
Mas por força da minha mania por ver sempre o maior número possível de filmes candidatos ao Oscar antes da premiação que ocorreu no fim de semana, fui ao cinema ver “Nine”. E o resultado só reforçou o meu preconceito contra musicais.
Para começo de conversa, “Nine” é um musical com músicas ruins. Isso já detona 80% do filme. “Chicago”, por exemplo, tinha boas canções. Não é a toa que dos seis Oscar que ganhou em 2003, um deles era o de melhor trilha sonora original. Quanta diferença com “Nine”, que teve apenas uma música, “Take it all”, concorrendo à estatueta de melhor canção numa das quatro indicações que o filme conquistou. E acabou deixando a festa de mãos vazias.
“Nine” é a tentativa de Rob Marshall de contar através de um musical a história de “Fellini 8 ½”, filme do italiano Federico Fellini lançado em 1963 que conta a história de um diretor, Guido Anselmi, em crise criativa com um filme para fazer, mas sem qualquer ideia para o roteiro ou de como começar.
No trabalho do diretor italiano, o papel de Guido é conferido ao ator Marcello Mastroianni. O resultado é uma atuação daquelas que você poderia chamar de única, quase perfeita. Se havia um ator, portanto, que poderia se igualar ao trabalho de Mastroianni, ele poderia ser Daniel Day-Lewis, reconhecidamente talentoso e duas vezes premiado com um Oscar, a última delas por “Sangue Negro” (2007) há dois anos.

Day-Lewis não decepciona (ao menos nos momentos em que ele não canta e apesar da tentativa de sotaque de italiano tentando falar inglês), mas realmente era difícil se igualar ao trabalho ímpar de Mastroianni. Além disso, ele é prejudicado por um filme que não empolga e se divide em esquetes para suas sete atrizes cantarem, dançarem e rebolarem à vontade.
Quando elas entram em cena percebemos assim que Marion Cotillard, que faz Luisa, a esposa de Guido, e que tanto vimos cantar na cinebiografia de Edith Piaf em “Piaf – um hino ao amor” (2007), é realmente uma grande atriz que valeria qualquer ingresso, assim como Judi Dench, a Lilli, responsável pelo figurino do filme falido de Guido.
Indicada ao Oscar de coadjuvante, Penélope Cruz (que dá brilho a este post lá em cima), a Carla, amante de Guido, também não destrói os seus tímpanos e, bem, é Penélope Cruz com toda a extensão de suas pernas.
Kate Hudson (Stephanie) e Nicole Kidman (Claudia), porém, são coadjuvantes de luxo (só porque custam caro) que pouco ou nada acrescentam ao filme enquanto a cantora Fergie (Saraghina) além de não cantar está ali apenas para exibir o seu (belo) corpo. E pensar que no filme do Fellini a sua personagem é uma mulher feinha de doer. E ainda tem a Sophia Loren que, bem, acreditem, meu avô dizia que ela era bonita. Hoje é difícil vê-la e, no caso de um musical, escutá-la.
Apesar de algumas ressalvas positivas “Nine” é um filme mala. Com 1h30m você já está querendo ir embora sem desejar ouvir qualquer música no resto do dia. Dessa vez, Rob Marshall errou a mão. Mas, convenhamos, não dá para fazer um “Chicago” todo dia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário