quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Best of 2010 – Esportes

Já virou tradição aqui no blog. Para justificar a minha condição de jornalista exposta ali no canto direito, faço todo fim de ano as minhas listas de melhores, piores, micos, etc, que é sempre ironicamente chamada de Best Of, pois normalmente era com esse nome que as bandas costumavam lançar seus CDs de coletâneas no tempo em que se lançava CDs. Isso está ultrapassado. Comprar disco e coisa de velhos e românticos. Me incluo apenas (e por enquanto) na segunda categoria.

Então vamos começar a brincadeira para alimentar as discussões no bar neste resto de 2010.

Dez jogos marcantes de 2010 – Em ordem cronológica, dez partidas que entraram para os anais do esporte.

Jogo maluco na Copa Africana de Nações – O que você faria se o seu time estivesse aos 34 minutos do segundo tempo vencendo uma partida por 4 a 0? Claro que você estaria feliz da vida, comemorando e ainda dando uma sacaneada no rival. Era quase isso que os torcedores de Angola estavam fazendo na abertura da Copa Africana de Nações no dia 10 de janeiro. Quatro a zero, gols de Flavio (2), Manucho e Gilberto e vitória e bicho garantido, certo? Errado. Mali buscou uma reação que parecia impossível e com Keita aos 34, Kanouté aos 43, Yatabaré aos 47 e novamente Keita, pasmem, aos 49 do segundo tempo, chegou ao empate! No final ficou só a imagem de um jogador de Angola dando um soco na cobertura do banco de reservas. Que tristeza para os angolanos, mas que jogão.

A santa vitória de New Orleans – No dia 7 de fevereiro, os deuses do esporte aprontaram mais uma vez. De um lado, no Super Bowl disputado no Sun Life Stadium, em Miami, estava o favoritíssimo Indianápolis Colts de Payton Manning. Do outro, o surpreendente New Orleans Saints do quarterback Drew Brees, que por causa de uma lesão no ombro quase encerrou a carreira. Mas o mundo parecia torcer por New Orleans, que cinco anos depois ainda se reerguia da trágica passagem do furacão Katrina pela cidade. E quando Tracy Porter interceptou Manning e correu sozinho para marcar o touchdown que deu a vitória ao Saints por 31 a 17 uma das histórias mais bonitas do esporte americano foi escrita. Foi o primeiro título da história de New Orleans, cujo time foi fundado em 1967. E tem quem diga que futebol americano não é emocionante.


Um brilhareco de Ronaldinho – Dois mil e dez foi o ano em que eu torci muito pelo Ronaldinho, mas ele não me ajudou. Torci por sua convocação para a Copa (mas o Dunga não gosta de futebol), torci para que ele voltasse a ser o jogador genial do Barcelona, mas só quebrei a cara e vibrei com alguns brilharecos como no Milan 2 x 3 Manchester United pelas oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa no dia 18 de fevereiro. Ronaldinho fez uma boa partida, marcou um gol, de um passe para um golaço de letra de Seedorf, mas deixou o campo derrotado após Wayne Rooney, então o melhor atacante do mundo, marcar dois gols. No final, o Milan acabaria sendo eliminado da Liga dos Campeões e eu desisti de Ronaldinho. Não tenho mais esperanças nele em 2011.

Futebol-arte no Emirates Stadium – Arsenal e Barcelona fizeram no dia 31 de março um dos duelos mais aguardados da Liga dos Campeões. No primeiro jogo em Londres, o Barcelona pressionou muito, deu um show de bola e abriu 2 a 0 com dois gols de Ibrahimovic. Mas o Arsenal não se entregou e Walcott e Fábregas empataram a partida. No jogo de volta, Messi deu um show e o Barcelona avançou, mas nesta partida os Gunners jogaram como gigantes.

A casa caiu no Engenhão – Parece mentira de 1º de abril, mas isso realmente aconteceu no Engenhão. Segunda fase da Copa do Brasil, o Botafogo jogava em casa e precisava apenas de um empate para se classificar. Só que o Santa Cruz, da Série D do Brasileiro, está vencendo por 2 a 1. O Botafogo reage e com Herrera empata a partida aos 40 minutos do segundo tempo. Festa da torcida alvinegra que já comemorara o pênalti defendido pelo goleiro Jefferson. Mas aos 45, o Santa Cruz faz o terceiro gol de uma incrível derrota do Botafogo. Um jogaço.

O brilho de Arjen Robben – Seis dias depois, outra torcida sai decepcionada de sua casa. Os torcedores do Manchester United lotam o Old Trafford para ver o seu time se classificar em casa para as semifinais da Liga dos Campeões. Só que eles não contavam com um golaço de Robben no segundo tempo que colocou o Bayern de Munique lá, mesmo com a derrota de 3 a 2.


Neymar e Ganso – No primeiro semestre, o Santos voltou a encantar o Brasil com uma nova versão dos Meninos da Vila comandada pelo atacante Neymar e pelo meia Paulo Henrique Ganso. No dia 2 de maio, eles disputaram uma emocionante decisão do Campeonato Paulista em que acabaram campeões mesmo com a derrota de 3 a 2 para o Santo André, pois haviam vencido a primeira partida pelo mesmo placar. Mas teve bola na trave do Santo André, gol perdido que não se pode perder. O Santo André não foi campeão por milagre e também pela personalidade daquele time personificada na decisão de Ganso de contrariar o técnico Dorival Júnior e se recusar a ser substituído. Deu certo e ele comandou o Santos na conquista como um verdadeiro veterano.

Três dias de tênis – No dia 24 de junho, durante a Copa do Mundo, o americano John Isner e o francês Nicolas Mahut chamaram a atenção do planeta ao estabelecerem um novo recorde: o de partida mais longa da história do tênis. Na realidade, dia 24 foi quando se encerrou um jogo iniciado no dia 22 e interrompido duas vezes por falta de luz natural! Após 11 horas e seis minutos e um último set com 138 games, o americano levou a melhor ao vencer por 3 sets a 2, parciais de 6/4, 3/6, 6/7, 7/6 e incríveis 70/68. Talvez por estar muito cansado pela batalha de Wimbledon, Isner acabaria sendo eliminado na rodada seguinte.


O jogo da Copa – A Copa do Mundo foi sem graça, com partidas fracas igual as últimas duas edições. Mas um jogo foi de deixar o coração sair pela boca. Foi o Uruguai 1 x 1 Gana, pelas quartas de final no dia 2 de julho. O ganeses abriram o placar com Muntari ainda no primeiro tempo, mas na etapa final Diego Forlán deixou tudo igual. A partida foi para a prorrogação e no final do segundo tempo Luís Suarez colocou a mão na bola dentro da área para evitar um gol de Gana. Pênalti e expulsão do atacante do Ajax que deixa o gramado chorando, mas volta sorrindo e vibrando muito depois que Asamoah Gyan desperdiça a cobrança. O jogo vai para os pênaltis e o Uruguai vence por 4 a 2 com a cobrança decisiva sendo de Loco Abreu com uma cavadinha! No dia seguinte, Abreu ainda tirou onda e disse: “Ainda bem que o Campeonato Carioca não passa em Gana”.


Manita catalã – Mais um ano se passa e mais uma vez o Barcelona aplica um chocolate no Real Madrid. Dessa vez, os madridistas estava na maior esperança de dar o troco no Camp Nou. Estavam agora (e finalmente) com um bom time, com um dos melhores técnicos do mundo (o português José Mourinho) e vinham jogando muito bem. Mas o Real foi engolido pelo time de Guardiola, pelo toque de bola de Xavi, Iniesta, Messi e cia e os 5 a 0 ficaram até baratos. Chocolate catalão é uma delícia.



O craque do ano – Diego Milito fez os gols dos três títulos da Inter de Milão da temporada (Liga dos Campeões, Copa da Itália e Campeonato Italiano). Xavi e Iniesta jogaram muito e levaram a Espanha até o título mundial. Sneijder também e ganhou os mesmos títulos de Milito e ainda foi artilheiro e vice-campeão da Copa com a Holanda. E o que dizer de Diego Forlán, que levou o Atlético de Madrid ao título da Liga Europa e o Uruguai ao quarto lugar da Copa, e Dario Conca, que conduziu incansavelmente o Fluminense ao título brasileiro? Mas às favas com os resultados. Lionel Messi ganhou apenas o Campeonato Espanhol neste ano, mas jogou muito, encantou o planeta e é isso que importa para Memórias da Alcova. Messi, pelo segundo ano consecutivo, o craque do ano. E também o autor do golaço do ano. Esse aqui contra o Zaragoza que você pode ver no vídeo abaixo.


O time do ano – Poderia ser a Inter de Milão pela tríplice coroa e pelo título mundial, mas, convenhamos, aqui é para exaltar o futebol-arte. Poderia ser a Espanha, mas não existe arte no 1 a 0 frequente. Então, só me resta votar na Espanha reforçada pelo Messi que atende pelo nome de Barcelona. O time mais fantástico do planeta. O resto, é resto.

O herói - Seu nome é Dario Leonardo Conca e ele veio ao mundo para liderar o exército tricolor rumo à gloria 26 anos depois. Seu comportamento de herói incansável, que jogou todas as 38 partidas do Campeonato Brasileiro foi digno dos grandes nomes da história. Conca foi praticamente o general Maximus tricolor. Com a vantagem que não morreu no final. Ainda bem para a torcida que esperava há quase três décadas para gritar tricampeão.

O vilão – Tenho pena de De Jong. Jogar na Holanda, pais onde mais importante do que ganhar é jogar bem (eu diria revolucionar), deve ser um peso para o rapaz. Mas o volante ficou muito mal na fita ao dar aquela voadora criminosa em Xabi Alonso na decisão da Copa do Mundo. O pior é que aquilo foi o emblema de um time holandês de Bert Van Marwijk que vestia o uniforme, falava a língua, tinha “van” nos nomes, mas não tinha cara de Holanda. Apesar da minha tristeza com a derrota, ter sido campeão teria sido quase um crime para as três gerações que fizeram a Holanda ser conhecida pelo toque refinado. Ficou para 2014. Mas sem De Jong, por favor.

O mico do ano – Mais do que do ano, foi da década, do século, da história do futebol. O Internacional campeão da Libertadores chegar no Mundial de Clubes e não disputar a final é um micaço daqueles estratosféricos. Perder de 2 a 0 para o TP Mazembe com direito ao goleiro Kidiaba fazendo aquela dancinha ridícula é muito mico, é King Kong de ouro.

O figuraça do ano – E exatamente por causa de sua comemoração “cachorro com verme” que Kidiaba ganha o título de figuraça de 2010. A dancinha do “vem quicando” era ridícula, mas fez sucesso.

O tabu quebrado do ano – Você pensou nos 26 anos que levou para o Fluminense ser campeão brasileiro? Isso é pouco perto dos 45 anos que a Inter de Milão levou para voltar a ser campeã européia. Por isso que José Mourinho virou deus em Milão. E você acharia o contrário se torcesse para o clube?

No próximo post, os melhores shows do ano.

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