domingo, 30 de dezembro de 2007

Tommy Lee e seus homens da lei

Inegavelmente um bom ator, Tommy Lee Jones só tem um problema. Ou melhor, um estigma. Não consegue fugir dos papéis ligados à lei. Quando não é um agente federal em U.S Marshalls – Os federais (1998), é um policial em “Risco Duplo” (1999) ou um militar reformado no caso do ótimo “No vale das sombras”.

Por outro lado, ele também não dá sorte. Quando pegou um papel diferente, como no caso do índio Samuel Jones em “Desaparecidos” (2003), se saiu tão mal num filme tão ruim que ele mesmo deve ter pensado: “Preciso pegar um novo papel de policial”. Foi o que aconteceu no seu filme seguinte, a comédia bobinha “O homem da casa” (2005).

Em “No vale das sombras”, Tommy Lee Jones vive o ex-militar Hank Deerfield que tenta descobrir o paradeiro do filho, um dos muitos jovens jogados no atoleiro do Iraque sem previsão para voltar para casa e nem se voltará em pé como herói ou deitado num caixão.

O que Hank descobrirá é que seu filho sobreviveu fisicamente ao horror da guerra insana, mas psicologicamente ficou marcado até chegar às conseqüências absurdas, mas inegavelmente verídicas num país que só quer saber de mandar seus jovens para o matadouro.

Numa trama bem amarrada pelo roteirista e diretor Paul Haggis, que já ganhou o Oscar pelo roteiro do excelente “Crash” (2004), “No vale das sombras” é um filme que mostra como a América pode destruir uma geração num conflito insensato e sem solução aparente.

Com um desfecho surpreendente para quem está assistindo ao filme, mas perfeitamente plausível nos dias de hoje, “No vale das sombras” é o melhor filme sobre este quase sub-gênero “Guerra no Iraque” que vem sendo produzido nos últimos tempos. É melhor do que “Leões e Cordeiros” para ficar numa comparação mais próxima.

Tudo isso graças não apenas ao excelente trabalho por trás das câmeras, mas também a uma ótima atuação do eterno homem da lei Tommy Lee Jones e sua parceira de cena, a sempre bela e eficiente Charlize Theron.

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