quarta-feira, 8 de julho de 2009

Uma experiência inédita

Inspirado em Chris McCandless herói trágico e real de “Na Natureza Selvagem” (2007), nos próximos 30 dias em que o signatário deste blog estará de férias de seus afazeres oficiais, estarei explorando novas fronteiras. Meu mergulho na selvagem natureza humana pode ter um quê de aventura burguesa, como já me disseram, mas é uma experiência absolutamente inédita em toda a minha existência.

De onde estiver, se possível for, estarei aqui registrando sob um olhar diferente tudo o que vier a ver e sentir. Sempre (tentando fazer) com um olhar literário como ensinaram meus mestres do new journalism.

Um grande amigo já me perguntou. Vai postar de lá? Inicialmente minha ideia era não. Argumentei que queria me desligar completamente de todas as ferramentas que fizeram parte dos meus trabalhos nos últimos tempos. Ele respondeu: “Você não vai conseguir”. Ele, de certa forma, estava certo.

É por isso que de certa forma já estou me rendendo à minha ideia original. A discussão interna agora é como eu vou registrar. Seja de onde eu estiver.

Enfim, são férias, pero no mucho. Portanto, meus cinco leitores podem esperar novidades. Esteja eu onde estiver.

Despeço-me com a trilha sonora das minhas férias. Steppenwolf com “Born to be wild”.


Atualização do dia 25 de julho:

Sim, como vocês perceberam eu não consegui postar dos lugares em que eu estava. Ainda não sei o que vou fazer com o material escrito, mas prometo novidades ou justificativas para breve.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O Pelé do tênis

Quem gosta de futebol e já viu o filme “Pelé Eterno” sabe que dá uma dor no coração e uma ponta de inveja dos mais velhos constatar que a gente nunca pôde ver o Pelé jogando ao vivo. Mas os apaixonados por esporte da minha geração não têm do que reclamar. Eles viram jogar o Pelé do basquete (Michael Jordan), viram pilotar o Pelé da Fórmula 1 (Michael Schumacher. Ou seria Ayrton Senna?), viram no mar o Pelé do surf (Kelly Slater) e viram nas quadras o Pelé do tênis.

Diante da nata do esporte no All England Tênis Club – gente do naipe de Pete Sampras, Bjorn Borg, Rod Laver, Jimmy Connors e John McEnroe - Roger Federer chega aos 27 anos, 11 de carreira, ao topo do Olimpo do tênis. Ao bater em Wimbledon seu velho freguês (em 21 jogos ele venceu 19), o americano Andy Roddick numa final épica de cinco sets, mais de quatro horas de jogo e um quinto set que terminou em 16 a 14, o suíço atingiu a marca de 15 Grand Slams, como são chamados os quatro principais torneios do circuito.

Dono de um tênis clássico já muito elogiado aqui neste blog, Federer se consagrou na quadra em que ele faturou o seu maior número de Grand Slams. Contando com o deste ano foram seis ao todo (2003-04-05-06-07-09). O suíço, agora de volta ao posto de número 1 do mundo, tem ainda um pentacampeonato do US Open (2004-05-06-07-08), um tri do Australian Open (2004-06-07) e um título no saibro de Roland Garros, sonho realizado neste ano.

É um prazer ver Federer jogando. O suíço hoje é um ídolo mundial do esporte. Todos torcem por ele, alguém que sabe ganhar, e quando perde tem o cavalheirismo de reconhecer a derrota, mas sente a dor dela como quando ele perdeu certa vez (ou melhor, pela enésima vez) para o espanhol Rafael Nadal (outro esportista de primeira linha, diga-se de passagem) num Australian Open, se não me engano, e desabafou dizendo que Deus o estava matando, não conseguindo sequer, em meio aos prantos, cumprir o discurso protocolar das decisões.

Ao superar o americano Pete Sampras como o maior vencedor de Grand Slams da história, o que ainda falta ao suíço? O que ainda pode motivá-lo? Além do desejo de ver o seu filho que está para nascer vê-lo jogar, Federer tem ainda alguns desafios nos talvez quatro ou cinco anos de carreira que ainda lhe restam. Vamos a eles.

Recordista em número de semanas consecutivas no primeiro lugar do ranking com 237, Federer ainda precisa superar Sampras no número de semanas como número 1. O americano encerrou a carreira com 286.

Com 60 títulos na carreira, Federer ainda pode sonhar, embora seja muito difícil superar, com o recorde de títulos de Jimmy Connors que é de 107.

Mas a grande motivação do suíço é fazer o Grand Slam, quando um tenista conquista os quatro principais torneios no mesmo ano. Ele esteve muito perto em três oportunidades: 2004, 2006 e 2007. Mas faltou-lhe vencer Roland Garros, a grande pedra no sapato. No primeiro ano, perdeu para Guga na quarta rodada. Nos outros, foi detonado por Nadal na decisão. Nesse ano, Federer pode conquistar três títulos de novo se vencer o US Open, mas dessa vez lhe faltou o Australian Open, uma vez que foi derrotado por Nadal no início do ano.

Outro desafio é fazer o Golden Grand Slam, quando um tenista além de conquistar os quatro principais torneios fatura a medalha de ouro olímpica. Neste caso, a última chance de Federer será em Londres-2012, justamente em Wimbledon, quando Federer estará com 30 anos. O suíço sempre fracassou nos Jogos e tem apenas um ouro olímpico nas duplas em Pequim no ano passado.

Em Grand Slams, ele não deve superar o recorde de seis troféus de Borg na França, mas estão na sua mira os recordes de Wimbledon e do US Open. Hexa em Wimbledon, ele precisa de mais um título para se igualar aos sete de Sampras. Penta nos Estados Unidos, ele precisa de mais dois troféus para se igualar a Richard D. Sears, campeão entre 1881 e 1887. Além de mais três para se igualar a Roy Emerson no Australian Open.

Trabalhos hercúleos mesmo para um gênio do esporte. Mas é exatamente por isso que os próximos anos do tênis serão muito interessantes de acompanhar. Será a história sendo construída ao vivo.