segunda-feira, 29 de março de 2010

O papel da vida de Sandra Bullock

Nunca gostei do trabalho de Sandra Bullock. Suas comediazinhas românticas sem sal ou qualquer tempero jamais me atraíram a gastar um tostão furado por seus filmes. Claro que volta e meia ela acaba participando de uma película boa como “Velocidade Máxima” (1994) ou “Tempo de Matar” (1996). Mas nestes trabalhos é uma coadjuvante que não faz diferença. Poderia ser ela ou qualquer outra atriz do tipo Maggie Gylenhall que daria no mesmo. Ela também participa do ótimo “Crash – No Limite” (2004), mas confesso que não lembro do que ela faz no filme.

Então você pode imaginar o quão estranho foi para mim encarar a fila do cinema, chegar no caixa e dizer: “Eu quero um ingresso para o filme da Sandra Bullock”. Tá, tudo bem não foi bem assim. Só desinformados pedem ingressos para os filmes de fulano. Eu disse o nome do filme. Mas era como se fosse daquele jeito.

Só que havia um ingrediente fundamental para eu assistir à “Um sonho possível”. Era a história real de Michael Oher, um garoto que comeu o pão que o diabo amassou na vida e virou um left tackle de sucesso na NFL, a liga de futebol profissional americana. Selecionado no draft após uma troca com o New England Patriots, Oher assinou contrato em 2009 com o Baltimore Ravens, franquia que ajudou a levar muito perto do Superbowl na última temporada (acabou perdendo para o Indianápolis Colts na sua divisão). O Patriots de Tom Brady, derrotado pelos Ravens nos playoffs e que andou patinando durante toda a temporada, deve ter se arrependido.

Vivido pelo desconhecido Quinton Aaron, Oher é um jovem que não conhece o pai e foi separado muito cedo da mãe e dos irmãos porque a velha só queria saber de cheirar e injetar drogas e acabou perdendo a guarda das crianças. Pulando entre orfanatos, ele de vez em quando consegue uma família que lhe dê abrigo, um lugar para dormir e alguma oportunidade.

Uma destas oportunidades lhe apareceu quando ele cruzou o caminho de Leigh Anne Tuohy (Sandra Bullock), matriarca de uma milionária e tradicional família de republicanos que resolve lhe ajudar a melhorar nos estudos para conseguir uma chance de frequentar uma universidade através de uma bolsa de estudos para atletas.

Ao lado de sua família, Leigh Anne ajuda esse jovem a sair da sarjeta e o acolhe como se fosse da própria família. Para isso, enfrenta o preconceito até das amigas após viver um daqueles momentos “despertar de uma dondoca para a vida”, quando teve que visitar o lado negro de sua cidadezinha perfeita.

Como já é mais do que conhecido, tudo dá certo e Oher, hoje com 23 anos, vira um jogador famoso. Um desfecho feliz para um jovem que sofreu tanto. Na temporada passada, ele ficou em segundo lugar na eleição dos melhores rookies ofensivos.

Para Sandra Bullock, o filme também foi um achado. É seguramente a melhor atuação de sua carreira povoada de filmezinhos como “Da magia a sedução” (1998), “28 Dias” (2000), “Miss Simpatia” (2000) ou “A Proposta” (2009). Nada que empolgue alguém além do seu público fiel.

Em “Um sonho possível”, porém, ela toma conta do filme desde que aparece e está numa atuação digna do Oscar que lhe foi dado. Sandra incorpora essa mulher de personalidade forte e encampa sozinha o desafio da mulher que transformou a vida de Oher da mesma forma que viu a sua vida ser transformada. E a continuação dessa história a gente pode acompanhar de perto nos gramados da NFL. Seria simplesmente fantástico se ele conseguisse faturar um Superbowl.

2 comentários:

fábio balassiano disse...

fala, amigo.
como te disse, vi o filme no feriado e gostei bastante.
se não fosse verdade, seria um grande dramalhão. como é...

nunca gostei da bullock também, mas nesse ela convenceu. nada que a próxima bobagem não cubra rapidamente.

abs, fábio

marcelo alves disse...

É verdade. Ou ela pode começar a emendar bons filmes em sequência. Quem sabe?
abs,

marcelo