A mãe discorda e a partir daí uma série de conflitos têm início, todos esbarram em convenções e leis locais. É um filmaço com roteiro primoroso. Ok, podem me apedrejar.

9º lugar – “Infância Clandestina” – Um dos melhores filmes argentinos de 2012, "Infância Clandestina" conta a história de uma criança filha de uma família de guerrilheiros na Argentina em meio à ditadura militar. O menino é doutrinado dentro das ideias dos país, mas ao mesmo tempo sofre por não poder ter uma vida normal como a de qualquer criança.

8º lugar – “A negociação” – No ano passado, tivemos “Margin Call – o dia antes do fim”. O filmaço sobre crise econômica deste ano é este “A negociação”. Melhor trabalho com Richard Gere em destaque desde “O Chacal” (1997), conta a história de Robert Miller, um empresário que está vendendo a sua empresa cheia de papéis fraudulentos e precisa acobertar um crime, a morte de sua amante a quem ele recusou socorro, para não ser preso e não ver o negócio desfeito. Gere está excelente no papel. De fazer Michael Douglas, ou melhor, Gordon Gekko, aplaudir de pé as suas tramoias.

7º lugar – “Millenium – Os homens que não amavam as mulheres” – Baseado na obra do escritor Stieg Larsson, o filme dirigido por David Fincher, que retrata o primeiro livro da série, é daqueles que você pode dizer que é melhor do que o original feito pelos suecos. Bom roteiro e boas atuações de Daniel Craig, Rooney Mara, que concorreu ao Oscar, e Stellan Skarsgard garantem ao filme um lugar entre os melhores de 2012.

6º lugar – “O espião que sabia demais” – Aqui temos mais uma obra baseada em um livro. Nesse caso, de John Le Carré. Um dos grandes filmes de espionagem do ano com uma atuação primorosa de Gary Oldman seguida por outras muito boas de Ciaran Hinds e Colin Firth. Filme cheio de reviravoltas e complexidades revelando um mundo de espionagem menos glamoroso que o de 007 e mais sujo e duramente intenso.

5º lugar – “Drive” – Muitas listas esqueceram de "Drive", filme que estreou lá no início deste ano e foi um dos melhores da temporada. É estrelado por Ryan Gosling, mas quem rouba a cena é Albert Brooks como um chefão mafioso. Cru, seco, economiza nos diálogos e foca mais nas expressões e nas imagens para contar a história de um motorista que de dia é mecânico e à noite auxilia bandidos a fugirem dos locais dos crimes.

Affleck e Allan Arkin em "Argo"
4º lugar – “Argo” – A melhor coisa que Ben Affleck já fez se chama “Argo”. O trabalho dirigido pelo ator é um filmaço que conta a história de um agente da CIA que recruta uns colegas de Hollywood para criar um filme falso e conseguir resgatar seis americanos do Irã. Alan Arkin e John Goodman estão impagáveis no filme e Affleck tem a sua melhor atuação na vida aqui.

3º lugar – “As Palavras” – Esse filme recebeu pouca atenção por aqui, está em cartaz em pouquíssimos cinemas, mas é uma pérola a ser assistida. Filme com a literatura como pano de fundo que te deixa refletindo sobre se os acontecimentos descritos foram reais ou não. E ainda tem uma interpretação incrível de Jeremy Irons.

2º lugar – “Cosmópolis” – Eu sou um fã da obra de David Cronenberg. Neste ano, ele veio com dois filmes muito bons. Um não entrou no top 10, caso de “Um método perigoso”, que conta a história da relação entre Freud e Jung a partir do tratamento de Sabine Spielrein, que viria a ser amante de Jung. “Cosmópolis” é ainda melhor. Pessimista, niilista, calcado na crise e com vários subtextos, conta a história de um milionário vivido por Robert Pattinson que faz tudo (tudo mesmo) de dentro da sua limusine e vive uma vida sem sentido, sem prazeres verdadeiros, sem um norte. A partir dele, Cronenberg faz um ensaio niilista sobre o capitalismo e desemboca numa cena final em que brilha intensamente o talento de Paul Giamatti.

1º lugar – “Shame” – Foi uma decisão dura de tomar, pois gostava muito de “Cosmópolis”, mas “Shame” também foi arrebatador. Um filme sensacional estrelado por Michael Fassbender sobre um homem viciado em sexo e infeliz que vive uma torrente de prazer e autotortura até mergulhar no fundo do poço. Um homem que tem uma relação conflituosa com a irmã e os dois vão precisar se unir para cuidar um do outro e se reerguer de uma vida de dor e desesperança. “Shame” é só o segundo filme de Steve McQueen, mas uma daquelas obras que marcam quem vê. Portanto, merece o título de Memórias da Alcova de melhor de 2012.

Piores filmes – Como nem tudo foram flores em 2012, ai vai a lista das cinco bombas do ano.

5º lugar – “J.Edgar” – A biografia do ex-diretor do FBI, J. Edgar Hoover prometia. Era dirigida por Clint Eastwood e estrelada por Leonardo di Caprio. Mas a dupla não deu liga e o que se vê na tela é um dos piores filmes de Eastwood e uma das piores atuações de Di Caprio. Padrão “Titanic” de falta de qualidade. Roteiro fraco, direção preguiçosa e um ator principal caricato. Fuja dele nas locadoras.

4º lugar – “L’Apollonide – os amores da casa de tolerância” – Filmezinho francês bem fraco escrito e dirigido por Bertrand Bonello sobre a história de um prostíbulo. Um soft porn lamentável.

3º lugar – “Motoqueiro Fantasma – espírito de vingança” – Ator promissor há algumas décadas, Nicolas Cage hoje erra muito mais do que acerta e tem sido um habitué das listas de piores de qualquer coisa. O primeiro filme do Motoqueiro Fantasma já era horroroso. Aqui, ele conseguiu piorar na sequência em um dos trabalhos mais constrangedores de 2012. É o prêmio vergonha alheia do ano.

2º lugar – “Cavalo de Guerra” – É bom que “Lincoln”, o filme sobre o ex-presidente americano Abraham Lincoln que estreia no ano que vem, seja muito bom para que Steven Spielberg possa compensar o filme lamentável que ele nos apresentou em 2012. Pior filme já feito pelo diretor americano, é um manancial de clichês de fazer inveja às novelas mais lamuriosas. “Cavalo de Guerra” é mais um filme na categoria “fuja dele nas locadoras”.

1º lugar – “Branca de neve e o caçador” – Em 2012 rolou uma ondinha de clássicos infantis revistos. A Branca de Neve teve dois. Um chamado “Espelho, espelho meu” com Julia Roberts que infelizmente (ou será felizmente?) não vi. O outro era este estrelado pela onipresente Kristen Stewart. A mocinha da saga “Crepúsculo” não evoluiu como o namorado, que fez o ótimo “Cosmópolis”, e ainda me faz uma branca de neve com direito a momentos dignos de comerciais de shampoo. De quebra ela ainda contagia Charlize Theron em uma atuação patética e transforma o Thor Chris Hemsworth num caçador daqueles infanto-juvenis. “Branca de neve e o caçador” é definitivamente a bomba do ano.

A decepção do ano – Clint Eastwood – “Prometheus” prometia muito e não deu em nada. “O espetacular Homem-Aranha” foi um passo errado em uma franquia que estava dando certo, mas ninguém foi mais decepcionante em 2012 do que Clint Eastwood. Sou fã do diretor, mas ele pisou na bola com “J.Edgar” e ainda atuou em um filme pra lá de meia-boca chamado “Curvas da vida”. O filme tem até umas boas sacadas, mas o saldo final é lamentável.

Tom Hardy no papel de Forrest Bondurant
O herói do ano – Esqueça 007, os heróis dos Vingadores ou mesmo Sherlock Holmes, Ninguém é páreo para o aparentemente imbatível Forrest Bondurant (Tom Hardy). Irmão mais casca grossa dos Bondurant, ele é esfaqueado, tem a garganta cortada, leva tiro e nunca morre em “Os Infratores”, filme que conta a história real dos irmãos Bondurant, gângsteres que sobreviviam da venda ilegal de bebidas alcoólicas nos Estados Unidos da lei seca nos anos 20. Forrest é durão, tímido, mas ao mesmo tempo cortês com a mulher que ama. É aparentemente imortal, mas como todo herói tem seu ponto fraco. Sobrevive a tudo e a todos. Menos a uma pneumonia. Acontece. Nada que o impeça de ser o herói de 2012.

O vilão do ano – Se “007 – Operação Skyfall” tem algo de bom (e ele tem várias virtudes) é o de ter um dos melhores vilões que James Bond já enfrentou. Méritos de Javier Bardem, que merecia uma indicação ao Oscar só pela cena homoerótica com Daniel Craig durante o filme. O seu Raoul Silva é sádico, perverso, carente, cruel, freudiano, tem a complexidade dos grandes vilões que amamos odiar.

Jessica Chastain, a musa de 2012
A musa do ano – Minha categoria favorita. É uma grande responsabilidade suceder Cecile de France, a musa do ano passado, e entrar para o seleto grupo composto por Sharon Stone (2006), Eva Mendes (2007), Penelope Cruz (2008), Kate Winslet (2009) e Anna Mouglalis (2010).

Minhas eternas musas, Scarlett Johansson, maravilhosamente ruiva nos “Vingadores”, e Eva Green, absolutamente linda em “Sombras da noite”, estavam mais uma vez na minha pré-lista. Mas elas não mostraram todo o seu potencial nestes filmes. Tem ainda Rooney Mara, a Lisbeth Salander em “Millenium – os homens que não amavam as mulheres”. Como não amar, Rooney Mara? Mas não era a vez dela.

Kate Winslet quase leva o bicampeonato por “Deus da Carnificina” e Audrey Tautou quase leva o prêmio, que estava na Bélgica, de volta para a França. Eu gosto de francesas. E ainda tinha Martina Gusman e Amy Adams.

Mas para mim nenhuma delas foi mais bela que Jessica Chastain. A atriz americana de 35 anos estava em “Histórias Cruzadas”, filme que ganhou um Oscar e concorreu a outros quatro. Mas Jessica me conquistou mesmo pelo seu papel em “Os Infratores”. Ela vive uma ex-prostituta que é acolhida pelos irmãos Bondurant e acaba tendo um papel fundamental salvando a vida de Forrest, o mais durão dos três, com quem se casará no fim. Jessica merece todas as glórias pelo seu trabalho e também por ser incrivelmente linda.

Erika e Lara se conhecendo melhor
A melhor cena de sexo – Eu tenho um modelo padrão. E por mais que Rooney Mara e Daniel Craig tenham esquentado a tela em “Millenium – os homens que não amavam as mulheres”, como ignorar a cena envolvendo Nathalia Dill e Livia de Bueno em “Paraísos Artificiais”? Não tem jeito. O signatário deste blog é um homem e não tem como ficar alheio a isso. A propósito, “Paraísos Artificiais” é um bom filme.

A melhor cena de briga – Se tem uma coisa que “Sherlock Holmes: o jogo das sombras” tem de bom são as cenas de combate envolvendo Holmes (Robert Downey Jr.) e Watson (Jude Law) contra uma série de vilões, capangas, vagabundos e todos os membros possíveis do submundo da Londres do século XIX. Então, o filme inteiro, que é inferior ao primeiro, mas tem seus momentos, fica com o título de melhor cena de briga. Sem esquecer, é claro, a batalha mental de xadrez envolvendo Holmes e o professor Moriarty (Jared Harris).

O retorno do ano – O James Bond de Daniel Craig vinha maltratando os fãs, mas o seu retorno ao smoking do agente secreto de sua majestade em “Skyfall” tinha algo de novo: a tradição dos velhos filmes em incontáveis citações durante a película. A volta desse respeito fez de “Skyfall” o melhor filme de Craig no papel de Bond. Esperamos que ele siga nesse ritmo de acertos.

"Os Intocáveis"
O filme francês do ano“Intocáveis” – Gostei de “A delicadeza do amor”, mas esta é uma categoria que “Intocáveis” é pule de dez. O filme de Olivier Nakache e Eric Toledano é uma belíssima história sobre dois sujeitos – um milionário tetraplégico e um senegalês desajustado e cheio de problemas que vive na periferia de Paris - que desenvolvem uma bonita amizade cuidando um do outro. É uma linda história real.

O filme argentino do ano – Quando criei esta categoria pensei que seria uma espécie de prêmio Ricardo Darín. E ele fez dois bons filmes que passaram aqui: “A dançarina e o ladrão”, embora este seja espanhol, e “Elefante Branco”. Mas o melhor argentino vai mesmo para “Infância Clandestina” por todos os motivos que o colocaram na lista dos dez melhores.

O filme brasileiro do ano – “Paraísos Artificiais” é muito bom, “Xingu” também, mas vou dar um título ao Botafogo (juro que não é provocação). “Heleno” foi um dos melhores filmes que eu já vi sobre futebol. E ainda conta com a ótima atuação de Rodrigo Santoro no papel do ex-jogador Heleno de Freitas, um ídolo dos tempos românticos do bom e velho esporte bretão.

O filme baseado em quadrinhos do ano – “Os Vingadores” é um dos melhores filmes do gênero já feitos no cinema. Entra na mesma categoria de trabalhos como “X-Men”, “Watchmen” e “Batman – O cavaleiro das trevas”. A reunião dos heróis mais famosos da Marvel tem diálogos divertidos, bom humor, sarcasmo, efeitos especiais na medida certa e ótimas atuações de Robert Downey Jr (Homem de Ferro), o grande nome do filme, e Mark Ruffalo, que faz o melhor de todos os Hulks.

Os melhores roteiros – Gosto do trabalho de Asghar Farhadi em “A separação”, Steven Zaillian em “Millenium – os homens que não amavam as mulheres” e Michel Hazanavicius fez um trabalho mágico em “O Artista”. Steve McQueen e Abi Morgan por “Shame” e Hossein Amini por “Drive” também merecem ser citados assim como o divertido roteiro de Nanni Moretti em “Habemus Papam” e o trabalho de Olivier Nakache e Eric Toledano em “Intocáveis”. “Infância Clandestina” e “A negociação” também são muito bons, mas eu gosto de roteiros que me surpreendam e que me envolvam numa teia em que é preciso refletir para sair dela. E esta é uma característica de dois dos meus três favoritos do ano. O terceiro melhor é o de Chris Terrio por “Argo”. E todos os elogios ao filme já foram aqui feitos. O segundo melhor fica para o intrincado “O espião que sabia demais”. Mas nada me deixou mais boquiaberto do que o que eu vi em “As Palavras”. Até hoje não tenho algumas respostas na minha cabeça por conta do trabalho de Brian Klugman e Lee Sternthal.

Os piores roteiros – “Branca de Neve e o caçador” e “Cavalo de Guerra” são filmes de com histórias terrivelmente ruins e mal contadas. Dustin Lance Black também erra tudo em “J.Edgar”, mas eu vou escolher como o pior de 2012 uma boa ideia que não foi bem desenvolvida. Essa foi a impressão que o trabalho de John Spaihts e Damon Lindelof me passaram em “Prometheus”. Não é a toa que um dos roteiristas é criador do seriado “Lost”, que começou muito bem e terminou muito mal. “Prometheus” não tem nem um bom início. É uma ideia boa que não foi bem executada.

Os melhores diretores – Walter Salles merece um crédito, pois o seu “Na Estrada” é uma ótima adaptação do livro de Jack Kerouc. Michel Hazanavicius fez de um filme mudo uma história tocante e David Fincher mostrou toda a sua qualidade em “Millenium – os homens que não amavam as mulheres”. E não posso deixar de citar Simon Curtis por “Sete dias com Marilyn”, Steve McQueen por “Shame” e Tomas Alfredson por “O espião que sabia demais”. Mas os meus três favoritos são, em ordem decrescente, Martin Scorsese por “A invenção de Hugo Cabret”, Ben Affleck (quem diria!) por Argo e David Cronenberg por “Cosmópolis”.

Os piores diretores – Este ano de 2012 foi muito errado. Se Ben Affleck aparece na minha lista de melhores diretores, alguns titãs surgem na lista de piores. É o caso de Clint Eastwood por “J.Edgar”. Mas o top 3 do mal tem em terceiro lugar Mark Neveldine e Brian Taylor pela bomba atômica “Motoqueiro Fantasma – espírito de vingança”, em segundo Steven Spielberg pelo seu patético “Cavalo de Guerra” e o campeão, o filme mais xexelento de 2012, “Branca de Neve e o caçador” e seu diretor Rupert Sanders.

Melhores atuações masculinas – Richard Gere merece todas as homenagens pelo seu trabalho em “A negociação”, mas ele não está no meu top 3. Foi um ano de alguns coadjuvantes que brilharam mais do que os próprios atores principais como Paul Giamatti na sua curta, mas marcante participação em “Cosmópolis”, Albert Brooks em “Drive” e Ernesto Alterio em “Infância Clandestina”. Ricardo Darín também brilhou em “A dançarina e o ladrão” assim como Kenneth Branagh em “Sete dias com Marilyn”. Mas vou ficar com outros três atores. O terceiro melhor é Jeremy Irons e sua participação imprescindível que torna “As Palavras” um filmaço para ser visto e revisto. Um pouco acima, Gary Oldman e sua excelente atuação em “O espião que sabia demais”, além de uma participação marcante em “Os Infratores”. Acima deles, Michael Fassbender. Foi o ano dele. Esteve muito bem como Carl Jung em “Um método perigoso”, foi um dos poucos a se salvar em “Prometheus” e teve aquele que é o papel da sua vida até aqui em “Shame”.

Piores atuações masculinas – O que dizer de Nicolas Cage envergonhando os fãs dele e do Motoqueiro Fantasma em “Motoqueiro Fantasma – espírito de vingança”? Só que ele não foi pior do que Leonardo di Caprio em “J.Edgar”.

Michelle Williams encarnando Marilyn
Melhores atuações femininas – Viola Davis e Octavia Spencer são a razão de ser de “Histórias Cruzadas”. O mesmo vale para Meryl Streep e sua Margaret Tatcher em “A dama de ferro”. Mas foi Michelle Williams a mais impressionante das que eu vi. Ela praticamente encarnou Marilyn Monroe para fazer o filme “Sete dias com Marilyn”. Não é a toa que foi indicada ao Oscar pelo papel.

Piores atuações femininas – Se eu disse que o ano foi positivamente de Michael Fassbender, o ano também foi de Kristen Stewart. Negativamente falando, é claro. E não falo nem pelos filmes “Crepúsculo”, que continuo sem paciência e disposição para ver. Mas Kristen conseguiu ser inferior a um poste em “Na Estrada”. Zero sedução em uma personagem que deveria ter alguma sensualidade. Ainda bem que não comprometeu a qualidade da película. Mas o que dizer dos seus momentos “comercial de shampoo” em "Branca de Neve e o caçador”? Kristen realmente é muito fraca e reina absoluta entre as piores atrizes de 2012. Não tem como tirar esse título dela.

E assim termina o Best Of 2012. É claro que ano que vem eu vou continuar cornetando tudo e todos. Um feliz ano novo aos que me aturaram neste ano. Continuem assim em 2013.

Best Of 2012 - Música

Roger Waters e seu muro/Divulgação
Fim de ano. Enquanto você ai contabiliza rabanadas degustadas, Memórias da Alcova pensa na retrospectiva de 2012, o já consagrado “Best Of”. Dividi tudo em dois posts sobre os meus assuntos prediletos aqui no blog.

Neste aqui, abordo os melhores shows do ano e o pior, a grande bomba de 2012. Foram 16 concertos, bem menos do que em 2011, ano de Rock in Rio (e ano que vem tem mais!), mas ainda assim teve muita coisa boa. E algumas tragédias.

Foi um ano de alguns bons shows que ficaram fora da minha lista final como o de Morrissey, em março, na Fundição Progresso. O cantor inglês quase entrou na minha lista, mas foi suplantado por outro colega da terra da rainha. Fica com um honroso sexto lugar. Robert Plant também fez um show muito interessante em outubro enquanto um mês antes Alanis Morissette apresentou o seu novo show do disco “Havoc and bright light”.

Mas os dois também ficaram fora da lista final. E sem mais delongas, vamos a ela. Aí vão os cinco melhores shows de 2012 em ordem decrescente.

5º lugar – Noel Gallagher’s High Flying Birds – Uma das cabeças pensantes do extinto Oasis, o irmão mais velho de Liam veio aqui em maio, seis meses depois de Liam e seu Beady Eye, e mostrou que o seu High Flying Birds tem mais a dar do que a banda do irmão. Um disco melhor, um show melhor e que empolgou a galera com algumas canções do Oasis, algo que Liam não quis fazer. Deixou o Rio com a sensação de dever cumprido.

Os Titãs no Circo Voador/Marcelo Alves
4º lugar – Titãs – No mesmo mês de maio, Os Titãs foram até o Circo Voador para uma sessão nostalgia. O show dos 25 anos do lançamento do disco “Cabeça Dinossauro”, um dos mais clássicos da banda, foi o melhor concerto nacional de 2012. No mesmo dia foi gravado um DVD que será lançado pela banda. Na Lapa, os Titãs tocaram o disco na íntegra, mas não deixaram de fora vários sucessos da banda que vinha das comemorações de 30 anos de estrada. Agora já são 31 de carreira e 26 do “Cabeça Dinossauro”.

3º lugar – Kiss – Esqueça o show de três anos atrás, quando a banda veio ao Brasil na celebração dos seus 35 anos e foi prejudicada pelo temporal que caiu na praça da Apoteose. O Kiss voltou ao Rio pra o lançamento do disco “Monster” e agora num lugar fechado, o HSBC Arena, mostrou todo o seu arsenal que vai além de bons rocks como “Detroit Rock City” e “Rock and Roll all nite”. O show de novembro foi muito melhor do que o de 2009 e contou com toda parafernália cênica conhecida, do sangue cenográfico de Gene Simmons, à guitarra que atira de Tommy Thayer e todas as presepadas que adoramos ver o Paul Stanley fazer. Showzaço de primeira.

Joss em um dos melhores shows do ano/Divulgação
2º lugar – Joss Stone – Sim, a cantora americana merece muito o vice-campeonato de 2012. Ela esteve no Brasil também em novembro e cantou três dias antes do Kiss no Citibank Hall. E o que vimos? Uma linda Joss Stone (ela é sempre linda) em excelente forma e lançando o seu novo disco, o “Soul sessions, volume 2”, com uma ótima banda. O show foi especial não apenas pelas boas músicas do presente e do passado, mas também pela emoção e alma com que Joss se entregou no palco a ponto de se emocionar e não conseguir cantar o trecho final de “Right to be wrong”, que fechou o show. Emocionada, ela chorou e ao invés de cantar “so, just leave me alone”, trocou a letra por “so, don’t you ever leave me alone” para emoção dos fãs, que a aplaudiram. Música também é emoção e Joss Stone conquistou a todos com tanta alma e seus pés descalços no palco.

O melhor do ano – Roger Waters – Muitos se esforçaram, alguns foram excelentes, mas ninguém fez um show melhor neste ano do que Roger Waters. Cinco anos depois da turnê do “Darkside of the moon”, o cantor de 69 anos trouxe ao Engenhão um show ainda mais espetacular. A recriação do disco “The Wall” (1979). A ópera-rock idealizada por Waters poderia ser descrita com os mais diferentes adjetivos possíveis. Todos no superlativo, todos descrevendo o show como incrível, fenomenal, espetacular e o que mais você puder imaginar. Tudo é impressionante. Se a música, o disco “The Wall” é reconhecidamente excelente, o show talvez potencialize isso em níveis estratosféricos com todo o seu apuro visual e requinte auditivo. O muro que é construído durante o concerto e depois destruído impressiona. A música é impecável. Tudo é espetacular. Não tinha como Waters não ter sido eleito o melhor de 2012. É um show para ficar eternamente na memória de quem esteve presente.

O pior show do ano – Kristeen Young, a desconhecida cantora do Missouri que abriu para o Morrissey maltratou os nossos ouvidos até a entrada dele no palco, mas vou escolher como pior de 2012 o Viper. A banda paulista abriu para o Kiss em novembro e após o show virei para um colega e perguntei: “Está com problema no show ou o André Matos está com a voz falhando em algumas ocasiões?”. Ele foi taxativo diante da minha sentença. “Ele não está conseguindo cantar”. O Viper estava com a melhor das intenções, fez um barulho que agitou a galera em alguns momentos, mas de onde eu estava só ouvia problemas. Assim, só me resta colocá-los como o pior show que vi em 2012.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Comentários e a seleção do Brasileiro

Fred com a taça do tetra/Photocamera
O Fluminense se arrastou nas últimas três rodadas como um indivíduo que passou as últimas três semanas na night bebendo caipisaquê. Com a natural queda motivação, atenção e tudo o mais que impulsiona um time a conquistar um título, era natural que o tricolor se despedisse do Campeonato Brasileiro com duas derrotas e um empate e sem o tão falado recorde de pontos do São Paulo.

Mas é inegável que embora tenha estacionado nos 77 pontos contra 78 do tricolor paulista campeão em 2006, o Flu sobrou no campeonato e se despediu com méritos com a quarta estrela nacional no peito.

Desde que assumiu a liderança na 22ª rodada, a equipe de Abel Braga não a perdeu jamais apesar da corrida desenfreada do Atlético-MG para encerrar um jejum de 41 anos e da chegada perigosa e constante do Grêmio crescendo na reta final. Mas faltou tanto ao Atlético quanto ao Grêmio o que o Flu tinha de sobra: elenco. Não foram poucas as vezes que o Tricolor venceu sem Deco ou Fred, as duas maiores estrelas da companhia.

Por isso, o título ficou em boas mãos e o Fluminense tem time para brigar pelo pentacampeonato e pelo tão sonhado título da Copa Libertadores em 2013. Precisa apenas de alguns reforços. Principalmente na defesa. Embora ela tenha sido a melhor do torneio com 33 gols sofridos, mesmo número do Grêmio.

Dito isto, vamos ao que interessa. A seleção do Brasileirão de 2011. Óbvio que ela é dominada por Fluminense e Atlético-MG.

Diego Cavalieri, o melhor goleiro/Photocamera
Goleiro: Diego Cavalieri (Fluminense) – Para muitos foi o melhor jogador do campeonato. Diego Cavalieri pegou até pensamento na campanha tricolor. Foram defesas milagrosas e decisivas para que o Flu levasse o seu quarto título nacional. Diego chegou no Flu no ano passado, mas demorou a conquistar a confiança da torcida e a vaga de titular. Quando esteve plenamente adaptado, agarrou a posição e não a largou mais. Foi tão importante que acabou convocado para a seleção brasileira. Foi disparado o melhor goleiro do campeonato.

Lateral-direito – Marcos Rocha (Atlético-MG) – A posição de lateral é um problema no futebol brasileiro, mas Marcos Rocha fez um belo campeonato pelo Atlético e merece figurar na seleção do Brasileiro.

Dupla de zaga – Gum (Fluminense) e Leonardo Silva (Atlético-MG) – A melhor defesa do campeonato tinha que ter pelo menos um representante. E Gum fez um belo campeonato. Falhou como todos, mas no final teve muito mais pontos positivos do que negativos. Ao seu lado outro zagueiro que fez um torneio irretocável. Leonardo Silva foi o melhor jogador de defesa do Atlético e merece estar na seleção.

Lateral-esquerdo: Cortez (São Paulo) – Carlinhos foi o escolhido da CBF, Anderson Pico esteve liderando a disputa pela Bola de Prata da Placar. Isso comprova que a lateral-esquerda não é uma unanimidade. A minha escolha acabou sendo o Cortez, que fez um bom campeonato pelo São Paulo.

Dupla de volantes: Paulinho (Corinthians) e Jean (Fluminense) – O volante do Corinthians foi um dos melhores jogadores do Brasil em 2012. Conquistou a vaga de titular na seleção brasileira e comandou o time paulista na Libertadores. Mas aqui o papo é Campeonato Brasileiro, certo? Sim, e Paulinho foi um dos destaques mesmo em um Corinthians que pouco fez no torneio, usado apenas como preparação para a disputa do Mundial deste mês. Já Jean foi responsável por arrumar o meio-campo do Fluminense. Defende muito bem, tem bom passe e sabe ir à frente. Foi um ajudante de luxo para Deco e Thiago Neves e fundamental na conquista do título tricolor.

Ronaldinho, destaque do Galo/Divulgação/Atlético
Dupla de meias: Bernard (Atlético-MG) e Ronaldinho (Atlético-MG) – Os dois jogadores do Atlético foram os principais responsáveis pela bela campanha do Galo no campeonato. Bernard foi a grande revelação do Brasileiro e Ronaldinho voltou a jogar muito bem depois que se transferiu do Flamengo para o clube mineiro. Foi a liderança técnica que conduziu o Atlético ao vice-campeonato.

Atacantes: Fred (Fluminense) e Wellington Nem (Fluminense) – A dupla de ataque tricolor merece desbancar Neymar, ainda que o atacante do Santos seja o melhor jogador do Brasil. Fred foi o artilheiro da competição com 20 gols e o craque do Campeonato Brasileiro com gols decisivos que ajudaram a garantir o tetra. Ao seu lado, Wellington Nem, que ganhou da torcida o apelido de “Messi de Xerém”, fez uma parceria incrível com o centroavante e foi decisivo na campanha tricolor.

Wellington Nem, decisivo no Flu/Photocamera
Técnico: Cuca (Atlético-MG) – Abel foi comandante do time campeão e Vanderlei Luxemburgo recuperou o prestígio com a ótima campanha do Grêmio, mas vou fazer uma opção pelo técnico que fez um time jogar um futebol mais envolvente e vistoso. Cuca é o nome. Responsável por fazer o Atlético voltar a brigar pelo título, o treinador armou um time que em alguns momentos do torneio dava gosto de ver jogar. Só falta mesmo ao técnico um título de expressão. Mas talvez ele esteja perto disso.

Concluindo – Então a seleção do campeonato ficou assim: Diego Cavalieri (Fluminense), Marcos Rocha (Atlético-MG), Gum (Fluminense), Leonardo Silva (Atlético-MG) e Cortez (São Paulo); Paulinho (Corinthians), Jean (Fluminense), Bernard (Atlético-MG) e Ronaldinho (Atlético-MG); Fred (Fluminense) e Wellington Nem (Fluminense). Técnico: Cuca (Atlético-MG). Em relação ao time do ano passado, permaneceram quatro jogadores: Cortez, Paulinho, Ronaldinho e Fred.