domingo, 6 de dezembro de 2009

Comentários e a seleção do Brasileiro

Terminado o Brasileirão é hora de fazer aquele balanço e, claro, a seleção do campeonato. Sabe como é, jornalista não vive sem seleções e listas. É o que ele mais gosta.

É inegável que este foi um dos campeonatos mais emocionantes de todos os tempos que culminou com uma nervosíssima e cardíaca rodada derradeira com quatro clubes brigando pelo título e quatro brigando para não serem rebaixados. Sem contar a disputa pelas vagas na Libertadores e na Sul-Americana. O campeonato também foi tecnicamente bem melhor do que os últimos. Espero que seja um bom sinal e não uma fato isolado.

O título do Flamengo, obviamente, foi merecido. O time foi consistente, levou a melhor contra seus principais adversários na disputa pelo título e contou com o talento de jogadores como Petkovic e Adriano para garantir a taça e quebrar um jejum de 17 anos.

Mais emocionante que a arrancada rubro-negra, por mais dramática, só a tricolor, que saiu de uma situação de rebaixamento iminente no final de setembro para uma seqüência de 12 jogos de invencibilidade que deixou o Fluminense longe da segunda divisão.

Uma arrancada, aliás, que ganhou tons ainda mais heróicos graças a emocionante e devotada paixão da torcida do Fluminense, que fez o impossível para fazer esse time lutar até o fim, festas lindíssimas de emocionar qualquer amante do futebol. Confesso ter deixado algumas lágrimas escorrerem quando a torcida cercou o ônibus do time para “levá-lo” ao Maracanã na decisão da Sul-Americana contra a LDU que qualquer ser racional sabia que era praticamente impossível de ganhar.

Se fosse preciso apontar algum destaque nas arquibancadas, a torcida do Fluminense mereceria um prêmio especial da CBF, do país, o que não pode é deixar passar em branco esse amor sem limites do tricolor pelo seu clube.

O futebol carioca, aliás, se saiu por cima nesta reta final. Nem Flu, nem Botafogo foram rebaixados, o Fla foi campeão e o Rio voltará a ter quatro representantes na Série A com o título do Vasco na Série B. Apesar do retorno do Guarani, os paulistas baixaram um pouco a bola com o rebaixamento do Santo André, os fracassos de São Paulo e Palmeiras, que não souberam vencer na hora H, o desinteresse do Corinthians e o papelão do Santos, só fazendo figuração em toda a competição.

Papelão que tem a ver com a queda dos técnicos-professores Vanderlei Luxemburgo e Muricy Ramalho. Não foi definitivamente o ano deles. Não se encontraram e hoje não disputariam a próxima Libertadores da América. A menos que assumam o Flamengo (improvável, que deve manter Andrade), o Internacional (a procura de técnico), o São Paulo (improvável com Ricardo Gomes lá) ou o Cruzeiro e o Corinthians (impossível com Adilson Baptista, que renovou contrato, e Mano Menezes). Ou seja, a rigor, só tem vaga no Inter.

Com Sport e Náutico rebaixados, o futebol pernambucano fica sem representante e o paranaense fica reduzido ao Atlético-PR com a queda do Coritiba. Já o futebol cearense retorna com o Ceará depois de muito tempo e o goiano passa a ter dois representantes com a subida do Atlético-GO. E em 2010 teremos uma inflação de Atléticos: três.

O ano de 2010 promete e que o Brasileiro seja ainda mais emocionante do que o inesquecível deste ano. Agora vamos a minha seleção do campeonato.

Goleiro: Bruno (Flamengo) - Foi um campeonato em que nenhum goleiro brilhou intensamente e constantemente. Muitos cometeram falhas e fizeram partidas incríveis. Foi a competição em que na minha seleção passaram Victor (Grêmio), Marcos (Palmeiras) e Harley (Goiás). A escolha pelo Bruno, que esteve na média dos outros três, acabou sendo feita por causa de atuações fundamentais na reta final.

Zagueiros: Miranda (São Paulo) e Ronaldo Angelim (Flamengo) – Antes de ter feito o gol do título, Angelim já estava na minha seleção do campeonato por suas sempre constantes e seguras atuações. O mesmo vale para Miranda, que fez um campeonato muito correto, tendo sido ameaçado por Álvaro (Flamengo), que na reta final ajudou a acertar a defesa rubro-negra. Mas preferi manter o são-paulino. Coincidentemente esta é a mesma dupla que estava na minha seleção do ano passado. Dois anos jogando o fino.

Laterais: Vítor (Goiás) e Júlio César (Goiás) – Não é só o Dunga que tem problemas para escolher laterais. Eu também tenho. Apesar da queda livre do Goiás no campeonato, mantive a dupla da equipe de Hélio dos Anjos pelas suas boas atuações no primeiro turno e em parte do segundo turno e pela queda de produção do lateral-esquerdo Júnior César (São Paulo), que vinha fazendo um bom campeonato até a virada do turno. Na direita, Leonardo Moura, que esteve na seleção de 2008, acabou batendo na trave e ficando no time reserva. Suas atuações na reta final foram corretas, mas longe das brilhantes partidas do ano passado.

Volantes – Guiñazu (Internacional) e Diego Souza (Palmeiras) – Sim, eu sei que Diego Souza jogou mais de meia do que de volante, sua posição original, neste campeonato, mas esta foi a única vaga que eu encontrei para encaixá-lo no time. Apesar da titubeante reta final do Palmeiras, ele merece a vaga na seleção por tudo o que fez na maior parte do campeonato (até a metade do segundo turno poderia ser apontado o craque da competição) e pelo golaço que marcou contra o Atlético-MG, num chute de primeira do meio-campo. Foi o mais bonito do campeonato. Guiñazu ficou com a segunda vaga por ser um incansável guerreiro no meio-campo do Inter.

Meias – Conca (Fluminense) e Petkovic (Flamengo) – Souza (Grêmio) fez um campeonato muito bom e Fernandinho (Barueri) foi uma revelação, mas eu fico com a dupla gringa fundamental nas arrancadas de Flu e Fla no Brasileiro. Quando o tricolor estava no bagaço, Conca era frequentemente o melhor jogador do time. E o argentino só cresceu quando o tricolor começou a jogar bola. Pet era um desacreditado até por muita gente na Gávea e conduziu o time ao hexa com brilhantismo e paixão. O sérvio, para mim, é o craque do Brasileirão.

Atacantes – Adriano (Flamengo) e Diego Tardelli (Atlético-MG) – Não teria sido um absurdo colocar o Fred (Fluminense) neste time. Ao lado de Conca, ele foi um dos principais responsáveis pela reação tricolor. Mas acabei preferindo manter Diego Tardelli não apenas porque ele foi um dos artilheiros da competição ao lado de Adriano, indiscutível neste time, com 19 gols, mas porque ele fez mais partidas boas do que Fred, que foi herói na reta final, mas ficou muitos jogos fora por causa de contusões.

Técnico: Andrade (Flamengo) – Aqui também não teria sido absurdo colocar Silas, que fez um grande trabalho pelo Avaí, colocando a equipe catarinense numa incrível sexta colocação, mas pesou na escolha de Andrade o seu também excelente trabalho e o título que encerrou o jejum rubro-negro.

Concluindo: A seleção do campeonato então fica assim - Bruno (Flamengo), Vítor (Goiás), Miranda (São Paulo), Ronaldo Angelim (Flamengo) e Júlio César (Goiás); Guiñazu (Internacional), Diego Souza (Palmeiras), Conca (Fluminense) e Petkovic (Flamengo); Adriano (Flamengo) e Diego Tardelli (Atlético-MG). Técnico: Andrade (Flamengo).

Curiosidade: Em relação a seleção do ano passado só a dupla de zaga se manteve. Lembrando o time de 2008: Marcos (Palmeiras), Leonardo Moura (Flamengo), Miranda (São Paulo), Ronaldo Angelim (Flamengo) e Leandro (Palmeiras, hoje no Vitória); Ramires (Cruzeiro, hoje no Benfica), Hernanes (São Paulo), Wagner (Cruzeiro, hoje no Lokomotiv Moscou) e Alex (Internacional, hoje no Spartak Moscou); Guilherme (Cruzeiro, hoje no CSKA Moscou) e Alex Mineiro (Palmeiras, hoje no Atlético-PR). Técnico: Muricy Ramalho, então no São Paulo, hoje no Palmeiras.

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