segunda-feira, 15 de março de 2010

Clichês e o brilho de um ator

Confesso que até assistir “Coração Louco” nunca tinha reparado muito no quão bom ator é Jeff Bridges. E olha que não foram poucos os filmes que eu vi com a participação do ator de 60 anos. Trabalhos como, por exemplo, “Homem de Ferro” (2008), “O grande Lebowski” (1998), “Susie e os Baker Boys” (1989) e “Starman – O homem das estrelas” (1984). Alguns, porém, eu lembro vagamente por ter visto há muito tempo.

Como eu cometi esta falha, não posso sentenciar como fez o crítico Rubens Ewald Filho durante a transmissão do Oscar de que o cantor country Bad Blake é o grande papel da vida dele. Mas me parece que o prêmio dado a Bridges foi merecido. Pelo menos até eu ver a atuação de Colin Firth em "Direito de Amar".

“Coração Louco” é Jeff Bridges e nada mais. É ele que faz o filme valer o ingresso. É por ele que vale a pena se deslocar da sua casa até a sala de cinema mais próxima. Bom, também vale a pena para rir do Colin Farrell dando uma de cantor country e usando aquele rabo de cavalo um tanto quanto ridículo.

Mas só por isso. Não surpreende que a película não tenha recebido indicações para filme, diretor e roteiro. Assim como não surpreende a vitória de “The weary kind” ao Oscar de melhor canção. As músicas do filme são realmente boas.

Mas de resto a história não é nada diferente do que já vimos. Cantor country decadente e alcoólatra tenta aos 57 anos reerguer-se das cinzas e sua carreira depois que conhece uma jovem mulher que acaba tocando o seu coração de alguma forma. Esta jovem por quem Bad Blake se apaixona é a jornalista em início de carreira Jean Craddock, vivida por uma terrível Maggie Gyllenhaal. Dispensável no filme. Bridges a engole quando contracena com ela. Sem contar que não há qualquer química ali.

O filme só não é 100% clichê porque no final o diretor e roteirista Scott Cooper resolve fazer algo diferente, dando-lhe um desfecho com um pouco mais de criatividade e tentando fugir do óbvio. Pode desagradar a muitos, mas pelo menos ele tentou.

Ainda assim, “Coração Louco” tem seu valor na excelente atuação de Bridges que interpreta com vigor a decadência de Blake e o seu reerguimento musical e como ser humano. Se nem tudo o que ele desejava acontece, pelo menos Blake encontra um caminho para viver dignamente. Foi um Oscar merecido de Bridges. E quase incontestável.

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