sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Best of 2010 – Música

Antes de qualquer coisa, é preciso deixar claro que aqui em Memórias da Alcova não tem esse negócio de ficar exaltando shows para meia dúzia com artistas que ficam duas horas dedilhando o violão num “silêncio ensurdecedor”. Gostamos dos mares revoltos do rock’n’roll.

E antes de fazer a minha tradicional lista dos melhores e piores shows do ano, cabe apenas um comentário sobre um disco. Não sou de falar de discos porque raramente escuto lançamentos, pois raramente há bons lançamentos, mas o disco novo do Iron Maiden, “The Final Frontier”, é para guardar num canto especial da sua CDteca. Se você ainda compra CDs, evidentemente. Não posso dizer que é o álbum do ano porque não ouvi o tudo que deveria para isso, mas é coisa para ficar entre os dez mais.

Dito isto, vamos à minha lista de melhores shows do ano. Em ordem decrescente, lá vão as pedradas que sacudiram 2010.

5º lugar – Guns N’RosesAxl Rose e sua nova banda desembarcaram no Brasil em abril para a turnê do disco “Chinese Democracy”. O show na realidade estava marcado para o final de março, mas um dilúvio de proporções bíblicas no Rio de Janeiro fez cair um pedaço do palco e cancelar a apresentação. Com tudo seco, os fãs ainda tiveram que esperar duas horas para que Axl finalmente subisse ao palco já na madrugada de uma segunda-feira para tocar. A espera foi compensada com um excelente e surpreendente show para quem esperava que Axl estivesse morto. O cara mandou bem, tocou velhos clássicos e mostrou que está acompanhado de uma ótima banda. Mas dá próxima vez, Axl, vê se não atrasa tanto.

4º lugar – Stone Temple Pilots – Não fosse o convite de uma amiga eu não teria visto um dos melhores shows de 2010. Foi isto que me levou ao Circo Voador no último dia 11 para perceber que Scott Weiland continua sendo um bom frontman. Colocou a galera no bolso seja com os vários hits da banda ou com as músicas novas. E eu só tenho a agradecer por ter aceitado aquele convite.

3º lugar – Franz Ferdinand – Em 2006, o Franz Ferdinand já tinha entrado no meu top 3 com o show que fez na Fundição Progresso. Nesse ano, a banda escocesa voltou ao Brasil em março para novamente sacudir a mesma Fundição. Como descrevi na época, a banda está cada vez melhor e já merece um espaço maior para tocar quando voltar a Pindorama. Alex Kapranos e cia vieram para lançar o bom disco novo, “Tonight: Franz Ferdinand”, e se divertiram muito com a platéia. Teve até mosh do Kapranos.

2º lugar – Rush – Em outubro, os canadenses do Rush vieram a Apoteose para o show da turnê “Time Machine”. O resultado foi uma apresentação quase perfeita de Geddy Lee, Alex Lifeson e Neal Peart. O Rush fez um show 100% bom, o que é raro de encontrar hoje em dia, e não apenas musicalmente excelente como divertido e bem humorado. Só não foi o melhor do ano porque havia um Sir no meio do caminho.

O melhor do ano – Paul McCartney – Foi por muito pouco mesmo que o Rush não ganhou o prêmio Memórias da Alcova de show do ano. Mas aí eu resolvi pegar a estrada e ir para São Paulo para conferir uma das últimas chances de ver Paul McCartney ao vivo. O cara está com 68 anos e sabe-se lá quando vai voltar ao Brasil e se vai voltar. O resultado foi um show memorável de Sir Paul, daqueles para ficarem gravados décadas na cabeça de quem esteve presente no Morumbi. Teve Beatles, teve Wings, teve Paul carreira solo, tudo misturado em quase três horas em que Paul cantou, tocou baixo, guitarra, piano e o que mais aparecesse na sua frente e mostrou que era um showman de primeira. Ganhou (por pontos, mas ganhou) o meu voto para o espetáculo de 2010.

O pior show – Seria fácil puxar da minha listagem o Fresno, que abriu para o Bon Jovi no dia 8 de outubro e fez uma apresentação muito ruim. Mas o próprio Bon Jovi não disse a que veio e merecia figurar aqui pelo menos com uma medalha de prata entre os piores. Deixou muito a desejar na sua passagem na Apoteose pela turnê do “The Circle”. Não apenas pelo que vi, mas também pelo que me contaram os fãs que estiveram em São Paulo, onde o show, eles dizem, foi maior (três horas ao contrário das pouco mais de duas horas no Rio) e melhor (set list paulista foi mais interessante).

Mas a minha escolha vai para uma outra banda que esperava ainda mais. O Coldplay desembarcou na mesma Apoteose em fevereiro para a turnê do “Viva La Vida” cercado de bastante expectativa e fez o chamado voo de galinha. Começou muito bem, mas por volta de uma hora e pouco de espetáculo eu já estava olhando o relógio para ver quando ia acabar aquilo tudo. Faltou pegada, faltou repertório, faltou um set list melhor distribuído, faltou garra, faltou muita coisa ao Coldplay, o pior show de 2010. Quem sabe no Rock in Rio eles não voltam mais inspirados?

No próximo post, os melhores e os piores do ano no cinema

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