sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Best of 2010 - Cinema

Finalizando os posts retrospectivos, chegou a hora de abordar os melhores do cinema em 2010, o momento mais esperado pelos meus cinco leitores. Como sempre, não foi fácil montar as listas em 20 diferentes categorias criadas por Memórias da Alcova. Das mais tradicionais às alternativas como melhores cenas de sexo e de briga. Algo que, na minha modesta opinião, o Oscar deveria adotar também. Daria o maior ibope.

Me debrucei em 58 dos 279 trabalhos lançados neste ano e foi a partir disso que montei minhas listas do bem e do mal. Se faltou algo, pode ser que eu não tenha visto ou simplesmente tenha esquecido. Então, é só complementar na caixa de comentários abaixo. Comecemos logo pelo momento mais esperado, o top 10 da Alcova.

Difícil chegar nestes dez mais de 2010. Comecei com uma lista de 17, mas um primeiro corte tirou da disputa os bons filmes “Um sonho possível”, “Tudo pode dar certo”, “Wall Street – o dinheiro nunca dorme”, “Film Socialisme”, “O mundo imaginário do Dr. Parnassus” e “À prova da morte”. Faltando um para cortar, fiquei na dúvida entre três filmes e acabei tirando “A rede social”, o que pode ser polêmico. Embora o filme de David Fincher seja muito bom, gostei mais de outros e além disso, acho que o diretor tem pelo menos outros dois trabalhos melhores: “Clube da Luta” e “Seven”. Assim sendo, vamos aos dez mais.

10º lugar – “Vício Frenético” – Um excelente trabalho de Werner Herzog sobre um policial viciado (Nicolas Cage, em sua melhor atuação em anos) que se envolve em uma série de problemas. Cage faz um grande anti-herói numa caótica Nova Orleans.

9º lugar – “Um homem misterioso” – Filmaço de Anton Corbijn que ficou pouco tempo em cartaz no Brasil. Versa sobre um assassino vivido por George Clooney que está cansando, quer se aposentar e busca um redenção que se provará improvável. Ótima atuação de Clooney.

8º lugar – “A fita branca” – A gênese do mal num vilarejo do interior da Alemanha descrita pelo austríaco Michael Haneke. Um ensaio sobre a origem do nazismo a partir de um microcosmo de pura maldade e sadismo.

7º lugar – “O escritor fantasma” – Se em 2010, Roman Polanski apareceu mais nos jornais por sua prisão ainda por causa daquele velho caso de estupro nos Estados Unidos, houve tempo para ele lançar um ótimo trabalho estrelado por Ewan McGreggor sobre um ghost writter que tem que escrever uma biografia de um senador vivido por Pierce Brosnan de passado suspeito e ligações profundas com órgãos do governo nada republicanos.

6º lugar – “Tetro” – A volta de Francis Ford Coppola numa saga de conflitos familiares envolvendo dois irmãos, um maestro famoso e surpreendentes revelações no seu desfecho.

5º lugar - “Ilha do medo” – Foi um ano em que grandes diretores reapareceram no meu top 10. Este trabalho é de Martin Scorsese e mostra uma dupla de investigadores vivida por Leonardo DiCaprio e Mark Ruffalo tentando descobrir o autor de um assassinato na tal ilha onde funciona um manicômio. Mas o resultado desse trabalho será mais surpreendente do que o espectador imagina.

4º lugar - “Tropa de Elite 2” – A continuação da saga do Bope comandada por José Padilha mostra um Capitão Nascimento mais experiente, ainda com os velhos ideais, mas se arrependendo de alguns “tiros” do passado. Agora o inimigo são as milícias e o trabalho do diretor mostra que o Rio ainda está muito longe da paz.

3º lugar – “Um homem sério” – O divertidíssimo filme dos irmãos Coen mostra o professor Lawrence “Larry” Gopnick (Michael Stuhlberg) não vivendo, digamos, um bom momento na vida. Roteiro bem-humorado e um excelente trabalho de direção.

2º lugar – “A origem” – Leonardo Di Caprio, que parece só fazer filme bom, está de volta aqui neste trabalho de Christopher Nolan num thriller de tintas freudianas sobre um grupo que invade os sonhos alheios para descobrir segredos ou plantar ideias, o grande desafio da equipe comandada por ele. É um Matrix elevado a quarta potência.

1º lugar – “O segredo dos seus olhos” – Desde que eu comecei com esta brincadeira, “O segredo dos seus olhos” é o primeiro filme que não é falado em inglês a figurar no primeiro lugar do meu top 10 (2006 – “Os Infiltrados”, 2007 – “Diamante de Sangue”, 2008 – “Sangue Negro” e 2009 – “Bastardos Inglórios”). Já seria merecido só pela passagem em que Juan José Campanella filma o estádio do Racing em um jogo, mas o segredo desse filme argentino está nas excelentes atuações, no ótimo roteiro e em um desfecho (e eu confesso ter predileção por esse tipo de filme) que é de te jogar da cadeira. Por isso que “O segredo dos seus olhos” ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro superando justamente o favorito “A fita branca” e foi eleito o melhor de 2010 por Memórias da Alcova.

Piores Filmes – Abaixo, a lista das cinco bombas de 2010.

5º lugar – “Preciosa – uma história de esperança” – Ganhou um Oscar, foi muito elogiado, mas a mim não me convenceu. Historiazinha chata, cheia de clichês e de um apelo sentimental quase histriônico. Não deu. Não engoli e não dá para ver Mariah Carey como atriz.

4º lugar – “Atração Perigosa” – Outro filme bastante elogiado pela crítica, mas que também não me convenceu. De bom, apenas as boas atuações de Rebecca Hall e Jeremy Renner. Mas Ben Affleck em dose tripla (na frente e atrás das câmeras e escrevendo o roteiro) não foi nada convincente. E ainda tem outra cantora aqui tentando dar uma de atriz. Desculpe Fergie, mas também foi difícil encontrar razões para vê-la no filme.

3º lugar – “Encontro Explosivo” - Falando em clichês, este filme estrelado por Tom Cruise e Cameron Diaz é uma coleção deles. Tudo bem que a ideia era exatamente brincar com isso, mas os dois estão muito canastrões e o filme não funciona.

2º lugar – “Salt” – Eu amo Angelina Jolie, mas ao contrário do que acha Roberto Carlos, o amor tem limites e o meu é “Salt”. Filme ruinzinho, com uma história sem pé nem cabeça, roteiros cheios de avenidas soltas (pontas é pouco). Tenta na próxima Angelina. Mas você continua sendo minha musa eterna.

1º lugar – “Fúria de Titãs” – Definitivamente o filme mais constrangedor do ano. O trabalho de Louis Leterrier é todo ruim. Do protagonista Perseus (Sam Worthington) ao momento para ser esquecido de Liam Neeson vivendo Zeus. Definitivamente, os americanos não sabem fazer filmes sobre mitologias e histórias gregas em geral, vide “Tróia”.

Decepções – “Atração Perigosa” e “Minhas mães e meu pai” – O primeiro pelos motivos já expostos acima na lista dos piores. No caso do segundo, faltou a história ser mais convicente. Se era para valorizar o casal de lésbicas vivido por Annette Benning e Julianne Moore deviam ter combinado com Mark Ruffalo, que roubou a cena e é o que o filme tem de melhor.

O herói do ano – Foi muito difícil escolher o herói do ano. Robin Hood (Russel Crowe) e o novo Sherlock Holmes (Robert Downey Jr.) eram boas escolhas, mas tinha ainda um Nelson Mandela (Morgan Freeman) em “Invictus” e toda a bela história dirigida por Clint Eastwood. Mas no final fiquei entre dois nomes. Um óbvio, o Capitão Nascimento (Wagner Moura) e outro nem tanto. Nascimento realmente amadureceu e virou um grande herói, mas eu gosto dos heróis militares americanos também e Liam Neeson dá um show no papel do coronel John Hanibal Smith em “Esquadrão Classe A”. Como Memórias da Alcova não fica em cima do muro, Hannibal Smith é o herói do ano.

O vilão do ano – Ivan Vanko (Mickey Rourke) atrapalhou bastante Tony Stark (Robert Downey Jr.) em “Homem de Ferro 2” e Mary (Mo’Nique) é o cão chupando manga em “Preciosa”, mas Stuntman Mike (Kurt Russel) também tem seu valor. Só que neste quesito ninguém superou o gênio da maldade Lorde Blackwood (Mark Strong), o vilão que Sherlock Holmes teve que se desdobrar para mandar para a vala de Londres. Sorry, pelo palavreado emprestado Capitão Nascimento.

A frase do ano – Convenhamos que Vera Farmiga virar para George Clooney e dizer “Me imagine como se fosse você com vagina” em “Amor sem escalas” tem impacto, mas não dá para fugir de “Tropa de Elite 2” para dizer que “você tem que me ajudar a te ajudar”, a frase do ano dita pelo Sargento Rocha (Sandro Rocha).

A musa do ano – Minha categoria favorita. Tivemos em 2010 Scarlett Johansson ruiva vivendo a Viúva Negra em “Homem de Ferro 2”, Rose McGowan fazendo a dança da cadeira para Kurt Russell em “À prova da morte” e Eva Mendes, a linda Eva Mendes, que quase fatura o bicampeonato só por aparecer em “Vício Frenético” como a namorada de Nicolas Cage. Tivemos ainda Soledad Villamil a musa de Ricardo Darín em “O segredo dos seus olhos”. Mas fiquei entre duas candidatas. A linda Anna Mouglalis vivendo a personagem título de “Coco Chanel e Igor Stravinsky” e Vera Farmiga, aquela mesma da frase da vagina acima. Decisão difícil, mas eu tenho um fraco por morenas, eu tenho um fraco por francesas. Não tinha como o prêmio não ficar como Anna Mouglalis, 32 anos, a musa de 2010.

A melhor cena de sexo – Anna, aliás, estrelou belas cenas de sexo com Mads Mikkelsen em “Coco Chanel e Igor Stravinsky”, mas se tem algum coisa que presta em “Um quarto em Roma” são exatamente as cenas calientes entre Elena Anaya (Alba) e Natasha Yarovenko (Natasha). Como o filme de Julio Medém é basicamente sexo entremeado por bate-papo, ficamos assim: Tudo o que acontece naquele quarto de Roma é o pacote da melhor cena de sexo de 2010.

A melhor cena de briga – Estava pronto para cravar o Sherlock Holmes brigando com um grandalhão numa engraçada parte de “Sherlock Holmes”. “Machete” também tem boas disputas, mas a briga de 2010 é a estrelada por Joseph Gordon-Levitt (Arthur) contra um segurança dentro de um sonho em “A Origem” com direito a desafios a gravidade.

O retorno do ano – Não é nenhum personagem, mas um diretor. Francis Ford Coppola com o seu “Tetro” foi um retorno em grande estilo aos cinemas.

O francês do ano – Outro que andava meio sumido é o responsável pelo meu filme francês do ano. Jean-Luc Godard reapareceu nos cinemas com “Film Socialisme” para mostrar que continua sendo um gigante.

O brasileiro do ano – Se entrou no meu top 10, não poderia deixar de figurar como o grande destaque do cinema nacional em 2010. “Tropa de Elite 2” é o filme brasileiro do ano.

Melhores roteiros – Dos filmes que ficaram de fora do meu top 10 inicial, vale ressaltar os trabalhos de Anthony Peckham em “Invictus”, Woody Allen em “Tudo pode dar certo”, Terry Gilliam e Charles McKeown em “O mundo imaginário do Dr. Parnassus” e Chris Greenhalgh em “Coco Chanel e Igor Stravinsky”. Michael Haneke (“A fita branca”), Robert Harris (“O escritor fantasma”), Rowan Joffe (“Um homem misterioso”) e Francis Ford Coppola (“Tetro”) também fizeram ótimos trabalhos.

Mas meu top 3 fica com Bráulio Mantovani por “Tropa de Elite 2”, Juan Jose Campanella por “O segredo dos seus olhos” e, o melhor de todos, Christopher Nolan por “A Origem”.

Os piores roteiros – O mais constrangedor de todos foi sem dúvida o de “Fúria de Titãs” escrito por Travis Beacham e Matt Manfredi. Mas teve muita coisa ruim em “Nine” (Michael Tolkin e Anthony Minghella), “Entre Irmãos” (David Benioff), “Encontro Explosivo” (Patrick O’Neill), “Lula, o filho do Brasil” (Fernando Bonassi, Denise Paraná e Daniel Tendler) e “Preciosa” (Geoffrey Fletcher).

Melhores diretores - Paul Greengrass fez um belo trabalho em “Zona Verde”, assim como Woody Allen em “Tudo pode dar certo”, Terry Gilliam em “O mundo imaginário do Dr. Parnassus”, Roman Polanski em “O escritor fantasma” e Quentin Tarantino em “À prova da morte”. Gosto muito do trabalho de José Padilha em “Tropa de Elite 2” e de Jan Kounen em “Coco Chanel e Igor Stravinsky”. Os irmãos Coen ficam com um honroso quarto lugar por “Um homem sério” enquanto o lugar mais baixo do pódio fica com Christopher Nolan por “A Origem”. Os dois melhores? Fico com Juan Jose Campanella por “O segredo dos seus olhos” e o campeão de todos, Francis Ford Coppola por “Tetro”.

Piores diretores – Vamos combinar que é o ano de “Fúria de Titãs”. Num filme em que tudo é ruim, o framboesa do horror na direção só podia ir para Louis Leterrier. Concorrendo com ele e fazendo força para ganhar estiveram James Mangold (“Encontro Explosivo”), Philip Noyce (“Salt”) e Jim Sheridan (“Entre Irmãos”).

Melhores atuações masculinas – Leonardo di Caprio entraria aqui duas vezes por “A Origem” e “Ilha do Medo”. Robert Downey Jr. também está muito bem em “Sherlock Holmes”, assim como Jesse Eisenberg (“A rede social”), Javier Bardem (“Comer, Rezar, Amar”) e George Clooney (“Um homem misterioso”). Wagner Moura (“Tropa de Elite 2”) fica com o meu quarto lugar enquanto Nicolas Cage entra no pódio por “Vício Frenético”. O segundo melhor trabalho de 2010 fica com o vencedor do Oscar Jeff Bridges por “Coração Louco” e o melhor só poderia ir para Ricardo Darín por “O segredo dos seus olhos”.

Piores atuações masculinas – Adivinha quem está no topo? Sam Worthington, o Perseus de “Fúria de Titãs”. Muito perto dele estiveram Ben Affleck por “Atração Perigosa” e Shia LaBeouf, a figura destoante de “Wall Street – o dinheiro nunca dorme”. Correndo por fora e desejando um lugar neste pódio, Mark Whalberg dois tons acima em “Um olhar do paraíso”, Tom Cruise e seu espião esquisito de “Encontro Explosivo” e Jake Gyllenhaal por “Entre Irmãos”.

Melhores atuações femininas – A única coisa que salva “Lula, o filho do Brasil” é Glória Pires no papel de Dona Lindu, a mãe do Lula. Ele é a razão do filme não ser um dos piores do ano. Vera Farmiga também está excelente em “Amor sem escalas” assim como a minha musa de 2010 Anna Mouglalis no papel de Coco Chanel em “Coco Chanel e Igor Stravinsky”. Vale destacar o bom trabalho de Kristin Scott-Thomas como a tia de John Lennon em “O garoto de Liverpool”, de Emily Blunt como a rainha Vitória em “A jovem rainha Vitória” e de Naomi Watts em “Você vai conhecer o homem dos seus sonhos”. Mas o ano – e eu nunca pensei que um dia eu diria isso – foi de Sandra Bullock e sua atuação em “Um sonho possível”. Seu trabalho no papel de Leigh Anne Tuohy foi o vencedor do Oscar de 2010 com merecimento.

Piores atuações femininas – A dupla Elena Anaya e Natasha Yarovenko encabeça fácil essa lista por “Um quarto em Roma”. Lista que tem ainda Cameron Diaz por “Encontro Explosivo” e Elizabeth Banks, que não me convenceu nem um pouco em “72 horas”.


E assim termina o Best Of 2010. Ano que vem é claro que eu continuarei cornetando tudo. Até a próxima e um feliz Ano Novo. Como diria uma antiga professora de inglês “See you later alligator, see in a while crocodile”.

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