quinta-feira, 17 de novembro de 2016

'Animais fantásticos' e de freio de mão puxado

Redmayne e sua mala de criaturinhas
Dinheiro compra felicidade sim, mas também traz muito problema. Por exemplo, a ambição de querer fazer muito dinheiro com uma sequência infindável de histórias traz problemas de narrativa. E o maior problema de "Animais fantásticos e onde habitam" foi ele ter sido planejado como uma franquia de cinco filmes.

Concebido como um "spin-off" de "Harry Potter", a famosa franquia que resultou em oito filmes de muito sucesso a partir da obra infanto-juvenil de J.K.Rowling, "Animais fantásticos" poderia ser um filme muito mais legal do que é se o carro não saísse da segunda marcha. Afinal, a agora roteirista Rowling sabia que o sucesso de sua nova empreitada seria inevitável e tratou de esticar a corda o máximo que pode. 

Mas isso não significa que o filme não tenha os seus méritos. O primeiro é a escalação de Eddie Redmayne como o mágico Newt Scamander, o autor dos livros sobre monstros e animais da terra que as crianças estudam em Hogwarts. Excelente ator, ele carrega a história com o seu habitual brilhantismo e uma mistura de timidez e jeito sibilante com o imbatível sotaque britânico.

O segundo ponto está nas criaturas mágicas. Realmente criativas e diferentes que fazem o público se divertir. O Pelúcio certamente vai conquistar uma legião de fãs. E há os efeitos especiais muito bem feitos.

Referências aqui é ali de Harry Potter (os feitiços, nome de personagens) e uma jogada de mestre de Rowling em criar todo um universo mágico dos Estados Unidos - lá também tem uma escola de magia e os humanos são chamados de não-maj ao invés de trouxas - também farão os fãs da velha saga saírem encantados.

Mas, infelizmente, não é o suficiente para segurar um filme por 2h10min. Basicamente, temos dois enredos no roteiro de Rowling filmado por David Yates, diretor de todos os filmes de Harry Potter a partir de "Harry Potter e a ordem de Fênix" (2007). 

1. Scamander se envolve em uma confusão, deixa animais que andou coletando em expedições (ele é uma espécie de Darwin do mundo mágico) escaparem de sua mala e precisa recuperá-los para que os mágicos não sejam descobertos pelos humanos. 

2. Uma grande ameaça se abate sobre Nova York, ao mesmo tempo em que paira sobre o mundo a ameaça do retorno de Grünewald (qualquer semelhança com Voldemort não é mera coincidência).

Isso é algo que se resolveria em meia hora, e o filme poderia avançar mais na história em busca de outros problemas, momentos de clímax... Mas, é preciso segurar a história para avançar no segundo filme, terceiro e assim por diante.

Fica então, a expectativa sobre o que esperar de Johnny Depp no filme 2. Pois ele vem que vem feroz....

Contudo, "Animais fantásticos e onde habitam" pode ser uma boa diversão. E um momento de nostalgia para os órfãos de Harry Potter, que agora podem estar se perguntando quando as duas tramas vão se encontrar.

Até lá, porém, será um longo caminho. Enquanto isso, o filme ganhará da Corneta uma nota 6,5. 

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Guns para lavar a alma

Slash de volta para casa/Marcelo Alves
Falem mal, mas falem do Axl. O gordinho deu a volta por cima como um Renato Gaúcho chegando no Fluminense em 1995 para fazer o gol de barriga e voltar a ser ídolo nacional. E aqui você tem os comentários mais malemolentes desse show ÉPICO:

Para começo de conversa, o show atrasou apenas VINTE minutos. Nada mal. Parabéns, Axl. Melhor do que isso só se fosse pontual.

Axl está acima do peso. Não julgo. Afinal, quem sou eu para falar isso se eu também estou? Mas essa condição fez o cantor trocar o passinho da lombriga, aquele que desliza os joelhos e os calcanhares lateralmente, por uma coisa mais balançando a pancinha para frente e para trás.

Seus colegas estão obviamente mais em forma. Slash deve fazer cinco horas de musculação por dia. É quase um halterofilista. Já o Duff não mudou nada. Pelo menos de longe.

- Chega de falar de físico que isso aqui não é ACADEMIA. O show foi foda. O melhor disparado dos cinco que eu vi.

- Mas por que foi bom? Bom, ninguém duvidava da capacidade de Duff e Slash com seus instrumentos. A dúvida estava obviamente em Axl, que fora constrangedor no Rock in Rio. Pois o cantor se preparou e fez bonito. Cantou muito, mas muito bem. É claro que não foi o Axl dos anos 90, mas foi alguém que cuida do seu legado.

- Os fãs que me perdoem, mas o atual baterista é melhor do que Steven Adler. Se for falar do Matt Sorum então... nem devia citar os dois nomes na mesma frase.

- Abriu com "It's so easy". Excelente canção abre-alas

- Teve "Nightrain", "Don't cry", "Sweet Child O'Mine", "Yesterday" e as ÉPICAS "November Rain" e "Estranged".

- Para não falar na canção-homenagem ao Rio: "Welcome to the jungle"

-  O que faltou? Ora, o esperado dueto entre Axl e sua best friend, Alcione, The Brown. Seria lindo vê-los cantando "Sweet Child O'Mine". E ela ainda estava no Engenhão. Perdemos a chance.

O que não era necessário? Músicas do "Chinese Democracy". Imagina o Axl virando pro Slash antes da turnê e dizendo: "Ok, a gente vai fazer show. Mas você tem que aprender a tocar essas musicas aqui". Aí ele: "Não fode. A gente fez coisa muito melhor junto". Mas não conseguiu dobrar o Axl porque ninguém dobra o Axl.

"Coma", grande canção. Mas pareceu não empolgar muito a galera.

- De todos os clichês que tanto aguardamos, faltou o Slash subir no piano em "November Rain". Mas teve "Poderoso Chefão".

Como é bom quando a banda está na sua verdadeira formação. Soou claramente como o Guns N'Roses e não como uma banda cover.

- - Cotação da Corneta: muito bom show, pura nostalgia. Nota 8.