segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Ranking Corneta do Rock in Rio

Encerrada a maratona no Rock in Hell, vamos à classificação final do campeonato da Corneta:
1- The Who
2- Tears for Fears
3- Alice Cooper e Arthur Brown 
4- Baiana System e Titica

Os quatro shows acima estão classificados para a Libertadores
5- Ceelo Green e Iza
6- Aerosmith
7- Grande encontro (Elba Ramalho, Alceu Valença e Geraldo Azevedo)
8- Def Leppard
9- Guns N'Roses
10- Incubus

Os seis shows acima garantiram vaga na Sul-Americana
11- Titãs
12- Bon Jovi
13-Tyler Bryant e The Shakedown
14- Scalene
15- Cidade Negra canta Gilberto Gil
16- Alter Bridge
17- The Kills

Os shows abaixo foram rebaixadas para a segunda divisão
18- Bomba Stereo e Karol Conka
19- Fall out Boy
20- Ney Matogrosso e Nação Zumbi
21- Jota Quest

Até 2019. E lembrem: Corneta é vida.

Crítica do show do Guns N'Roses

Guns N'Roses/Divulgação
Crítica originalmente publicada no site Rock on Board - http://www.rockonboard.com.br/2017/09/rock-in-rio-2017-no-melhor-jeito-de.html

Depois do dia 2 de outubro de 2011, Axl Rose parecia fadado a nunca mais pisar num palco do Rock In Rio. Mais do que um show abaixo da crítica, as horas de atraso do cantor para se apresentar na chuvosa noite de encerramento do festival irritaram tanto Roberto Medina que o empresário idealizador do Rock in Rio chegou a declarar que Axl era uma figura riscada do seu restrito caderninho de headliners. E a troca pública de farpas, com a banda respondendo às críticas, só colocaram mais lenha na fogueira. 

Mas se Axl se reconciliou com seus ex-companheiros Slash e Duff McKeagan, por que não faria o mesmo com Medina? Ajudou muito também a campanha dos fãs, que ainda em êxtase pelas seis apresentações do grupo no Brasil com sua formação quase toda clássica,  iniciaram uma campanha para ver a banda no festival. Medina vislumbrou a oportunidade, disse que as diferenças estavam superadas e lá estava Axl Rose no palco com seus velhos "parças" para fechar mais uma noite do Rock in Rio. A quarta da história da banda. 


Talvez como se estivesse em dívida com o público do Rock in Rio, Axl se viu na obrigação de começar na hora (o que aconteceu) e fazer um show épico. Bom, no que diz respeito a sua duração não há dúvida quanto a isso. Foram 32 músicas em quase 3h30min de espetáculo que avançou até depois das 4h da madrugada de domingo. 

Muitos não conseguiram chegar até o fim. Pelo contrário, pode-se dizer que o público foi se dispersando aos poucos. A primeira leva grande foi embora depois de "Sweet Child O'Mine". Outra foi após "November Rain" e um terceiro grupo saiu ao fim de "Nightrain". Natural. Axl impôs um tour de force que para muitos é muito cansativo após um dia inteiro de shows. Mas quem não arredou o pé encontrou fôlego para cantar "Paradise City" no encerramento do show. 



Quanto a qualidade do espetáculo, porém, o Guns voltou a se ver refém do seu calcanhar de Aquiles do momento: a qualidade vocal reticente de seu líder. É inegável que a voz de Axl nunca mais foi a mesma dos discos 'Appetite for Destruction' (1987), 'Use your Illusion I e II' (ambos de 1991). Naquela época, o Guns era dono do mundo e Axl uma estrela incontestável. Dos últimos tempos para cá, quando a banda veio várias vezes ao Brasil, sempre se alternou momentos em que Axl cantava bem ou até de uma forma aceitável com outras que ele ia mal. E essa foi a diferença para o show de novembro do ano passado, que também fazia parte da atual turnê "Not in this lifetime". No Engenhão, Axl parecia em melhor forma. Na Cidade do Rock, ele viveu o seu dia "hoje não" com a voz. 

E esse problema ficou ainda mais evidenciado porque minutos antes havia se apresentado no Palco Mundo um impecável Roger Daltrey no alto dos seus 73 anos. A comparação com o vocalista do The Who seria inevitável nestas circunstâncias. Ainda que ambos cantem estilos diferentes no rock. De certa forma, parece que o Guns vive uma sina de ser ofuscado quase sempre quando toca no Rock in Rio. Em 1991, o Faith no More roubou a cena. Em 2011, o System of a Down superou e muito o Guns e agora o The Who fez um dos melhores shows do festival enquanto o Guns apenas não foi tão incrível quanto se esperava. 


Mas é claro que a apresentação do Guns teve vários pontos altos. Muitos deles graças a Slash. Coube ao guitarrista segurar as pontas com seus solos, seu carisma nato e sua competência. Slash é, muitas vezes, a alma dessa banda.

O repertório que o público viu no Rock in Rio não foi muito diferente do que foi visto no Engenhão há menos de um ano. O Guns tocou todos os sucessos possíveis da carreira e insistiu nas dispensáveis canções do controverso 'Chinese Democracy', o álbum que demorou 14 anos para ser lançado e ainda resultou num produto ruim. 

As diferenças ficaram por conta da inclusão de dois covers: "Black Hole Sun", do Soundgarden, homenagem ao recentemente falecido Chris Cornell, que vinha sendo incluída nos shows da turnê, e "Wichita Line Man", de Jimmy Webb. Além de "Patience". "Out ta get me" foi retirada do set. 

O saldo final para o fã do Guns, no entanto, foi muito positivo. Ele ouviu tudo o que queria. Principalmente os que resistiram heroicamente até o fim do show madrugada adentro.

domingo, 24 de setembro de 2017

Rock in Hell - terceiro dia

The Who, melhor show do festival/Marcelo Alves
Último dia de Rock in Hell para a Corneta. Os últimos comentários. Depois disso, só em 2019.
Cidade Negra canta Gilberto Gil e convida Digital Dubs e Maestro Spock - Nada contra o Cidade Negra, mas qual o fundamento de colocar a banda fazendo um show de covers do Gilberto Gil que incluiu um cover do Gilberto Gil de uma música do Bob Marley? Ou seja, teve até cover do cover! Aí depois entrou o maestro Spock "Vida longa e próspera" para fazer cover do Gil. Depois veio o Digitaldubs e logo o palco estava superlotado de gente fazendo cover do Gil. Só faltou mesmo o próprio Gil fazendo cover de si mesmo. Pior é que tudo parecia ter aquela batida cadenciada e sonolenta do reggae. Convenhamos, reggae é chato demais. Para suportar até o fim tive que comprar um sorvete de doce de leite. Mas apesar da minha má vontade, foi um show que não comprometeu. Funcionou melhor que Ney Matogrosso e Nação Zumbi, por exemplo. Bom, mas isso não chega a ser uma grande vantagem.
Bomba Stereo convida Karol Conka - Não sou suficientemente evoluído para estar no Brasil e curtir cumbia psicodélica. Por mais que seja uma cumbia psicodélica engajada, como a Liliana Saumet gosta de pontuar em algumas músicas. Se bem que acho que nem se estivesse em Bogotá eu ia gostar de cumbia. E a coisa não melhorou com a Karol Conka, pois aí juntou a cumbia psicodélica com o que ela cantava e realmente eu não consegui atingir o nirvana necessário para admirar esse show.
Titãs - Adriana Calcanhotto podia fazer uma extensão na letra de "Fico assim sem você" e escrever "Buchecha sem Claudinho/Titãs sem Paulo Miklos/sou eu, assim sem você. Não tinha Arnaldo Antunes/nem o Mala Reis/e agora/não tem nem você. Como é possível viver assim?/Uma banda sem testosterona/E olho pro palco/Vejo Sérgio Britto/Cadê/O Charles Gavin?
Miklos faz muita falta. E com o ficaralho dos Titãs, agora o Sérgio Britto e o Branco Mello têm que cantar toda hora, acumulando funções. Coitados. Eu entendo vocês. Eles ainda tocaram três músicas novas que prometeram estar numa futura ópera-rock. Aliás, a canção "Me estuprem" será bastante problematizada no Facebook se vier a ganhar alguma relevância. Ao vivo, porém, as músicas novas foram recebidas com a frieza do inverno islandês. Vamos aguardar o resultado do disco. De uma forma geral, foi um show bem irregular. Já vi melhores Titãs.
Ceelo Green convida Iza - Foi definitivamente o Dancing Day no Palco Sunset. Depois da cumbia psicodélica, o Ceelo surgiu como um James Brown de Atlanta botando a galera para dançar como se estivessem nos tempos românticos do Studio 54, em Nova York. Foi muito maneiro, um dos grandes shows do Rock in Hell, teve até a bela "Earth Song", do Michael Jackson, mas como eu nunca gostei de boate, sentei na grama para me poupar para o Incubus.
Incubus - Coitado do Incubus. Fez até a sua parte no Palco Mundo para uma banda que abriria para duas lendas, mas passou praticamente despercebido, pois a galera estava mais interessada no que viria dali para frente.
The Who - Que banda, amigos! Que banda! Foram 50 anos esperando para ver ao vivo Roger Daltrey rodopiar o fio do microfone e Pete Townshend fazer aquele giro com o braço na guitarra. Cinquenta anos esperando uma banda que foi perfeita. Se eu fosse sommelier de vocalista, diria que a voz de Daltrey está num timbre abrasado e levemente amadeirado, com raspas de limões colhidos no pé de vulcões da Sicília e um toque de uvas retiradas por antílopes de parreiras de montanhas tibetanas. Só isso explica ele estar cantando monstruosamente aos 73 anos. O The Who foi impecável. Chorarei de emoção até a semana que vem.
Guns N'Roses - Depois do papelão de 2011, Axl Rose estava devendo ao público do Rock in Rio um show épico. Só que ele entendeu errado o significado da palavra e resolveu fazer uma apresentação interminável, de 3h30min, e que parece que só parou porque ele foi avisado que ia começar o Globo Rural na TV. Sabemos que ao contrário de Daltrey, Axl nunca mais será o mesmo, mas é uma pena que ele não tenha cantado como no show de novembro do ano passado. Sua piora pesou no desempenho da banda, só compensado pelo prazer inenarrável que é ver o Slash tocando guitarra. Slash >>>>>>>>>>>>> Rodrigo Hilbert.
Mas definitivamente eu não viro mais a noite por um show do Guns. Já foram três. Chega.
Ok, eu reconheço que essa é uma promessa vazia e eu estarei na plateia no próximo espetáculo.
E assim a Corneta se despede de mais um Rock in Hell. Como diria o Axl: thank you, Brazil! Good fucking night!

Crítica do show do Bon Jovi

Bon Jovi no Rock in Rio/Reprodução/Facebook
Crítica originalmente publicada no site Rock on Board - http://www.rockonboard.com.br/2017/09/rock-in-rio-2017-repleto-de-sucessos.html

Você pode dizer que Jon Bon Jovi tem um monte de defeitos, mas nunca poderá acusá-lo de ser preguiçoso. Muitos músicos que tivessem o mesmo número de hits dele na carreira ficariam tentados a fazer um show para a galera, como normalmente pedem os grandes festivais. É seguro e de fácil aceitação. O Bon Jovi, porém, fez a acertada aposta na mescla do novo com um punhado de sucessos da carreira num equilíbrio quase que equânime entre os clássicos do passado, quando a banda construiu a sua fama, e músicas retiradas dos álbuns lançados nos últimos 15 anos, a maioria deles de menor impacto do que discos como 'Slippery When Wet' (1986), 'New Jersey' (1988), 'Keep The Faith' (1992) e 'These Days' (1995). 

Foram 21 músicas em um espetáculo que pode-se dizer que agradou ao fã de carteirinha e ao fã dos hits radiofônicos. Talvez só os que não se incluem nos dois grupos tenham ficado com tédio no show que encerrou a noite do dia 22 do Rock in Rio. 

Com um álbum novo na praça - 'This House is Not For Sale' foi lançado no ano passado - o Bon Jovi deu uma sacudida no set list como quem mostra que está bem depois da saída do guitarrista Richie Sambora por "razões pessoais". Com isso, ficaram de fora baladas amadas pelos brasileiros como "Always" e "I'll Be There For You", que até estava prevista no set list inicial de 23 canções, mas foi cortada junto com "In These Arms". 


Fizeram falta? Para o fã, talvez. Para a dinâmica do show, nem um pouco. Até porque, o Jon Bon Jovi burocrático do Rock in Rio de 2013 deu lugar a um cantor com muita vontade de fazer um grande show para a plateia em 2017. Embora a voz já não seja a mesma de outrora, notava-se claramente como o cantor parecia bem e satisfeito no palco. 

Se Sambora, que deixou a banda em abril de 2013, faz falta é só pela presença de uma figura importante na carreira do Bon Jovi, como dono e parte da história dela. Pois, na prática, o novato guitarrista grego-canadense Phil X dá conta do recado reproduzindo muito bem as notas dos principais sucessos do grupo, como na balada "Bed of Roses", talvez o momento em que ele mais teve a chance de brilhar. 

Reproduzir os solos e as notas de Sambora é o que Phil X mais terá que fazer até poder exibir algo mais autoral nos shows. O mais recente álbum foi apenas o primeiro do qual ele participou como membro efetivo do Bon Jovi. Mas a julgar pela faixa título, ele já pegou o jeito. "This House is Not for Sale" é um típico pop rock do Bon Jovi. Tem um refrão que fica na cabeça, uma batida característica e uma letra boa de cantar. Todo disco da banda tem pelo menos uma canção assim desde "Runaway" lá no primeiro álbum lançado em 1984. 



Aliás, daria para fazer uma apresentação só com elas. Só no show desta sexta-feira teve ainda "Have a nice Day", que é uma boa canção, e "It's My Life", que provocou erupções vulcânicas na Cidade do Rock. Foi uma das músicas mais cantadas pela plateia, não ficando a dever para clássicos como "You Give Love a Bad Name" e "Livin' On a Prayer", que costumeiramente fecha os shows do Bon Jovi.

O público pareceu gostar e nem se incomodou muito com os problemas do som, que chegou a ficar muito baixo em três oportunidades. Nada que atrapalhasse a performance da banda que pode até não ter ganhado um novo fã por conta deste show, mas obteve muito sucesso pregando para os já doutrinados.

sábado, 23 de setembro de 2017

Rock in Hell - segundo dia

Tears for Fears, um dos grandes shows/Marcelo Alves
Mais um dia de Rock in Hell. Um dia com um bom saldo de shows. Melhor que o da véspera. Vamos ao que só a Corneta viu. 

Baiana System e Titica - Na ausência do dia do metal (vacilo histórico, seu Medina!), coube ao Baiana System contagiar a galera a ponto de fazer a melhor roda de pogo possível. Foi um showzão. Tudo bem que tinha momentos que pareciam aula de aeróbica com saltos e mãozinha para cima, mãozinha para a direita, mãozinha para a esquerda... Mas toda a musicalidade da "guitarra baiana" foi muito contagiante! Um dos grandes shows do Palco Sunset. Merecia até o Palco Mundo.

Grande encontro - Ontem foi praticamente o Nordeste Day no Palco Sunset. Depois do Baiana System, a paraibana Elba Ramalho e os pernambucanos Alceu Valença e Geraldo Azevedo quebraram tudo com o show do grande encontro fazendo os fãs do Bon Jovi rebolarem no frevo, no xote e no xaxado com gosto e malemolência. Aliás, a Elba, com seus 66 anos, cantou mais que o Steven Tyler, hein.

Jota Quest - Na Moral, eu juro que tentei. Mas não dá. Jota Quest, Los Hermanos, Coldplay, Maroon 5 e Nickelback são bandas que simplesmente não dá. 

Ney Matogrosso e Nação Zumbi - Eu podia posar de intelectual do Facebook e dizer que a união do maracatu da Nação Zumbi com a languidez e o olhar possuído de Ney Matogrosso gerou um show clássico dotado de uma poesia concretista e um refino técnico próprio de uma ourivesaria musical. Mas a Corneta não está aqui para fazer concessões. Simplesmente essa porra não funcionou tão bem como se esperava, não rolou muita química, não deu liga e foi até um pouco constrangedor quando cada um visitava a casinha musical do outro. 

Alter Bridge - Junção do cantor Miles Kennedy (aquele que andou cantando com o Slash antes dele voltar para o Guns) com uma parte do Creed (sim, o CREED), o Alter Bridge tem até um bom vocalista. Falta é ter grandes canções. São basicamente roquezinhos fast food. Te empanturra na hora, mas logo depois você está com fome de novo. 

Tears for Fears - O Tias Fofinhas fez o melhor show do Rock in Rio até aqui. Tudo graças a sua competência e seus hits da JB FM. E só não foi ainda melhor porque faltou "Woman in Chains". A banda ainda veio com uma versão de "Creep", do Radiohead, que pareceu uma canção de ninar na voz de Roland Orzabal. Foi lindo e emocionante. Merecia mais uns 40 minutos de show. 

Bon Jovi - Vocês lembram de Jon Bon Jovi? A voz mudou (para pior), mas os cabelos.... também mudaram, pois ele assumiu os fios brancos. O Bon Jovi tem muitos hits, fãs apaixonados, fãs que até hoje nutrem um tesão enorme por ele, mas não consegue me empolgar em show nenhum. Eu até dei uma segunda chance ao Bon Jovi, algo que vivo negando ao Red Hot Chilli Peppers desde o fatídico show de 2001, mas acho que eu enjoei da banda da mesma forma que enjoei de empadinha.

Crítica do show do Aerosmith

Aerosmith/Divulgação
Crítica originalmente publicada no site Rock On Board - http://www.rockonboard.com.br/2017/09/rock-in-rio-2017-mesmo-sem-ser.html

Tem que ser muito cri-cri para reclamar do Aerosmith. Mas de uma banda que construiu seus 47 anos de estrada com shows quase sempre de um nível impecável não se espera menos do que a excelência. E o espetáculo que encerrou a noite do dia 21 do Rock in Rio esteve justamente abaixo desta excelência. Abaixo do que o Rio de Janeiro viu em outubro de 2013, quando o Aerosmith fez um show arrebatador na Praça da Apoteose. 

Não que isso atrapalhasse os milhares de fãs que foram até a Cidade do Rock. A maioria esmagadora deles do Aerosmith. Eles foram para ver Steven Tyler fazer suas costumeiras e adoráveis presepadas. Os rebolados no palco, o característico microfone cheio de lenços sendo balançado de um lado para o outro, o jeito lânguido do vocalista se mexer e os olhares fixos na câmera que enchia o seu rosto no telão. Tudo ali estava presente. Só a conhecida voz de Tyler pareceu não bater ponto na Cidade do Rock. O vocalista pareceu falhar algumas vezes e sofreu nas canções que exigiam mais dele, aquelas com as notas mais altas quando ele costuma se soltar mais. Basta rever "Love in an Elevator", "Cryin" e "Falling in Love", só para ficar em três exemplos do set list, para ver que havia algo de diferente. Será que quatro anos fizeram tanta diferença? O peso dos 69 anos, muitos deles vivendo no limite, como diz um dos seus sucessos, "Livin' on the Edge", chegou? 

O hard rock do Aerosmith é calcado nas levadas de guitarra características de Joe Perry e na voz de Tyler. Quando os outrora gêmeos tóxicos, como a dupla era chamada nos anos 70, quando abusavam de todas as substâncias possíveis, funciona, o Aerosmith é monstruoso. Quando alguma coisa falha, a banda de Boston não apresenta a tal excelência. De qualquer forma, Tyler compensou as eventuais falhas na voz com o costumeiro protagonismo no palco, interagindo com o público e se entregando de corpo e alma ao espetáculo. 


Mas veja bem, o show do Aerosmith esteve longe de ser ruim. Só não foi perfeito. Embora arrisque-me a dizer que para muitos presentes foi inesquecível. Pelo menos para aqueles que cantaram "I Don't Wanna Miss a Thing", a trilha sonora chiclete do filme "Armageddon" (1998), como se não houvesse amanhã. E Tyler não se fez de rogado em deixar o público ter o seu karaokê vip no maior momento Feira de São Cristóvão vivido pela Cidade do Rock nesta quinta-feira. 

Além desta canção, "Cryin" e "Crazy", a dupla de músicas do álbum 'Get a Grip', de 1993, que gerou os famosos videoclipes com Alicia Silverstone, foram os outros pontos altos da noite, a julgar pela reação do público. 

No total, o set list teve 16 canções. Perpassou todos os pontos altos da longeva carreira da banda que quase sempre permaneceu junta como na formação que surgiu em 71 com o baixista Tom Hamilton, o baterista Joey Kramer e o guitarrista Brad Whitford. Foi do primeiro grande sucesso, a excelente "Dream on", uma grande canção da história do rock, passou por "Walk This Way", outro clássico que também representou um resgate da banda do ostracismo quando eles a regravaram com o Run-DMC em 1986, e foi até o "Falling in love", do álbum 'Nine Lives' (1997), o último grande disco do Aerosmith. 

Foi um set list e um show que justificou a escalação do Aerosmith como headliner do Rock in Rio. Mas se a "Aerovederci Tour" for mesmo a última da banda, como chegou a ser divulgado pelos seus integrantes, que agora desconversam sobre o tema, prefiro deixar como última impressão o épico espetáculo de 2013. Aquele foi o Aerosmith numa excelente forma, mesmo que na época estivessem desfalcados do baixista Tom Hamilton.

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Rock in Hell - primeiro dia

O show do Aerosmith/Marcelo Alves
Vocês acharem que a Corneta não vinha, mas lá estava ela em sua primeira incursão no Rock in Hell 2017. E o que é que podemos dizer do que vimos?
Tyler Bryant & The Shakedown - Esse amálgama de Steven Tyler com Kobe Bryant é a típica banda de rock com quatro caras cabeludos. Poderiam até fazer merchan do shampoo MONANGE. Eles são de Nashville, Tennessee. Então, por isso, de vez em quando, eles se sentem na obrigação de fazer um blues rock que os conecta com a cidade natal. São reis da onomatopeia. Em uma hora, pelo menos três músicas tinham um ô ô ô ô ô ôoooo. No fim, foi um aquecimento aceitável para o que viria nas horas vindouras. Mas não empolgou muito o povo.
The Kills - Me matou de tédio. Esse canto quase sussurrado, essa batida de trilha sonora de filme que se passa nas estepes do Canadá, esse jeitão indie de quem não tira todo o potencial das guitarras.... quase dormi. Quase pedi um "Volta Tyler Bryant".
Scalene - Eu não conhecia uma canção do Scalene até à noite desta quinta-feira (eu não vejo reality shows). Mas, movido pelos fogos de réveillon, fui de coração aberto assistir ao grupo que abriu os trabalhos no palco mundo. Bom, foi melhor que o The Kills, mas vou dar ao grupo o prêmio Kiara Rocks de escalação precipitada no Palco Mundo.
Alice Cooper convida Arthur Brown - Melhor show do dia! Estava tudo meio brochante, até o Alice Cooper chegar e injetar Viagra no Rock in Rio. Teve clássicos, teve participação de Joe Perry, teve guilhotina, teve boneco Frankenstein, teve presepada, teve o Arthur Brown com a cabeça em chamas e teve um solo da guitarrista dele que foi melhor que todo o show do The Kills. Só não precisava ter solo de bateria. Estamos em 2017 e ainda usam solo de bateria para o vocalista velhinho ir pegar um balão de oxigênio.
Fall out Boy - Um sub-Matchbox 20 com dois tons acima na guitarra, um Maroon 5 emo, ou como bem definiu um amigo meu, tipo Detonautas.
Def Leppard - Um show surpreendentemente divertido. Sabe aquela farofa sem compromisso que você respeita? A banda entrou no palco com o guitarrista sem camisa para mostrar que está em forma. E foi alternando o set list entre canções com cara de trilha sonora de novela da Globo dos anos 80 e 90 e músicas com cara de filmes de jovens garotos dos anos 80 e 90. Ainda mandou alguns hard rocks românticos. Se o Def Leppard fosse brasileiro claramente seria uma versão mais pesada do Roupa Nova.
Aerosmith - Steven Tyler, meu amigo, o que houve com a sua voz? Estava falhando mais que carro a álcool em dia frio. Esqueceu de fazer aquele gargarejo com limão? Ainda bem que não falta carisma para Tyler e a banda. E clássicos e hits. Muitos para compensar um show que até foi legal. Só não foi perfeito como esperávamos. Agora, precisava ter "I don't wanna miss a thing"? Nunca entenderei o hype dessa canção, espécie de "Anna Júlia" do Aerosmith. Chata demais.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

E o filme d Lava-Jato, hein?

Que nome a gente dá para essa operação?
Fui ver o filme da "Lava Jato". Que experiência diletante, amigos. E o que eu posso dizer de "Polícia Federal - a lei é para todos" (mas a sombra da barraca é minha)?
1- Para começo de conversa, uma dica. Fiquem até o fim. Eu sei que isso pode ser desafiador, torturante até. Mas fiquem até o fim, pois "Polícia Federal" é tipo um filme da Marvel. Tem cena extra e a promessa de que os policiais voltarão no futuro igual ao Capitão América.
2- Inclusive, as cenas do Antônio Calloni recrutando pelo país a sua equipe de agentes incorruptíveis para defender o Brasil se assemelha muito ao Batman arregimento seus amiguinhos para formar a Liga da Justiça.
3- O filme é um pouco frustrante, pois desmistifica como é a gestação dos nomes maneiros das operações da PF. Eu sempre achei que tinha uma equipe especializada em piadas e trocadilhos por trás daquilo tudo. Mas é quase tudo na informalidade. Só faltou o chopinho.
4- A gente sabe que a Lava Jato já tem mais rodadas que o Campeonato Brasileiro. O filme não podia contar tudo. Mas como eu já disse, tem a promessa de continuação. Sendo assim, o filme acaba no episódio da condução coercitiva do Lula (esse dia foi louco!).
5- Por falar em Lula, pobre Ary Fontoura. Ainda bem que o Framboesa de Ouro não premia estrangeiros. Sua versão do ex-presidente é sofrível. Era melhor ter chamado o Rui Ricardo Diaz para reviver o Lula nestes momentos complicados da vida, entre pedalinhos e triplex.
6- "Eles pensam que a gente é otário" é meio que o bordão da polícia no filme. Ficou meio com cara de um recado no roteiro do Brasil para os políticos.
7- De fato, o discurso ideológico é um problema sério em "Polícia Federal". Independentemente de você ser coxinha ou mortadela, soa muito fake aquelas pausas, aquele olhar para a câmera, e os discursos no gênero "precisamos mudar o Brasil", "estamos mudando um pouquinho do Brasil", "estamos agindo para melhorar o Brasil", "vem com a gente", "invente, tente, faça um Brasil diferente". Se o roteiro tivesse permanecido apenas nos fatos, seria mais enxuto e mais interessante. E daria menos margem para interpretações políticas. Para não falar na construção bastante maniqueísta da história.
8- Eu não lembrava que o Alberto Yousseff era tão fanfarrão.
9- O filme diz que a Lava Jato começou com a interceptação de um caminhão cheio de palmito e cocaína (duas drogas pesadas, principalmente o palmito) em Araraquara. Só porque o caminhoneiro não tinha a expertise dia filmes americanos. Pois rola um bloqueio na estrada que se fosse em Hollywood o caminhão passaria por cima e continuaria seguindo caminho, deixando os policiais para trás com seus carros destruídos.
10- O filme não é muito favorável ao Lula. Mas o Sérgio Moro também tem do que reclamar. Ele está mais apagado e desnecessário que vela usada. Nem acho que seja culpa do Marcelo Serrado, mas o filme claramente coloca o protagonismo na polícia. Será que isso gerou ciúmes na República de Coritiba?
11- E o japonês da federal, hein? Resumiu-se a uma ponta discreta e cômica.
12- Tem uma jornalista no filme que é muito vergonha alheia. Fica lá berrando que a polícia está perseguindo o PT, que é uma injustiça com o presidente Lula, blá-blá-blá, ao invés de fazer perguntas consistentes. Mais uma obra cinematográfica em que jornalistas são detratados como zé ruelas ou garotos de recados. Não que muitos não sejam, mas só pode ser vingança contra os críticos.
13- "Polícia Federal" é ainda um manifesto contra a caneta. Da Mont Blanc a Bic, a culpa de todos os males do Brasil é a caneta. Será que melhora se a gente voltar aos tempos do sinal de fumaça?
14- Vocês não vão acreditar nisso, mas os cinco primeiros minutos do filme são bem bons. Tem ação, suspense, tensão, carros andando em alta velocidade pelas ruas de São Luiz. Se tivesse mais orçamento era quase um filme do Jason Statham.
15- O problema é que depois vem um monólogo sobre como a corrupção chegou no Brasil com os portugueses e atravessou séculos e séculos de impunidade zzzzzzzzzzzzz. Aí o narrador Calloni vai enumerando os diferentes casos de corrupção e CPIs do Brasil (foi muita pizza, galera). O que é uma estratégia que me pareceu um apelo escrito em luz de neon de motel: "Este filme é apartidário. Estamos apenas relatando a maior operação anti-corrupção do Brasil".
16- Além do roteiro ruim, "Polícia Federal - a lei é para todos" tem o problema de não se decidir sobre o que quer da vida. Se era para ser um filme de ação como talvez tentasse enfatizar com aquela trilha sonora feito um batidão que parece uma bateria do Sepultura, falta ação. Até porque as fases da Lava Jato foram muito desprovidas de emoção. É só a PF batendo na sua porta às 6h da manhã e te levando para a cadeia depois de ouvir o famoso "Teje preso". Não tem perseguição, tiro, morte, cenas de kung fu... Se era para ser um filme do gênero investigação-siga o dinheiro, poderia ter trabalhado melhor isso e criado uma tensão maior na investigação da roubalheira, mas tudo se resumiu a três esquetes do tio-professor explicando no quadro negro para os alunos como funcionava todo o esquema de corrupção.
17- De um modo geral, no entanto, faltou ao filme aquele distanciamento histórico que ajuda a avaliar melhor os acontecimentos de um fato e a escolher melhor seus protagonistas e antagonistas. Um distanciamento que ajudaria também a fazer com que o filme não tivesse somente a leitura política. Ou que ajudasse a evitar que a leitura política suplantasse em importância a leitura estética. Resumindo, podiam ter esperado uns 20 anos para fazer esse filme.
18- E num ano com tantos filmes brasileiros bons, como "Polícia Federal" entrou no grupo que vai concorrer à vaga do Brasil no Oscar? Está faltando critério nestas pré-seleções, hein.
19- O filme pode não ser grande coisa, mas pelo menos gerou a ação de marketing em shoppings como a que você vê numa das fotos deste post para que cada um de nós possamos ter o nosso momento Geddel. Vai dizer que você nunca sonhou em tirar fotos com várias malas de dinheiro?
20- Cotação da Corneta: nota 3,5.
PS: Já estou ansioso para ver "Polícia Federal 2 - O inimigo agora é outro".

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Harry Potter

Harry Potter e seus amigos
Há quase dois anos, duas amigas impuseram-me um desafio. Ler todos os livros e ver todos os filmes de Harry Potter. Finalmente, eu li e vi tudo. E agora é chegado o momento do malemolente, enorme e ICONOCLASTA balanço final.
Para começo de conversa, uma pergunta: como vocês ficaram fãs de um livro que incentiva a evasão escolar (pelo menos seis personagens abandonam a escola sem concluir o ensino médio), a falta de estudo (em sete anos, Harry nunca leu "História da Magia", um livro básico) e o alcoolismo entre jovens, pois desde a infância eles bebem cerveja amanteigada, que os livros dão claros sinais de que é alcoólica, e uísque de fogo? Para não falar na obsessão pelo suco de abóbora, um troço que é impossível de ser gostoso.
Em resposta ao famoso crítico literário Harold Bloom, que disse que Harry Potter era muito mal escrito, eu tenho a dizer que ele estava parcialmente certo (ou parcialmente errado, depende de como você vê o copo). Afinal, J.K. Rowling segue aquela receita de bolo de fubá da vovó do interior de Minas em quase todos os livros. Para piorar, ela perde tempo com bobagens, desvia o foco da história em momentos importantes e realmente tem passagens do livro muito mal escritas (ou talvez mal traduzidas, mas aposto na primeira opção). O maior exemplo disso está em "Harry Potter e as Relíquias da Morte", cuja história em si é boa, mas muitas vezes mal executada em um livro cheio de passagens inúteis e desnecessárias. Talvez por isso o filme seja muito, mas MUITO melhor. Pois ele corta todos estes momentos pífios.
De um modo geral, a saga melhora quando Rowling resolve acrescentar novos ingredientes nas receitas do "Cálice de Fogo" e da "Ordem de Fênix". Sua escrita começa a atingir um fiapo de maturidade e até uma "certa inventividade" no "Enigma do Príncipe". O problema é que este livro perde muitos pontos porque boa parte dele parece um grande episódio de "Barrados no Baile". De bom mesmo, só quando ele resolve contar o passado de Voldemort e o seu final. Um final até certo ponto previsível, mas que não deixa de ser interessante.
Em geral, "A ordem de Fênix", "O enigma do príncipe" e "As relíquias da morte" sofrem do mesmo mal: excesso de gordura. Dava para contar umas 250 páginas de um, umas 200 de outro e umas 150 do último livro. J.K. Rowling gasta muita tinta com chorumelas ao invés de desenvolver melhor suas histórias. Um mal que ela conserva até no roteiro de "Animais fantásticos e onde habitam", diga-se de passagem. Se ela não tinha o que dizer, devia ter feito um livro mais enxuto como "O prisioneiro de Azkaban".
Diante dos acontecimentos do final do "Enigma do príncipe", o mínimo que eu esperava em "As relíquias da morte" era um roteiro do Tarantino, quase um "Bastardos Inglórios" teen. E realmente temos várias mortes no último livro. Mas o duelo final entre Harry e Voldemort é tão bunda mole que o livro revela-se um tantinho decepcionante. E mais uma vez o filme mostra-se muito superior neste momento do duelo final.
Precisamos também falar da absoluta falta de criatividade de J.K. Rowling nas "Relíquias da morte". Em três momentos do livro ela usa o MESMO artifício de colocar os personagens bebendo poção polissuco para entrar num lugar. É uma indelével pobreza de ideias que prejudica um livro que tinha tudo para ser muito bom, pois tinha uma história interessante, objetivos definidos, um vilão em vantagem e um herói um busca da afirmação, ao mesmo tempo em que reavalia a vida e o seu passado e é obrigado a fazer escolhas. Mas Rowling estraga tudo com questões menores, muito nariz de cera, pouco ritmo e um sem número de situações inúteis e diálogos pueris.
Outro problema na história como um todo é que Harry é um personagem medíocre. Um mala extremamente carente, cheio de mimimi e que não amadurece quase nada em sete anos. Ao invés de celebrar o fato de ter o maior bruxo do seu universo como mentor e protetor, e, ao invés de pensar em como esses momentos foram incríveis, ele só consegue reclamar que Dumbledore não compartilhou a vida com ele, que a vida é injusta, o mundo é um 7 a 1 desde que nasci, blá-blá-blá. Porra, ele queria um professor ou uma esposa?
Se o Harry é medíocre, o Rony, seu melhor amigo, é um dos piores personagens da história da literatura mundial. Rony é burro, tapado, limitado, só tem péssimas ideias, não evolui, erra constantemente, não amadurece e não é útil em praticamente nada relevante na história. Seus feitos são, em geral, periféricos e esquecíveis. O auge da sua bundamolice acontece no sétimo livro, quando o VOLDEMORT'S REICH está estabelecido, todas as instituições estão ocupadas, os jornais estão alinhados com o governo golpista, sobreviver é preciso e o mané só quer saber de comida. Coitada da Hermione, que teve que aturar esses dois por anos. Haja terapia para resolver isso.
Melhores personagens:
1- Snape - o que tinha o melhor arco dramático, o de histórias mais interessantes, o mais ambíguo e profundo. Não é a toa que no cinema teve que ser vivido por um ator do calibre do Alan Rickman. Urge um spin-off do Snape!
2- Hermione - Ela é tipo o Ptolomeu da "Escolinha do professor Raimundo", aquele que o Chico Anysio sempre falava: "Queria ter um filho assim". Mas lhe falta um pouco de malemolência para não ficar apenas presa ao que dizem os livros. Eu lamento apenas que no sexto livro ela tenha virado uma babona pelo Rony, o que não combina com a sua personalidade forte, decidida e independente. Principalmente, porque era pelo Rony, um desperdício de ser humano.
3- Luna - Se tem alguém de quem eu queria muito ser amigo é a Luna. O seu jeito emaconhado e diferenciado de ver a vida me conquistou. Merecia mais espaço.
4- Gina - No início, eu detestava a irmãzinha Weasley, mas conforme ela foi crescendo e aparecendo, ganhou a minha simpatia.
5- Neville - Sempre nutri alguma simpatia por esse nerd esquisito e aparentemente o único que gostava de estudar herbologia. É um bom coadjuvante e que ganha um protagonismo no último livro.
O racismo élfico - pega muito mal nos filmes a exclusão do Dobby, cujos feitos caem no colo do Neville nos filmes 4 e 5. Mas ao menos o elfo mala brilha no último filme.
Maior erro de J.K. Rowling - não ter juntado o verdadeiro e único casal possível: Hermione Granger e Harry Potter. E não venham de mimimi porque a própria escritora já admitiu que isso foi um erro.
Prêmio cisne dourado - Gina era uma mala sem alça quando surgiu, mas como o passar do tempo ela evoluiu, amadureceu e ninguém pegou mais gente na escola que ela. Passou o rodo em geral enquanto Harry ainda era BV. E mesmo depois que Harry deu o primeiro beijo (que no cinema gerou uma das piores cenas de beijo da história), Gina continuou sem tomar conhecimento das rivais. Ela realmente é a metáfora do patinho feio que virou cisne.
Ranking dos livros:
1- Harry Potter e o Cálice de Fogo
2- Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban
3- Harry Potter e as relíquias da morte 
4- Harry Potter e o enigma do príncipe
5- Harry Potter e a ordem de Fênix
6- Harry Potter e a câmara secreta 
7- Harry Potter e a pedra filosofal

Ranking dos filmes:
1- Harry Potter e as relíquias da morte - o diretor David Yates e o roteirista Steve Kloves conseguiram uma façanha: tirar toda a mediocridade do livro e o transformar num filme até bom. Não tem o mimimi do Harry, são cortadas todas as partes insignificantes, é retirada a trama desnecessária do Dumbledore e as cenas de ação são melhores - nota 7.
2- Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban - O Alfonso Cuarón devia ter feito todos os filmes. Ele tirou toda a gordura do livro e focou no essencial. E algumas passagens ficaram melhor no filme do que no livro - nota 7
3- Harry Potter e a ordem de Fênix - Um filme que dá algumas soluções interessantes para o calhamaço escrito por Rowling na primeira metade, mas a coisa desanda um pouco na segunda metade e o David Yates toma algumas decisões que eu considerei equivocadas. - nota 5,5.
4- Harry Potter e o enigma do príncipe - Corta muito bem boa parte dos momentos "Malhação" e dá uma boa opção pela sua pegada sombria, que condiz com o momento da história, mas falha dramaticamente em incluir cenas que não existem no livro, optar por saídas ruins para algumas tramas e por ter um final picolé de chuchu, omitindo toda a cena de combate - nota 4,5.
5- Harry Potter e a câmara secreta - Acelerado, superficial, não explora os bons momentos do livro e as cenas capitais ainda são ruins - nota 4.
6- Harry Potter e a pedra filosofal - Um filme com problemas de edição e ritmo que consegue ser inferior a um livro que nem é grande coisa - nota 3,5.
(Abismo enorme)
(Grand Canyon)
7- Harry Potter e o cálice de fogo - É uma das piores coisas já feitas na história do cinema mundial. Só comparável a "Titanic" e "Tropas Estelares" - nota 1.