domingo, 13 de outubro de 2019

Phillips vê o Coringa como uma vítima, quando na verdade ele é o caos

Phoenix brilhante no papel do Coringa
Uma das frases mais reproduzidas do filósofo Jean-Jacques Rousseau é a que diz que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. A sociedade transforma o homem num individuo ruim porque, com o desenvolvimento da civilização, os homens teriam se tornado gananciosos, mesquinhos, avarentos e invejosos, estabelecendo uma desigualdade entre eles e encerrando para sempre a naturalidade humana e, consequentemente, a sua bondade. A ideia presente no “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens”, de 1755, parece ser a base teórica na qual o diretor Todd Phillips se inspirou para levar às telas a sua versão tão particular do Coringa, arqui-inimigo do Batman e que agora ganha um filme solo que procura explorar uma origem para um dos maiores vilões da história dos quadrinhos.

Parar criar a sua versão do vilão, Todd renegou a história conhecida do personagem, ainda que o filme tenha até mais conexões com o universo do Batman e da DC do que se esperava. O que interessa ao diretor, que também escreveu o filme junto com Scott Silver é investigar uma genealogia do mal por trás da mente psicótica de Arthur Fleck, o homem que se transformaria num dos mais perversos, sádicos e cruéis criminosos dos quadrinhos. Essa é a base de “Coringa” (“Joker”, no original).

Há um mérito neste estudo de personagem feito pelo diretor, mas ele também esconde um problema envolvendo o personagem que, queira ou não, tem uma mitologia de oito décadas e alguns filmes construída desde a sua primeira aparição em uma história do Batman em 25 de abril de 1940. Incomoda a tentativa de justificar a maldade do Coringa. O maior problema, aliás, está nessa eterna busca nas duas horas de filme de um “por que?”. Essa tentativa de explorar uma tese sob a lógica de Rousseau de que todo homem nasce bom, mas o meio o deteriora. Ou, parafraseando um trecho de “Bacurau”, mais recente filme de Kléber Mendonça Flho, todo mundo já teve uma mãe.

Funcionaria melhor se fosse um estudo sobre um psicopata fictício qualquer. Mas ao colocar o selo do Coringa no título, há todo um passado que o mostra como alguém que é a essência da maldade e o mensageiro do caos. Que com sua risada sádica pratica o mal simplesmente porque é o que lhe dá prazer. O Coringa não tem explicação. Ele é o mal e o terrorismo em estado bruto. Ou se aproxima mais da máxima do inglês Thomas Hobbes em “O Leviatã”, de 1651, de que o homem é essencialmente mau. 

Contudo, entre Rousseau e Hobbes, o Coringa não ocupa nenhum destes espaços. Ele é o que é com os buracos de ser uma criação. Afinal, ele não é humano e sim um personagem de quadrinhos. E também foi construído sem ter o sentido de humanidade. Até pela loucura causada pelo que se entende ser a sua origem mais conhecida, a queda em um tanque de produtos químicos que o desfigurou e o tornou insano.

Ao longo das décadas após a sua criação, o Coringa foi incorporando ainda mais esse sentimento de falta de humanidade, horror, terrorismo e mensageiro do caos no seu estado mais bruto. Ele é um psicopata que tem uma mente naturalmente doentia e que tem prazer em fazer o mal. Daí a sua risada sádica e apavorante, que tão bem foi construída pelo ator Joaquin Phoenix. Tanto que nos quadrinhos é quem comete alguns dos crimes mais terríveis no universo do Batman, como a morte de Jason Todd, o segundo Robin, e a paraplegia de Barbara Gordon.

Phillips tenta pintar o Coringa como fruto de uma sociedade doentia. Na vida particular, ele tem uma mãe doente que já fora internada no Asilo Arkham, o mesmo asilo onde o Coringa é um morador constante. Que trabalhara para Thomas Wayne, pai do jovem Bruce. Ele próprio já fora internado no Arkham por motivos que o filme não revela. Arthur frequenta uma psicóloga, toma sete remédios diferentes, tem distúrbios neurológicos e ainda apanha da vida em uma Gotham City que é puro caos e desordem. Nesse ponto, aliás, o filme faz uma ponte bem interessante com a série “Gotham” (2014-), que procura contar a história da cidade justamente neste momento em que Bruce é uma criança, não há Batman e Jim Gordon ainda é um policial. 

Estamos, portanto, numa época em que a cidade não tinha o Batman, era infestada de ratos e a criminalidade era galopante e a luz do dia. Arthur aqui é pintado como uma vítima desse caos. Sofre bullying dos colegas, apanha na rua, é humilhado constantemente, não é amado e é frequentemente rejeitado por todos. Phillips tenta dizer que este homem vai explodir a qualquer momento. E nós sabemos disso, pois sabemos quem ele é e no que irá se tornar. E deixa implícito que se a sociedade não cuida de homens como este, eles irão explodir. Toda essa tentativa de justificá-lo é uma visão um pouco equivocada do Coringa.

Acontece que o personagem em sua essência não é vítima. É e sempre foi um vetor do caos. É disseminador da desordem. É o próprio condutor do terror. É no terço final do filme, quando Phoenix já está devidamente transformado neste personagem, que o Coringa é brilhante. 

Num momento em que o mundo vê a ascensão perigosa da extrema-direita em diferentes países, o Coringa virou a personificação do fascismo. Ele é o símbolo de uma Gotham cansada de desmandos e da mentira dos políticos, da corrupção dos policiais, da violência. E surge como o símbolo de mudança pela força desejada por um povo que está cegamente em busca de uma solução rápida para os seus problemas. 

Está não é a primeira vez que o personagem é usado para refletir sobre um estado doentio do mundo. O Coringa de Heath Ledger era um terrorista e foi construído na esteira de uma série de atentados que aconteceram anos antes do filme “Batman – O Cavaleiro das Trevas” (2008). Do 11 de setembro de 2001, quando foram derrubadas as torres gêmeas do World Trade Center, passando por atentados em Madri (2004) e Londres (2005).  

Mas ali, e aqui temos outro problema deste filme, o Coringa era o antagonista. Aqui, não há Batman. Ou qualquer outro contraponto. Bruce Wayne é apenas uma criança e sequer há o comissário Gordon para ser o herói de um filme dominado e domado por um vilão. Há um certo buraco neste ponto que vemos também no filme do “Venom” (2018). A diferença, porém, está na execução. No “Venom” há uma ridícula tentativa de transformá-lo num herói. Em “Coringa”, pelo menos, o personagem está longe de ser um herói. Porém, não há quem o combata, quem apareça com um discurso de que isto que está acontecendo não é correto e expondo os motivos. De fato, o “Coringa” é um voo solo do pensamento anárquico e explosivo de alguém que se sente uma vítima do sistema. E não há quem o defronte.

Com isso, “Coringa” se segura em dois pontos. O primeiro está no fato de ser brilhantemente dirigido. Há uma boa dose de cenas belíssimas, assim como a caracterização dessa Gotham City mergulhada no caos também merece ser elogiada.

O segundo e mais importante ponto é a atuação magnética de seu ator principal. Phoenix é o filme. O seu trabalho para construir o personagem envolveu a perda de 25 kg, o desenvolvimento de feições que evocam uma tristeza e uma maldade assustadoras e de uma risada perturbadora. Ele caminha como uma leveza assustadora no filme enquanto vai se transformando de Arthur em Coringa. Ao mesmo tempo que exibe uma brutalidade crua quando precisa. Suas cenas de dança, seu sorriso desalinhado... tudo evoca o psicopata que o Coringa é. Ele só perde a força justamente quando tenta se justificar. E o discurso no show de Murray (Robert de Niro) é tão ruim que não faz sentido depois de tudo o que ele fez com a mãe, com o ex-colega de trabalho e dias antes no metrô. 

Isso porque o diretor é obsessivo por esse “por que?”. Por que Arthur Fleck transformou-se no Coringa? Essa é a teoria dele. Quando, insisto, o Coringa é o que é porque ele é pura maldade e caos sem justificativas.

A preparação de Phoenix para fazer o personagem não envolveu qualquer mergulho no trabalho original ou mesmo nos filmes em que o personagem foi interpretado por Heath Ledger ou Jack Nicholson, que o interpretou em “Batman” (1989).

- A maneira como ele se move. Há momentos em que dança tão levemente que parece surgir da tristeza do mundo em que vive. É por isso que fui inspirado por Ray Bolger, o espantalho de “O Mágico de Oz” (1939). Adoro o fato de seu personagem brilhar através da dança, música, notas e solfejos. Meu Coringa tem alguns movimentos mecânicos, uma maneira de gesticular e mover a cabeça que denota uma arrogância silenciosa. Muitas vezes combinei dança moderna e música disco: a beleza do Coringa é que é realmente imprevisível. Eu não fui inspirado por nenhum outro Coringa. Mas lembro-me muito bem de Jack Nicholson no Batman de Tim Burton. E o excelente Heath Ledger. Mas eu preferi me preparar sem me referir a nenhum trabalho anterior, nem mesmo quadrinhos ou séries de TV. Eu queria criar o meu Coringa, que foi uma invenção da minha imaginação. Ou da minha loucura. Não é um filme sobre os super-heróis habituais, bandidos e humanos com poderes especiais. Para mim, gostam dos personagens inspirados nos quadrinhos porque têm problemas reais, o mesmo que nós. O Coringa é apenas isso. Um de nós. Ele não tem pai, ele não tem amigos, ele está ansioso e deprimido. O Coringa sofreu trauma e também foi abusado quando criança... Pobre homem... Ele tem todos os problemas deste mundo. Não foi agradável nem fácil entrar na cabeça dele, mas estou orgulhoso de conhecê-lo – disse Phoenix em entrevista à imprensa, ao falar sobre o seu papel.

Percebe-se, portanto, a tentativa no mínimo complicada de humanizar o personagem. Ainda que seja fantástico, diria até soberbo, o trabalho de Phoenix, não apenas pela forma como ele entrou fisicamente, mas também na psicologia do personagem.

Esquecendo os problemas/defeitos/contradições, “Coringa” chega até a ser um bom filme. Falha sim como ensaio sobre a genealogia do mal, mas compensa no trabalho de Phoenix. Ele é a razão da existência do filme. E tem seus melhores momentos quando sai da tentativa de justificar e emula o legado de Ledger. Ali é quando eu fiquei mais interessado em ver um embate com o futuro Batman de Robert Pattinson. 

Phoenix nos entregou uma versão muito boa do Coringa. O que lhe falta, porém, é o freio, o elemento que antagonize o seu discurso. Falta-lhe o Batman, pois o Coringa nunca existiu sem o seu adversário. E vice-versa. E é neste ponto que a construção de Ledger leva vantagem. O Coringa de Ledger tem mais força e um propósito maior, tem um rival e não é um pobre coitado que se desviou porque a vida não lhe sorriu. É claro que ele se passa em outro momento histórico. Mas sua atuação é tão marcante que há pelo menos duas referências ao seu personagem no filme de Phillips. 

As questões que ficam agora é: que papel terá este Coringa no universo cinematográfico da DC? O veremos já no novo Batman previsto para 2021? Ele terá um papel maior como vilão dos heróis da Liga da Justiça? Ou tudo se resumirá a este filme. Seria triste, porém, se esta última opção fosse a escolhida. O Coringa de Phoenix tem espaço para brilhar até melhor nas telas quando encontrar um adversário para ele.  


Cotação da Corneta: nota 8

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Rock in Rio 2019 - sétimo dia

O zumbi do Muse
Acabou! Infelizmente o Rock in Rio acabou. Mas também é muito bom saber que agora eu só volto para a Barra da Tijuca em 2021.
Mas a edição 2019 da Corneta musical não vai embora sem os comentários finais sobre os shows da última noite de festival.
Paralamas do Sucesso - Se tem uma banda brasileira que fez um showzão foi o Paralamas. Despejarem uma usina de hits e não deixaram ninguém respirar em uma hora de apresentação. Um dos melhores shows brasileiros.

Lulu Santos & Silva - Outro artista que é uma usina de hits. Queria muito falar sobre esse show, porém, o som do Palco Sunset estava tão baixo que foi impossível ouvir decentemente. Por isso, vou me abster.
Nickelback - No dia em que eu criar o festival Worst Bands of The World, o famoso WBW, o Nickelback será uma das estrelas do Palco Pântano, que ainda terá Creed, The Calling e Coldplay. É muito triste ver um show do Nickelback. Não sei como o Canadá dorme tranquilo ao saber que deu ao mundo Nickelback e Celine Dion. O Chad até que tentou convencer a galera usando uma camisa dos Ramones e tocando um cover do Metallica, mas é simplesmente impossível engolir o Nickelback. Espero nunca mais passar por essa experiência.
King Crimson - Isso não foi um show. Foi um masterclass! O King Crimson brilhou e ainda me entra no palco com três fucking baterias. Quem é que toca com três baterias? Só eles. E o melhor é que deu para ver bem de perto porque os millenials do Imagine Dragons não ligaram para o show. Não sabem o que perderam.
Imagine Dragons - Banda favorita de Daenerys Targaryen, o Imagine Dragons foi simpático, fofo, seu vocalista disse que gosta de guaraná, mas.... que banda INSUPORTÁVEL. Eu só pensava nas árvores que deram a vida para ter três chuvas de papel picado neste show. Mas seus fãs curtiram. E no fundo é isso que importa.
Muse - O show até foi legal, mas foi mais frio que um frigorífico. Como só tinha fã do Imagine Dragons na Cidade do Rock e o Muse me entregou um show conceitual, hermético e baseado num disco ruim, a recepção foi congelante. Chegava a dar pena do Matt Bellamy quando ele pedia para o povo que sobrou por lá cantar os hits e vinham aqueles sussurros localizados. E pensar que a banda não economizou na luz e levou até um boneco zumbi à moda Iron Maiden para fechar o Rock in Rio em grande estilo. Quero ver quando vier a conta de luz.
E assim terminou mais um Rock in Rio. Até 2021! #CornetanoRockinRio

sábado, 5 de outubro de 2019

Rock in Rio 2019 - quinto dia

O Iron fez uma apresentação impecável
Scream for me Rock in Rio! Ontem foi o dia de celebrar as camisas pretas, as vozes finas e o maior de todos os Bruces. E um dia de despedidas. Obrigado por tudo, Slayer!
Ainda bem que o Dia do Metal voltou. E esperamos que não deixe nunca de fazer parte deste festival. Afinal, heavy metal é vida.
Dito isso vamos ao que interessa. Tudo o que vimos neste dia em que o povo passa calor, mas não deixa de usar a única cor possível: o preto.
Sepultura - Quando o Sepultura começou a tocar, o sol ainda estava se pondo. Logo, ainda não era a hora do capeta. A gente sabe que hoje em dia a banda é mais do Derrick Greene do que foi do Max Cavalera. Pelo menos pelo número de discos lançados. Mas sejamos francos, a galera só solta o grito da garganta com músicas como “Territory”, “Refuse/Resist” e “Roots Bloody Roots”. Afinal, quem foi rei no Sepultura nunca perde a majestade.
Anthrax - Eu tenho dificuldades em respeitar bandas que tiveram mais do que três vocalistas. O Anthrax teve seis. Sabemos que o Anthrax faz parte do big four, mas neste quarteto fantástico do thrash metal eles estão mais para Coisa do que para Senhor Fantástico, Mulher Invisível ou Tocha Humana.
Helloween - Quando uma banda atinge algumas décadas de carreira, a tendência é que comecem a surgir mais solos de guitarra e bateria para poupar a voz do seu vocalista. O Helloween, porém, fez diferente. Resolveu trazer seus dois cantores anteriores de volta e agora toca com três vocalistas e três guitarristas, visto que Kai Hansen também toca guitarra. Com sete membros, o Helloween virou o Titãs do power metal. Bom, pelo menos no tempo em que o Titãs era uma banda enorme. E deu certo? Bom, qualquer medida para não termos solos de bateria é válida. E três vozes finas fazem mais barulho do que uma.
Slayer - Acabou, amigos. Quem viu, viu. Quem não viu, agora só terá mais 22 oportunidades (duas no Chile e 20 nos Estados Unidos) antes do adeus final do Slayer. A banda resolveu se aposentar depois de três décadas e meia de bons serviços prestados ao thrash metal. O show foi ótimo, apesar de o Tom Araya ser esse trumpminion que conhecemos. Eu só não entendi o que o guitarrista Gary Holt tem contra as Kardashians para vestir uma camisa defendendo a morte delas. Será que é inveja? Ele queria ter um reality show só para ele? Vamos fazer aqui uma enquete sobre quem tem mais dor de cotovelo? Holt pelo sucesso das Kardashians ou Martin Scorsese pelo sucesso dos filmes da Marvel?
Iron Maiden - Bruce Dickinson tem 61 anos e já venceu um câncer na língua. E continua sendo um MONSTRO no palco. O show do Iron Maiden foi sem sombra de dúvidas um dos melhores da história do festival. Comparável, inclusive, aquele épico de 2001. Se a gente pensar que 18 anos separam as duas apresentações... O que esses caras fazem para manter o alto nível? Que suquinho de frutas que eles tomam? Não é só laranja com acerola, certamente. Só sei que o legado da besta está garantido e o Iron pode voltar quando quiser, tocar na hora que quiser e pedir a quantidade de toalhas brancas que quiser que a gente aceita tudo.
Scorpions - Quando acabou o show do Iron ficou aquela sensação de que tinha dado ruim para o Scorpions tocar depois. Tudo bem que fora um pedido da banda inglesa, mas como os alemães iam motivar a galera depois daquela apoteose catártica? A gente só esqueceu que o Scorpions não está nesta vida há 50 anos de graça. Tem que respeitar esta banda, que, inclusive, veio ao Rock in Rio de 1985, quando o mundo todo achava que o Brasil era só mato e areia. Klaus Meine, Rudolf Schenker e cia chegaram no palco e mandaram um “respeita a minha história” em formato de “Send me an angel”, “Wind of change”, “We built this house”, “Big City Nights”, “Still loving you”, “Rock you like a hurricane” e outras. Meine teve a galera tão na mão que fez até metaleiro cantar “Cidade Maravilhosa”.
E assim nos despedimos de mais um dia. Está acabando. #CornetanoRockinRio .

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Rock in Rio 2019 - quarto dia

Quarto dia de Rock in Rio. Eu queria dizer que foi um grande dia, mas esta expressão caiu em desuso por ser usada por aquele que não deve ser nomeado. Contudo foi um dia de bons shows em que, 18 anos depois, eu fiz as pazes com o Red Hot Chili Peppers.
Mas vamos aos comentários sobre tudo o que rolou na City of Rock.
Capital Inicial - Repararam como Dinho canta sempre sorrindo e mostrando todos os dentes? Então, deixa ele. Ele acabou de tirar o aparelho. A gente sabe que o Capital Inicial só toca no mesmo dia que o Red Hot Chili Peppers e vice-versa. É por isso que a gente já viu o Capital pela enésima vez no Rock in Rio. Só acho que “Primeiros erros” funcionaria melhor na semana passada, quando só chovia. De resto, eu queria entender duas questões: De onde se tirou que o som dos pneus de carro cantando é tchuruptchuru tchuru? E o que vocês fazem quando ninguém vê vocês fazendo?
Emicida & Ibeyi - Que show PODEROSO, amigos. Um dos melhores do Palco Sunset nesta edição do festival. A combinação dos dois artistas funcionou muito bem. E ainda foi uma apresentação cheia de manifestações políticas importantes. Foi musicalmente bom e com conteúdo.
Nile Rodgers e Chic - Quem também viu a segunda temporada de “Big Little Lies” sabe o quanto eu invejei não ter participado da festa disco de Renata Klein. Nile Rodgers me deu isso de presente. Me senti embarcando nos embalos de sábado à noite com direito ao gramado sintético à moda Athlético-PR do Rock in Rio se transformando em pista de dança. Foi outro grande show desta night. E a julgar pela quantidade de John Travolta que eu vi surgir no gramado, foi um dos que o público mais curtiu.
Panic! At the Disco - Minha primeiro impressão diante de uma banda que se chama pânico na discoteca foi a rejeição. Afinal, não podemos confiar em quem usa microfone dourado. Mas Brendon Urie conseguiu dobrar meu preconceito com um show bastante bom. E nem precisava ter cantado “Bohemian Rhapsody” para eu ter achado agradável.
Red Hot Chili Peppers - Desde o patético show de 2001 eu tinha implicância com o Chili Peppers. Para piorar, desde o disco “Californication” (1999), a banda ganhou um séquito de fãs playboys malas demais. Mas 18 anos depois, que diferença da banda no palco. Eu fiz as pazes com os Chili Peppers depois do show de ontem. Foi do jeito que queríamos. Estou até pensando em cultivar um bigodinho à moda Anthony Kiedis. Ok, acho melhor não. Só falta mesmo os playboys pararem de frequentar os concertos.
É isso. E lá vamos nós para o dia do metal. #CornetanoRockinRio