domingo, 31 de dezembro de 2017

Os melhores e os piores filmes de 2017

Em 2017 eu falei mal e cornetei um monte de filme. E prometo fazer o mesmo em 2018. Mas para mostrar que eu também sou fofo, encerro o ano com a lista abaixo que comprova que eu também distribui muitos elogios. 
Senhoras e senhores, vamos aos 30 melhores filmes de 2017 do Corneta Ballon D’or Awards:
1º lugar - Dunkirk (ING, HOL, FRA e EUA). Diretor: Christopher Nolan.

2º- Moonlight (EUA). Diretor: Barry Jenkins.
3º- A qualquer custo (Hell or High Water, EUA). Diretor: David Mackenzie.
4º- Blade Runner 2049 (EUA, ING, HUN e CAN). Diretor: Dennis Villeneuve.
5º- Fragmentado (Split, JAP e EUA). Diretor: M. Night Shyamalan. 
6º- Mother! (EUA). Diretor: Darren Aronofsky. 
7º- Frantz (FRA e ALE). Diretor: François Ozon.
8º- Logan (CAN, AUS, EUA). Diretor: James Mangold.
9º- A paixão de Van Gogh (Loving Vincent, ING e POL). Diretores: Dorota Kobiela e Hugh Welchman. 
10°- Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake, ING, FRA, BEL). Diretor: Ken Loach.
11º- O cidadão ilustre (El ciudadano ilustre, ARG e ESP). Diretores: Gastón Duprat e Mariano Cohn.
12º- Neve Negra (Nieve Negra, ARG e ESP). Diretor: Martin Hodara. 
13º- Paterson (EUA, FRA e ALE). Diretor: Jim Jarmusch. 
14º- Animais Noturnos (Nocturnal Animals, EUA). Diretor: Tom Ford. 
15º- Baseado em uma história real (D’après une histoire vraie, FRA, BEL, POL). Diretor: Roman Polanski. 
16º - A melhor escolha (Last Flag Flying, EUA). Diretor: Richard Linklater. 
17º- Como nossos pais (BRA). Diretora: Laís Bodanzky. 
18º- Jackie (CHI, FRA, EUA e HKG). Diretor: Pablo Larraín. 
19º- La la Land (EUA, HKG). Diretor: Damien Chazelle. 
20° - Um limite entre nós (Fences, EUA e CAN). Diretor: Denzel Washington. 
21º- Corra! (Get Out, JAP e EUA). Diretor: Jordan Peele. 
22º- Lucky (EUA). Diretor: John Carroll Lynch. 
23º- Monsieur & Madame Adelman (Mr. & Mme Adelman, FRA e BEL). Diretor: Nicolas Bedos. 
24º- Um homem chamado Ove (En man som heter Ove, SUE). Diretor: Hannes Holm. 
25º- Lady Macbeth (ING). Diretor: William Oldroyd. 
26º- De canção em canção (Song to Song, EUA). Diretor: Terrence Malick. 
27º- Mulher Maravilha (Wonder Woman, HKG, CHI e EUA). Diretora: Patty Jenkins. 
28º- T2: Trainspotting (ING). Diretor: Danny Boyle. 
29º- Em ritmo de fuga (Baby Driver, ING e EUA). Diretor: Edgar Wright. 
30°- Fátima (FRA e CAN). Diretor: Philippe Faucon.

Mas espera aí! Eu não posso me despedir de 2017 sem o top-10 do horror. Vamos agora aos piores filmes do ano.
1° lugar - Perdidos em Paris (Paris pieds nus (FRA e BEL). Diretores: Dominique Abel e Fiona Gordon. 

2º- Antes que eu vá (Before I fall, EUA). Diretora: Ry Russo Young. 
3º- A Múmia (The Mummy, CHI, JAP, EUA). Diretor: Alex Kurtzman. 
4º- Cinquenta tons mais escuros (Fifty Shades Darker, EUA e CHI). Diretor: James Foley. 
5º- Polícia Federal - a lei é para todos (BRA). Diretor: Marcelo Antunez.
6º- Baywatch: S.O.S. Malibu (ING, CHI e EUA). Diretor: Seth Gordon. 
7º- Rei Arthur: a lenda da espada (King Arthur: Legend of the sword, EUA). Diretor: Guy Ritchie. 
8º- Assassin’s Creed (EUA, FRA, ING, HKG, TW, MT). Diretor: Justin Kurzel. 
9º- Passageiros (Passangers, EUA). Diretor: Morten Tyldum. 
10°- Tal mãe, tal filha (Telle mère, telle fille, FRA). Diretora: Noémie Saglio.

É isso. Feliz ano novo aos amigos. Semana que vem começa a temporada do Oscar. :) :)

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Mais do mesmo de Woody Allen

Kate Winslet está muito bem no papel
Woody Allen é uma instituição. Amado por muita gente, ele costuma ser daqueles tipos que se usa a arrogante frase: “um filme ruim de fulano é melhor do que muita coisa por aí”. Como se ele pudesse ter privilégios por conta de sua produção cinematográfica e sua história. E como se tais privilégios fossem relevantes ou necessários para ele. Na verdade, Woody Allen atingiu há algumas décadas um status de que não precisa de elogios e ninguém sendo condescendente com ele. Este é, portanto, apenas mais um texto sobre “Roda Gigante”

Perfeita metáfora de sua carreira cinematográfica recente - por vezes você está por cima, por vezes por baixo - “Roda Gigante” pode ser visto de duas formas sob um mesmo prisma. É um filme nostálgico de um homem com seus recém-completados 82 anos que aposta em interpretações teatrais com uma pegada, ou diria até, um olhar, para os filmes da Hollywood dos anos 40 e 50. 

E isso pode ser bom ou ruim, dependendo do gosto do freguês. Apesar da brilhante interpretação de Kate Winslet, uma grande atriz que brilha em quase todos os projetos que participa, “Roda Gigante” soa particularmente aos meus ouvidos como um filme monocórdico com estilos de interpretação que parecem não caber nos dias atuais. Confesso ser um pouco irritante certos tons histriônicos. Mas isso é um gosto puramente pessoal. 

Se eu tivesse que avaliar a produção recente de Woody Allen dentro da metáfora da roda gigante, diria que o seu mais novo filme está no meio do trajeto. Nem no topo de um “Meia-noite em Paris” (2011) ou “Match Point” (2005), nem lá embaixo de produções como “Magia ao luar” (2014). 

“Roda Gigante” tem méritos. Além de Kate Winslet brilhando solo como Cate Blanchett em “Blue Jasmine” (2013), ao viver uma garçonete de meia idade aspirante a atriz que trabalha num marisqueiro, tem um casamento infeliz com Humpret (Jim Belushi) e se envolve com o salva-vidas do posto 7 de Coney Island, há uma boa participação de Juno Temple, como Caroline, filha de Humpret que está marcada pela máfia e volta para casa depois de denunciar o marido, Frank Damato, para o FBI para encontrar um esconderijo e refazer a vida. 

Mas Justin Timberlake não convence como narrador dessa história e aspirante a escritor e autor teatral, que quebra a quarta parede para conversar com o espectador, mas não diz nada de muito relevante nesta história agridoce com pegada de fábula moral. 

Se nostalgia é a marca do filme, os fãs de “Sopranos” reconheceram dois atores muito queridos. Steve Schirripa e Tony Sirico que faziam Baccala e Paulie na série, vivem justamente dois mafiosos na película de Allen que, embora tenham nomes diferentes, interpretem como os velhos personagens da série da HBO. Até a característica risada do Paulie é usada pelo ator em sua pequena participação. Impossível imaginar que isso não foi de propósito. 

Assim gira a “Roda Gigante” de Woody Allen, um filme que está longe de ser brilhante, mas que pregará com desenvoltura para os já doutrinados. Ainda que ele tenha menos daquele humor característico do diretor. É um trabalho que alinha com “Café Society” (2016) e não é exatamente marcante na filmografia do diretor. 

Cotação da Corneta: nota 7


segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Um Star Wars um pouco decepcionante

Segura essa Força, Rey
A Corneta foi para uma galáxia muito, muito distante, esperando encontrar um filme épico e impecável. Mas saiu da seção de “Star Wars - os últimos Jedi” com a seguinte questão: “Precisava ser tão longo? Até porque, se espremer bem, não dá 30 páginas de roteiro”. Verdades precisam ser ditas sobre esse Star Wars de Rian Johnson. E a primeira delas é: não é um grande filme. A segunda é: Quando Kylo Ren (Adam Driver) tornar-se-á um vilão do padrão de Darth Vader?
Sim, o novo Star Wars é reverente ao cânone. Sim, é emocionante ver o Mark Hamill de volta ao papel de Luke Skywalker, da mesma forma que é muito legal ver o mestre Yoda em versão entidade espírita falando alemão. E não deixa de ter um significado especial cada vez que a saudosa Carrie Fisher aparece na tela. Mas o que de fato acontece neste filme? Pouca coisa.
(ATENÇÃO! CUIDADO, QUE A FORÇA ESTÁ COM OS SPOILERS A PARTIR DE AGORA)
São 2h30 de muitos diálogos pobres, frases retiradas de livros de auto-ajuda (vamos ter esperança, tenha fé, a Força ajuda a quem cedo madruga, etc...), irritantes piadinhas Marvel-style que nada tem a ver com a mitologia de “Star Wars” e uma história que não avança muito, não traz grandes embates e nem se alinha para alguma definição momentânea que seja. O tempo todo, o filme é um 0 a 0 para não ferir suscetibilidades e deixar tudo em suspenso para o episódio XIX. Depois do ótimo “O Despertar da Força”, era preciso mais.
Podemos resumir “Os últimos Jedis” da seguinte maneira: Os rebeldes estão sendo massacrados, o governo imperialista está se dando bem, destruindo os rivais e fazendo as reformas da previdência e trabalhista, tem um monte de libriano indeciso sobre o que quer da vida e vários personagens vivendo momentos em que esticam a corda até o limite, a trilha sonora vai acompanhando, a câmera vai ampliando o zoom e.... nada, absolutamente nada de fato impactante acontece nestes momentos. Ou seja, é aquele filme padrão terraplanagem para o que vem pela frente.
Por outro lado, acredite, ainda assim, “Star Wars: os últimos Jedi” é divertido. Cansativo pela sua longa duração, mas legal. Porque é sempre legal ver as naves se pegando no espaço e porque sempre tem um duelo de sabre de luz maneiro. A da Rey (Daisy Ridley) com o Kylo Ren e os capangas do Snoke (Andy Serkis), que esperamos que não tenha morrido, é excelente. E de fato faltam mais momentos como esse. Além de batalhas mais inspiradas.
O filme começa com uma batalha no espaço em que o Poe Dameron (Oscar Isaac) mostra a sua veia Han Solo de desobediência para destruir um cruzador inimigo. Tudo muito bom, tudo muito bem, só que o partido do governo é mais esperto, saca as táticas dos rebeldes e consegue rastreá-los na velocidade da luz.
Aí é que o buraco vai mais embaixo. A nave mãe dos rebeldes precisa usar um escudo defletor para rebater os ataques dos inimigos. O problema é que isso gasta muito combustível e o posto Ipiranga mais próximo é na Constelação de Tatooine. Ou seja, a general Leia (Carrie Fisher) e a almirante Holdo “Big Little Lies” (Laura Dern) estão correndo o risco de emular o Rubinho Barrichello e ter pane seca.
Enquanto isso, Rey vai em busca do elemento que os rebeldes precisam para tentar virar o jogo. São armas? São exércitos? Não. ESPERANÇA. Então tá né.
Ela se dirige até Dragonstone (opa, série errada). Ela vai até Fernando de Noronha, onde Luke Skywalker curte a sua aposentadoria de uma maneira tão largada que ele nem faz mais a barba.
Rey quer fazer o mestrado em Jedaismo, mas Luke tá desiludido da vida, não acredita mais no amor, acha que a religião que seguia não era isso tudo que o pastor Obi Wan Kenobi dizia e não quer saber mais da Força. Só que mesmo não sendo o He-Man, Rey tem a força. O problema é que o treinamento dado pelo Luke é digno de um professor cansado e que não está muito a fim de dar aula. Ele até começa bem com o lance das pedras, bem senhor Miyagi style, mas não dá muito certo. Rey então resolve terminar o mestrado por conta própria na universidade da vida. Mas ela mexe pedras como poucos.
Ah, mas tem outro problema. Rey tem uma espécie de WhatsApp telepático com o Kylo Ren em que eles ficam tendo uma cansativa DR telecinética forçando cada um a entrar para o partido deles.
- Você tem que vir para o PMDB. Nós somos maioria. Temos mais verba, mais soldados, estamos no poder. Estamos fazendo as reformas que a galáxia precisa para o século XXVIII. Junte-se nós. Vamos governar a galáxia numa chapa conjunta. Juntos somos mais fortes!
- Fala sério, Kylo! Aqui no PSOL somos pequenininhos, temos pouca gente, mas confiamos no nosso trabalho de formiguinhas intergalácticas. Vem pro meu lado. Todos os dirigentes históricos que brilharam na galáxia estão comigo. Seu pai, o Han, era um dos nossos líderes, temos Luke, temos Leia...
- Ih, isso tudo é passado, Rey. Quem vive de passado é museu. Eu sou o presente e o futuro desse governo. O projeto “Acelera Galáxia” vai mudar a vida de todos.
- É, não vai rolar. Pensei que pelo cheiro de tinta aqui estava até pintando um clima entre a gente. Afinal, a gente tinha uma conexão com excelente Wi-Fi. Mas você está com ideias muito erradas. Acho que vou aceitar aquele date do Poe. Sorry, Kylo. Você é muito dark and twisted para mim.

Enquanto isso, o Finn (John Boyega)... o que faz o Finn nesse filme a não ser fracassar, levar uma volta do Benício del Toro e ganhar um beijo da japonesinha? Ah, ele acerta as contas com a chefona do aquário dos stormtroopers. Um duelo que não foi exatamente emocionante.
Até que chegamos ao momento que prometia ser épico. A batalha no planeta sal, onde a meia dúzia de rebeldes que ainda existe tenta sobreviver. Está tudo pronto para ser uma vitória arrasadora do governo. Os caras levaram um canhão da Estrela da Morte e tem milhares de soldados enquanto os rebeldes são tão poucos que cabem numa kombi.
Kylo Paterson não quer saber de poesia e lirismo. Libera o Metallica e grita: “Kill ‘Em all! No mercy!”.
Tudo ia correr bem para o lado negro da força. Mas se isso acontecesse, não teria outro filme. Então surge Luke Skywalker. Andando de boa pelo sal sem qualquer preocupação com a pressão alta. Afinal, Jedis são senhores do equilíbrio.
O mesmo não se pode dizer dos Vader Boys. Kylo fica possesso! Manda descarregar todas as metralhadoras em Luke, que sorri e limpa a poeira do casaco. Aí o Kylo enlouquece. Desce e parte para a porrada. O problema é que ele não é um mestre. Com apenas alguns movimentos de “Matrix”, Luke não se abala e parece até que beberia um cafezinho se estivesse a mão.
Até que ele cansa. Desliga o sabre de luz, pois a bateria devia estar acabando. Kylo vê a chance e ataca com força e vitalidade. Os fãs prendem a respiração e temem pelo pior. Temem pelo mesmo que aconteceu com Han Solo. Temem pelo fim de Luke. O PAVOR nos acomete até a ALMA.
Mas só quem é um Jedi nível master sabe o que é ser um Jedi nível master. Luke vira para o Kylo, a gente, a sociedade e o governo e diz: “Pegadinha do malandro! Glu -glu!”. Foi seu último ato antes de virar poeira lá em Fernando de Noronha e entrar de vez para a categoria das entidades Jedis. Luke não é mais um corpo, mas de repente volta como espírito. Luke, você realmente é alma desse filme.
“Star Wars: os últimos Jedi” podia ter entregue um pouco mais. Mas Rian Johnson tem o mérito de estar clareando o terreno e passando o bastão para uma nova geração de heróis e vilões tornarem-se protagonistas, renovando a saga e mantendo a franquia firme e forte na cultura pop. Naturalmente, como a resistência foi dizimada, é de se esperar que uma nova geração de personagens e heróis apareça no próximo filme, que provavelmente se passará muitos anos à frente. Espera-se que Poe torne-se o líder que Leia gostaria que ele fosse e que Rey passe a treinar uma nova geração de Jedis.
O filme atual não chega a ser brilhante, mas ao menos promete que algo realmente interessante pode vir a acontecer. Pelo menos essa é a minha ESPERANÇA. No fundo, não é sobre isso que “os últimos Jedi” fala?
Cotação da Corneta: nota 6,5.


segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Finalmente, um bom Justiceiro

Sai da frente que Frank quer vingança

Amigos, que golaço da Marvel e da Netflix é esse “Justiceiro”. Voltei a shippar o casal Marflix (ou Netvel é melhor?). A primeira temporada foi tão linda que me deu vontade de catar os meus quadrinhos do Justiceiro lá em casa para reler.
Dito isso, vamos ao que só a Corneta viu.
(E A PARTIR DE AGORA, UM OCEANO ATLÂNTICO DE SPOILERS).
1- Em primeiro lugar, já temos séries suficientes para fazer o ranking Marflix. Rankings são sempre divertidos e causam polêmica. E adoramos polêmica. Vamos a ele:
1- Demolidor - primeira temporada

2- Justiceiro
3- Demolidor - segunda temporada
4- Defensores
5- Jessica Jones

(Baía de Guanabara)
6- Luke Cage
(Grand Canyon)
7- Punho de Ferro (que é uma grande porcaria, né?)
2- A Netflix recuperou o Demolidor depois daquela coisa pavorosa com o Ben Affleck. Recuperou a Elektra depois daquela coisa pífia com a Jennifer Garner e agora recuperou o Justiceiro depois de várias encarnações sofríveis. Alô, Papa Francisco! Já são três milagres. Canoniza!
3- Aliás, diante desse belo trabalho de recuperação dos nossos heróis, deixo aqui o meu pedido. O Motoqueiro Fantasma precisa muito de uma versão digna que nos faça apagar da memória os filmes com o Nicolas Cage. É o único meio possível, já que não existe aquele flash apagador de memória de “Homens de Preto”. Investe nisso aí, Netflix!
4- Jon Bernthal é disparado o melhor Justiceiro da história, mas meu deus, como é um ator canastrão. Tem cada cena de doer os olhos de um shakespeariano convicto. Porém, quando ele veste o colete de kevlar, empunha as suas armas, a faca e vai para a luta, ninguém segura. Que homem!
5- Porém, não aprovamos chameguinhos com Karen Page. Ainda não superamos, na verdade, a morte de Ben Urich, que devia ser sempre O jornalista destas histórias todas. Cadê o Beyonder para ressuscitar o Ben? Acho que ele consegue, hein?
6- Mas entendemos que não dava para usar pela enésima vez a Enfermeira da Noite como elo de ligação entre as séries. Finalmente deram um descanso para a Claire.
7- “Justiceiro” tem vários pontos positivos e até as alterações em relação aos quadrinhos ficaram boas. Foi um bom acerto tratar da questão da guerra e o que ela faz com o soldado. E colocar a história da vingança dele por conta da morte na família numa questão maior envolvendo conspirações da CIA e a atuação do governo americano nas guerras pelo mundo.
8- E gosto muito do violãozinho do tema de abertura. Tanto que eu vi a abertura completa nos 13 episódios.
9- Agente Madani muito badass. Não é qualquer mulher que capota feio com o carro, vai trabalhar no dia seguinte e à noite ainda faz sexo selvagem com o Billy Russo.
10- Amigas, se vocês achavam o Billy Russo gatinho, adeus. Agora é que o buraco vai mais embaixo. Foi lindo demais ver o Frank Castle reconfigurando a cara renascentista do Billy Russo para uma aguardadíssima versão cubista do Retalho. É o famoso Suderj informa: Sai Michelangelo, entra Picasso.
11- Mas nem tudo foram flores na série. Podíamos ter menos momentos tatibitati do tipo: Quem é o agente laranja? Corta para o cara da CIA. Para quem é a metáfora do bode? Corta para o Frank Castle. Não precisa desenhar tanto assim. É uma série, não um programa do Daniel Azulay.
12- Também é boring demais todo o lenga lenga com o Frank e a família do Micro (zzzzzz). Assim como os eternos devaneios do Frank sonhando com a mulher e as crianças falando as mesmas frases. Dava para cortar a metade destas cenas. A gente sabe o quanto ele amava a família.
13- Porra, Frank. Tu vai atrás do cara da CIA e acha que a mansão da CIA não é a prova de balas? Garoteou legal.
14- Só eu achei too much o Frank Castle urrando como se fosse o Hulk esmaga? Eu entendo que a ideia talvez seja mostrar ele liberando os fantasmas do passado, mas isso não ficou exatamente incrível. Também é meio forçado ele usar quatro vezes a tática do “atira logo ou sai do meu caminho que eu não tenho tempo para você”. Uma hora metem uma bala nele.
15- Tinha simpatia pelo Stein. RIP, my friend.
16- Esperava mais do episódio 12, mas achei o Rawlins um panaca filhinho da mamãe que nem merecia o esforço de uma morte no gênero Montanha x Oberyn Martell. Porém, o episódio 13 foi muito bom. A começar pelo Billy detonando seus rivais como quem faz um pão na chapa.
17- Cotação da Corneta: nota 8,5.
18- É isso. Vou ali ver a segunda temporada de “The Crown” é já volto.

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Agatha Christie em Marvel style

Que bigode, amigos!
Os números sempre foram sedutores. No cinema do século XXI, então, eles são moeda de troca natural numa sociedade que só vê o lucro. O sucesso de fórmulas leva a repetições incansáveis. E é essa a sensação que causa ao assistir à nova versão do clássico filme “Assassinato no Expresso do Oriente”

Ao contrário da versão de 1974, o filme atual dirigido e estrelado por Kenneth Branagh transformou-se numa obra digna dos filmes da Marvel, onde piadinhas e traquejos caminham lado a lado com a história. Sua versão do famoso detetive Hercule Poirot, criado pela escritora Agatha Christie, parece um super-herói com superpoderes de dedução e uma imensa capacidade intelectual, muito acima da média, como se fosse um humano que atingisse um estágio de singularidade. Além de um peculiar charme com sotaque belga e a esquisitices de um bigode moldado e irretocável. Afinal, todo super-herói tem características únicas. 

Isso traz consequências. Para o bem e para o mal. “Assassinato no Expresso do Oriente” é um filme agradável de se ver até certo ponto. Tem uma irresistível história do gênero “quem matou fulano?”, com uma dúzia de suspeitos e um detetive a investigar o caso enquanto você se pergunta quem é o assassino. Não deixa de ser uma diversão descompromissada para uma tarde sem grandes anseios. 

Por outro lado, a narrativa tem aquele cheiro de “eu já vi isso dezenas de vezes”. Se até os filmes da Marvel estão cansando, que dirá as cópias que não fazem parte do seu universo cinematográfico. 

Além disso, o Poirot de Branagh guarda enorme semelhança com o Sherlock Holmes vivido por Benedict Cumberbatch na série da BBC. Tem uma certa arrogância, uma inteligência fora do normal, os superpoderes de dedução, manias únicas e até a paixão por uma mulher misteriosa/talvez impossível... A diferença está apenas no charme que Cumberbatch impõe a Holmes. Branagh prefere dar um tom caricatural ao seu Poirot. 

Diretor mais conhecido por suas adaptações de Shakespeare, cujo tom clássico acabou virando uma assinatura própria, Branagh acabou por ter o mérito de sair da sua zona de conforto para construir uma história agridoce para as massas. Há méritos em assumir riscos. E nele, o diretor inglês colhe frutos e maçãs podres no processo. Mas o resultado final é aceitável. 

Fica no ar, porém, que Branagh está apenas começando. Estaria inaugurando uma franquia. O final do filme dá a entender que Poirot ainda voltará em mais alguns filmes. O Expresso do Oriente é apenas o ponto de partida para novas aventuras. 

Cotação da Corneta: nota 6,5


terça-feira, 21 de novembro de 2017

Mulher Maravilha sempre salvando o dia

Cadê o Aquaman, galera?
“Batman vs Superman” foi um erro tão grande que eu nem sei como repetir todos os problemas. Foi uma grande tragédia. Diante disso, a expectativa pelo filme da Liga da Justiça tinha baixado consideravelmente. Talvez por isso eu tenha achado até uma agradável diversão. 

“Liga da Justiça” tem problemas graves, é claro. O primeiro deles é o Ben Affleck jamais me convencer como Batman. Perdoem-me, mas depois de Christian Bale é difícil encontrar alguém que faça um Batman tão bom. E Affleck não consegue superar sequer Michael Keaton. Ele emparelha ali com George Clooney (melhor, mas num filme ruim) e Val Kilmer. 

O segundo problema é o Flash ser um idiota. Cara, por que o Barry Allen precisa ter a alma de um adolescente deslumbrado feito o Homem-Aranha nos Vingadores? Por que ele tem que achar tudo AWESOME como se já não tivesse passado por poucas e boas. Por que ele tem que ser o cara das piadinhas? Lamentável o que fizeram com o Flash.

O terceiro problema é essa brodagem entre o Superman e o Batman. Para piorar, o Bruce Wayne ainda tem sensação de culpa. Tipo, a relação deles não é bem essa. Só falta agora eles voltarem a falar do nome da mãe ser igual. Para piorar, ainda tem essa tensão sexual fake com a Mulher Maravilha. Sai para lá, Bruce que a Mulher Maravilha é meu crush! Você já é rico e poderoso. 

Se a gente releva essas coisas, a “Liga da Justiça” pode ser uma boa diversão. Até porque tem a Mulher Maravilha brilhando as usual. Já são três filmes e a Gal Gadot está sempre roubando a cena. Gosto muito dela nesse personagem. Caiu como uma luva no papel. 

E gosto também do new Aquaman bombado e trabalhado nas tatoos do Jason my sun and stars de Daenerys Momoa. Super entendo quem vier a sentir falta da versão roots louro nórdico e magrelo e seu uniforme laranja e verde. Mas o Aquaman macho alfa não chegou a ser um problema para mim. 

Duro de engolir é o background da história principal. Peraí, quer dizer que um dia na história o povo de Atlantis, as Amazonas da Grécia antiga, os deuses gregos, os alienígenas e a humanidade se uniram para combater uma raça de insetos da dengue alienígenas liderados por um ser bizarro chamado Steppenwolf (Boooooorn to be wiiiiiide)? Então tá. Isso é tão heterogêneo que é tipo as alianças do PT para chegar à presidência do Brasil. Mas é melhor aceitar que dói menos. 

Fato é que o Superman morreu (ou voltou para o seu planeta como um jornal mostra com a foto do David Bowie) e o Steppenwolf (Booooorn to be wiiiiiiide) resolveu ficar saidinho achando que a humanidade estava perdida. 

Ele só não contava que o Batman anda mais sociável e pensando até em dates. Bruce então resolve reunir uma super equipe porque a a coisa está ficando feia e o mundo, ADIVINHEM, pode ser destruído mais uma vez. Nem na Guerra Fria se cogitou destruir tantas vezes o mundo quanto nos filmes da Marvel/DC. 

Bruce acena para o Flash, Diana manda um how you doing para o Cyborg. De repente o Aquaman acha que deve participar e volta para casa só para pegar o seu garfo gigante. Quer dizer, tridente. E logo a equipe está quase completa. Só falta O CARA. 

E aqui, CUIDADO, temos SPOILER. 

Pois é, amigos, o Superman não ia ficar fora dessa festa. Foi ressuscitado mesmo com técnicas mais modernas que as do Cristianismo e veio participar brilhantemente da peleja. Rolou até uma lagriminha aqui quando ele abraçou a mãe. Welcome back, Clark. 

“Liga da Justiça” está longe de ser um filme perfeito. Mas não dá para dizer que não é uma boa diversão. Já é bem melhor que “Batman vs Superman”, por exemplo. Quem sabe a DC não está começando a aprender? 

Enquanto não chega o Liga da Justiça 2, o inimigo agora é Lex Luthor e sua gangue, a Corneta deixa uma nota 7 para a “Liga da Justiça”.


terça-feira, 14 de novembro de 2017

A paixão de Van Gogh

A beleza do trabalho dos diretores de Van Gogh
Depois de mais de um século de indústria cinematográfica, é muito difícil encontrar algum filme que traga algo de original e diferente do que já tenha sido feito. Mas parece-me que os diretores Dorota Kobiela e Hugh Welchman conseguiram esse feito em pleno 2017. Boa parte da beleza de “A paixão de Van Gogh” (Loving Vincent, no original) está na ousadia de sua execução.

Foram cinco anos trabalhando numa cinebiografia diferente de qualquer outra coisa que já tenha sido feita sobre outro artista. “A paixão de Van Gogh” é uma animação toda feita com pintura a óleo e tinta no estilo que consagrou o pintor holandês (infelizmente só) após a sua morte, em 1890, aos 37 anos. Um total de 120 artistas pintaram 65 mil fotogramas utilizando a mesma técnica de Van Gogh para dar vida a esse filme que é de uma beleza ímpar e um deleite para os fãs do pintor.

O objetivo da diretora polonesa e do seu colega inglês era fazer com que as obras de Van Gogh falassem por si, ganhassem vida na tela. Em uma hora e meia, vemos muitas telas e muitas referências aos trabalhos do artista. Vemos personagens reais retratados por ele nos seus quadros ganharem vida e um papel ainda mais relevante do que meros rostos em telas pós-impressionistas.

Mas tratando-se de Van Gogh, o filme não ficaria apenas na ousadia do formato. “A paixão de Van Gogh” também foge do tema tradicional das cinebiografias, que costumam contar a história do artista da infância até a morte. O filme prefere criar uma narrativa detetivesca procurando investigar como o pintor teria falecido.

Oficialmente, Van Gogh, cometeu suicídio ao atirar em si mesmo no dia 27 de julho de 1890. Mas há teorias de que ele poderia ter sido assassinado, por acidente ou não, por René Secretan, um jovem que vivia implicando com o pintor na cidade francesa de Auvers-sur-Oise. O filme resolve explorar isso e as declarações contraditórias de personagens que conviveram com o artista em seus momentos finais na França.

Com isso, a ação se passa justamente um ano depois de sua morte. Na ocasião, uma carta nunca enviada para o seu irmão, Theo Van Gogh, surge nas mãos do jovem Armand Roulin (Douglas Booth), que, antes de enviá-la para a agora viúva de Theo, irmão mais novo de Van Gogh e que morreu seis meses depois do pintor.

Roulin traça a linha de investigação conversando com todas as pessoas que de alguma forma conviveram com Van Gogh em Auvers-sur-Oise. Entre elas, personagens pintados pelo artista, como Marguerite Gache (Saoirse Ronan) e o doutor Gachet (Jerome Flynn, o Bronn de “Game of Thrones”).

Os diretores consideram que surgiram várias declarações contraditórias sobre a morte de Van Gogh, que permaneceria hoje, mais de 100 anos depois, cercada de mistério. A tese do assassinato já havia sido defendida em 2011 pelos biógrafos do escritor Steven Naifeh e Gregory White Smith. E o próprio reconhecimento de René Secretan no fim da vida dizendo que havia atormentado demais o pintor, conhecido por suas psicoses e depressões reforçaram, para os diretores, a tese do potencial assassinato.

Mas a película não toma uma posição. Apresenta os argumentos e deixa em aberto para o espectador pensar sobre qual poderia ter sido o final deste artista genial. O que não deixa de ser uma boa postura.

Embora “A paixão de Van Gogh” tenha sido um filme trabalhoso e que demorou um longo tempo para ser feito, os diretores não pretendem abandonar o estilo de animação pintada que fizeram com este trabalho. Pelo menos por mais um filme. O próximo objetivo de Dorota e Hugh é uma película de terror todo pintado baseado nos trabalhos que Goya fez no fim de sua vida. Desde já estou ansioso pelo resultado dessa nova jornada.

Enquanto ele não chega, “A paixão de Van Gogh” ganhará uma nota 8.

Thor encontra o Ragnarok

Você sabia que tinha essa irmã raivosa, Thor?
A Corneta abandonou o gerúndio, mas jamais deixou de lado a língua afiada. E ela voltou em sua versão internacional para contar um segredo sobre “Thor: Ragnarok”: toda vez que toca a música do Led Zeppelin vem uma cena muito maneira. Então, prestem atenção. Quando o Robert Plant vem com aqueles versos “Valhalla I am coming”, podes crer que o Thor (Chris Hemsworth) vai nos entregar uma pancadaria digna do Deus do Trovão.
Mas “Thor: Ragnarok” não se resume a isso. Podemos dizer que este é o melhor dos três filmes do herói que me fez amar a mesóclise e as segundas pessoas do singular e do plural. Sim, pois muito antes dele virar um fanfarrão nas mãos dos diretores de cinema, Thor era um cara.... bom ele era um pouco fanfarrão também nos quadrinhos, mas tinha um tom solene na voz. Tinha uma vibe de deus no meio dos mortais. O que era justamente o que ele era.
Mas ser o melhor filme não significa grande coisa, é verdade. Embora eu goste bastante do primeiro filme com sua pegada shakespeariana, entendo que ele não caiu exatamente nas graças de público e crítica.
Na terceira aventura, a que narra os acontecimentos da profecia do RAGNAROK, toda a mitologia do Thor entra na fórmula do cinema da Marvel: aventura, piadinhas, algumas boas cenas de combate e um vilão que basicamente quer destruir tudo isso que está aí e, de quebra, dominar o mundo. No caso, Asgard.
Tratar com humor a mitologia nórdica talvez até seja melhor opção, visto que todas as vezes que os americanos meteram as mãos em mitologia ou qualquer coisa sobre o tempo antes de Cristo pareceu tão ridículo quanto novelas da Record. Quem não lembra de “Tróia” (2004), “Alexandre” (2004), “Deuses do Egito” (2016) e outras pérolas de Hollywood?
Mas a pergunta que fica da Corneta é: precisava tratar o Thor com aquele humor físico misto de Jerry Lewis com Trapalhões? Só faltou torta na cara.
“Ragnarok” começa com uma nota triste. Odin (Anthony Hopkins) está partindo para Valhalla e não há nada que Thor e Loki (Tom Hiddleston, sempre maravilhoso neste papel) possam fazer. O problema é que quando um deus vira deus (imagino que depois da morte, ele vire uma divindade eterna, né), sempre tem complicações. Tipo, a saída de cena de Odin libera um monstro. Um belíssimo monstro, sem dúvida, a quem eu me curvaria sem pestanejar.
Estamos falando de Cate Blanchett. Quer dizer, de Hela, a poderosíssima emo fã de Linkin Park DEUSA DA MORTE. Como primogênita de Odin, Hela reclama o trono de ferro (e ouro) de Asgard. E o que as quatro temporadas de “Vikings” nos ensinou é que quando alguém reclama o trono, sai de baixo porque cabeças rolarão e sangue será jorrado em cachoeiras.
Hela quer escravizar, possuir, dominar. Hela é o Christian Grey e quer transformar o universo no seu grande quarto vermelho. Começando por Asgard.
Claro que o Thor terá que impedir isso. Pois é isso que os heróis fazem. O problema é que antes ele precisa passar por uma longa e quase enfadonha viagem pelo planeta Sakkar, espécie de Capital perdida de “Jogos Vorazes”, onde lutará com o Hulk e terá uma DR (soooono) com o monstro verde e o Bruce Banner (Mark Ruffalo). Ah, ele também vai recrutar a última Valquíria (Tessa Thompson) sobrevivente da guerra contra Hela. Uma Valquíria alcoólatra, mas nada que alguém que tenha convivido com Tony Stark não possa lidar.
Mesmo sem o seu inseparável martelo Thor salva o dia (isso não é spoiler, pois os filmes da Marvel são previsíveis) e prepara o seu povo para colonizar um espacinho da Noruega em Midgard (a Terra para os asgardianos). Será que os noruegueses vão receber bem essa leva enorme de imigrantes? Por muito menos, tem gente na Europa gritando. Mas esta é uma resposta que só teremos no próximo Thor. Ou talvez em “Guerra Infinita”, onde o bicho promete pegar feroz.
Antes de ir embora, duas coisas:
1- A cena com o Doutor Estranho é uma das minhas favoritas.
2- Repararam na participação especial do Matt Damon?

Cotação da Corneta: nota 7.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Bush vai para a galera em Lisboa

O Bush no Coliseu. Belo show/Marcelo Alves
No início dos anos 90, o grunge dava as cartas e Seattle parecia a capital do rock. Já no fim desse movimento, surgia na Inglaterra uma banda calcada no jeito de galã de seu vocalista que tinha uma voz grave e rascante que lembrava alguns dos expoentes cantores da cidade americana. Era o Bush que estourava num cenário pós-grunge com seu álbum de estreia, "Sixteen Stone" (1994). 

Desde então, a banda viveu altos e baixos, lançou quatro discos de estúdio e se separou em 2002. Oito anos depois, o vocalista Gavin Rossdale decidiu reativar o Bush, mas sem o guitarrista Nigel Pulsford e o baixista Dave Parsons, que faziam parte da formação original da banda, a mesma que gravou o clássico primeiro álbum. Vieram o guitarrista Chris Traynor e o baixista Corey Britz. Foi com essa formação e mais o baterista original Robin Goodridge que a banda britânica apresentou o show do novo álbum "Black and White Rainbows" (2017), no Coliseu de Lisboa, em Portugal. 

Primeiro disco lançado após um hiato de três anos, o álbum não ganha muito destaque no show da capital portuguesa. Apenas “Nurse” e “Peace-S” são tocadas. Canções, aliás, que não chegam a figurar entre as melhores já feitas pelo grupo. O novo disco só dá as caras na quarta música do show. Antes disso, Gavin amacia a plateia com sucessos do passado como "Everything Zen" e "The Chemichal Between Us". 

A partir daí, a banda alterna sucessos do passado, mais precisamente da primeira fase do grupo, quando viveu o seu auge de popularidade, com canções dos três discos lançados após a volta. Além do atual, há "The Sea of memories" (2011) e "Man on the run" (2014). Naturalmente, é a primeira fase da banda a que arranca mais reações positivas da plateia. Com canções como "Swallowed", "Machinehead" e a grande balada do Bush, “Glycerine”. 

O Bush atual é claramente calcado no carisma e talento de Gavin Rossdale. Os holofotes são todos voltados para ele, as atenções da plateia são todas para ele. Os demais músicos, apenas cuidam bem da cozinha para que Gavin brilhe. E ele não faz por menos ao se entregar de corpo e alma ao espetáculo ao mesmo tempo em que parece estar se divertindo muito no palco.

Gavin cantando no meio da galera/Marcelo Alves
O ponto alto desta entrega acaba sendo na última música da primeira parte do show. Durante "Little Things", o vocalista anda por todo o Coliseu, no meio da galera na pista e também nas arquibancadas no fundo da casa deixando a plateia em êxtase. Se fosse possível fazer uma comparação, é como se o vocalista andasse por uma Fundição Progresso lotada enquanto canta um dos seus sucessos. 

Depois disso, o Bush volta com um bis arrebatador formado por "Machinehead", "The One I Love", "Glycerine" e "Comedown". Um cover do R.E.M. e três clássicos do "Sixteen Stone" para fechar com chave de ouro sua apresentação de 1h45min.


O Bush não toca no Brasil desde 1997, quando fez shows no Rio, São Paulo e Coritiba. Se o novo álbum levar a banda de volta ao país, os fãs brasileiros não vão se arrepender do show. 

Playlist com o set list do show