sábado, 16 de outubro de 2010

Rush destrói na Apoteose

É raro, muito raro mesmo, ter a chance de ver um show que seja bom da primeira a última música, do primeiro ao último acorde. Em mais de 100 concertos nessa minha vida roqueira, poucas vezes presenciei tamanha perfeição. Uma delas foi na noite de domingo passado na Apoteose. De “Spirit of Radio”, que abriu os trabalhos, a “Working Man”, o Rush foi praticamente perfeito.

A turnê que trouxe a banda canadense pela segunda vez ao Rio de Janeiro depois de oito anos se chama “Time Machine” e a todo momento a questão do tempo é lembrada. Com 172 anos juntos de estrada – o baixista e vocalista Geddy Lee e o guitarrista Alex Lifeson têm 57 anos e o baterista Neal Peart tem 58 – o Rush repassou no palco 40 anos de estrada e todos os álbuns. Do primeiro, “Rush” (1974), ao que está por vir, “Clockwork Angels”, a ser lançado em abril de 2011.

O Rush manipula, subverte o tempo e o molda a sua realidade. No palco, o trio nem parece ser formado por quase sessentões tal o vigor e paixão com que toca. Em especial, o desempenho de Peart nas baquetas. Para muitos, ele é o maior baterista de rock de todos os tempos. Na plateia, as 3h10m, com um pequeno intervalo de 20 minutos no meio porque eles “já são velhos”, voam como se o botão da máquina do tempo mostrado nos hilários vídeos da banda no show tivesse sido apertado e valesse também para o mundo real.

Dividido em duas partes, o espetáculo começa com um clássico da banda, “The Spirit of Radio”, do álbum “Permanent Waves” (1980). Na primeira hora e dez minutos, o Rush alterna canções que estão na boca dos seus fãs como “Time Stand Still”, com outras do seu mais recente álbum, “Snakes and Arrows” (2008), caso da ótima “Working them angels”, e uma do disco novo, “Brough up to believe”.

A segunda parte começa com a execução na íntegra do cultuado álbum “Moving Pictures” (1981), o disco que tem “Tom Sawyer”, a mais conhecida música da banda por aqui porque era o tema de abertura do seriado “Profissão Perigo”, aquele do McGyver.

“Caravan” é a outra canção do novo disco tocada antes do magistral solo de bateria de Peart. Quase dez minutos ininterruptos de pura arte. E olha que eu não sou muito fã dos solos de bateria. O trio, aliás, abusa do direito de ser bom. É muito difícil uma banda onde todos os seus integrantes são músicos absolutamente excelentes. E no Rush isso acontece. Lee destrói no baixo enquanto Lifeson brinca alternando suas guitarras Gibson com um violão e uma guitarra de 12 cordas. Seus solos levantam a galera e a fazem urrar palavrões. Coisa de craque.

Quem duvidou quando em entrevistas Lee disse que a banda estava tocando tão bem como nunca queimou a lingua. Com pouco mais de cinco músicas, até um gaiato disse atrás de mim: “Caraca, tem uma orquestra no palco?”. No que outro respondeu: “Não, são só três”. Mas realmente a sensação era de quem estava diante de uma megabanda. E estava. Mas no que diz respeito à sua qualidade

No final foram 24 músicas de 12 dos 20 discos de estúdio da banda. Senti falta apenas de o “Fly by night” (1975) estar representado pelo menos pela faixa-título. Mas num grupo que tem 40 anos de estrada faltar música é o que sempre vai acontecer num show mesmo que ele seja grandioso.

Veja abaixo o set list e alguns dos melhores momentos do show na Apoteose:

“The Spirit of radio”
“Time Stand Still”
“Presto”
“Stick it out”
“Working them Angels”
“Leave that thing alone”
Faithless”
“BU2B – Brough up to believe”
“Freewill”
“Marathon”
“Subdivisions”
“Tom Sawyer”
“Red Barchetta”
“YYZ”
“Limelight”
“The Camera Eye”
“Witch Hunt”
“Vital Signs”
“Caravan”
“Closer to the heart”
“2112 overture”
“Far Cry”
“La Villa Strangiato”

“Working Man”
"Tom Sawyer"

"The spirit of radio"

"Time stand still"

"Faithless"

"Freewill"

"Working Man"

2 comentários:

Lion disse...

Foi bonzão mesmo... tanto que cê ficou surdo no final, né?
Abraços, mané

marcelo alves disse...

Hahahahaha, pois é. Eu estava tão em êxtase que ouvi apenas uma voz do além chamando meu nome, mas não alcancei a luz. rrs
abs,
marcelo