terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Comentários e a seleção do Brasileiro

O Fluminense construiu uma das histórias mais bonitas que eu já vi no esporte. Lembremos que há um ano e meio, o time estava no fundo do poço, praticamente rebaixado para a segunda divisão e sem qualquer perspectiva, mas com uma arrancada heróica daquelas de cinema conseguiu escapar de mais uma degola, que seria a terceira de sua história. A torcida que sempre empurrou o time e fez festas espetaculares não merecia mesmo isso.

Veio 2010 e de repente o time virou o jogo. Trouxe um técnico competentíssimo e finalmente soube contratar nas posições que o time precisava. Tudo bem que as vindas de Deco e Belletti não deram muito resultado, mas talvez tenha sido um período de adaptação para um 2011 bem melhor. O próprio Dario Conca, hoje considerado por nove entre dez pessoas o craque do campeonato, também teve um início difícil no Vasco. A questão da adaptação (ou readaptação no caso de repatriados) é importante.

E Muricy Ramalho em sete meses fez um time que morrera duas vezes na praia na Libertadores e na Copa Sul-Americana ser campeão brasileiro apesar de todos os problemas (lesões, convite da CBF para a seleção, suspensões, arbitragens estranhas beneficiando o Corinthians). Como negar quando o atacante Emerson disse que “o cara é sacanagem”?

Do inferno a glória se passou um ano. E o Fluminense é o legítimo e justo campeão brasileiro (não há injustiça em campeonatos de pontos corridos). Com roteiro de Hollywood e tudo.

Terminado o campeonato, é chegada a hora de fazer a minha seleção. E ela ficou assim:

Goleiro: Jefferson (Botafogo) – Foi uma grande temporada do goleiro alvinegro. Claro que Fábio também fez grandes defesas e um bom campeonato pelo Cruzeiro, mas Jefferson foi um dos responsáveis pela excelente campanha do Botafogo que terminou em sexto lugar. Fez ótimas partidas e seu desempenho ainda o levou para a seleção brasileira.

Lateral-direito: Mariano (Fluminense) – Símbolo da trajetória de reerguimento do Fluminense, Mariano também foi do inferno ao céu em um ano. De lateral vaiado e xingado pelos torcedores, passou a ser figura fundamental no time. Ninguém mais pensa o Flu sem ele, que graças ao excelente desempenho em campo foi convocado por Mano Menezes para a seleção brasileira. Fez um grande campeonato.

Dupla de zaga: Dedé (Vasco) e Leandro Euzébio (Fluminense) – No início do campeonato se eu pensasse que no fim esta seria a minha dupla de zaga ficaria preocupado com minha saúde mental. Mas não é que Dedé fez um grande Brasileiro e foi uma grata revelação. E Leandro Euzébio? Apesar da pixotada contra o Palmeiras foi um dos pilares da melhor defesa da competição. Acho que não preciso ir para o hospício. Ainda.

Lateral-esquerdo: Roberto Carlos (Corinthians) – Tudo bem. O Carlinhos fez o cruzamento do título e algumas boas partidas, mas não chegou a jogar muito para ser escolhido. O Diego Renan não fez um mau campeonato, mas também não me convenceu plenamente. Roberto Carlos entrou aqui por falta de opção. Não que o lateral do penta tenha ido mal. Foi regular, sempre com boas ou corretas atuações. E nesta posição muito carente no futebol brasileiro, isso bastou.

Dupla de volantes: Elias e Jucilei (Corinthians) – Aqui meio que foi barbada. Se Diogo e Diguinho, ambos do Fluminense, tivessem jogado mais vezes na competição, talvez até pudessem entrar na briga. Como não o fizeram por causa de várias lesões e a dupla corintiana esteve impecável no Brasileiro, é ela que abre o meu meio-campo.

Dupla de meias: Montillo (Cruzeiro) e Conca (Fluminense) – Aqui outra barbada. Ninguém jogou mais do que a dupla de argentinos. Montillo desde que chegou ao Cruzeiro foi o toque de classe que levou a equipe mineira ao merecido vice-campeonato nacional. E Conca, bem, o cara jogou todas as partidas, marcou nove gols, deu 18 assistências. Foi o craque do campeonato indiscutivelmente.

Ataque: Jonas (Grêmio) e Loco Abreu (Botafogo) – O grande ponto de discordância em relação às listas que andei vendo por ai. Sim, Neymar não está na minha seleção. Não acho que a jovem estrela do Santos tenha feito um grande campeonato apesar de seus 17 gols. Acho que ele se envolveu muito mais em confusões do que brilhou dentro de campo, o que verdadeiramente aconteceu até a decisão da Copa do Brasil. Por isso e também porque considero que Loco Abreu fez um belo campeonato e foi importante na boa campanha do Botafogo é que acho que o uruguaio merece ser lembrado. Fez seis gols a menos do que Neymar, mas foi fundamental para o alvinegro.

No caso de Jonas, ele parece ser uma unanimidade. Foi o artilheiro da competição com 23 gols e desde 2004 um jogador não fazia tantos gols. Na ocasião, Washington foi o artilheiro com 34 gols jogando pelo Atlético-PR. Sim, aquele mesmo que está há 15 jogos sem marcar pelo Fluminense.

Técnico: Muricy Ramalho (Fluminense) – A escolha do treinador foi a mais difícil para mim. Tinha quatro excelentes opções e decidi de forma pragmática. Muricy foi o escolhido porque fez em sete meses um trabalho quase milagroso de conduzir um time que estava há 26 anos sem ganhar conquistar o campeonato. Para mim, ele só seria superado por Joel Santana ou Renato Gaúcho se um dos dois tivesse levado Botafogo ou Grêmio, respectivamente, a uma vaga na Libertadores sem depender de ninguém. Hoje o Grêmio depende do Goiás. Mas foram dois grandes trabalhos. E Cuca fez o seu Cruzeiro praticar o melhor futebol na parte final do Brasileiro, mas faltou-lhe o título para ser coroado.

Concluindo - Então a seleção ficou assim: Jefferson (Botafogo), Mariano (Fluminense), Dedé (Vasco), Leandro Euzébio (Fluminense) e Roberto Carlos (Corinthians); Jucilei (Corinthians), Elias (Corinthians), Montillo (Cruzeiro) e Conca (Fluminense); Jonas (Grêmio) e Loco Abreu (Botafogo). Técnico: Muricy Ramalho (Fluminense). Em comparação com o time do ano passado, só um jogador permanece: Conca. É bom demais esse argentino. (Todas as fotos do post são da agência Photocâmera).

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