terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Best Of 2008 – Recomendações literárias

No ano passado, já deixara claro aqui minha predileção por livros antigos. Raramente leio lançamentos, pois prefiro os clássicos. Mas neste ano, mesmo ainda não tendo terminado a leitura, colocarei entre as minhas recomendações literárias um ótimo livro lançado este ano aqui no Brasil: “Gomorra”, do jornalista Roberto Saviano.

O livro como todo mundo aqui já deve saber serviu de inspiração para o filme de Matteo Garrone (que ainda será tema de crítica aqui no blog). Como disse, ainda não finalizei sua leitura, mas até onde cheguei posso dizer que é um livraço daqueles que é difícil largar e se lamenta quando se chega ao fim.

Através de “Gomorra”, Saviano usa frases curtas, impactantes, uma escrita direta, rápida e rasteira para expor todos os tentáculos da Camorra, a máfia italiana com negócios no mundo inteiro. Tanto o livro quanto o filme, são altamente recomendáveis e complementares, uma vez que “Gomorra”, o filme, aborda apenas alguns aspectos do que é apresentado no livro. É possível, portanto, ir ao cinema sem ter lido o livro sem que haja muita perda, uma vez que a história de Saviano serviu de inspiração para o trabalho de Garrone, que jamais conduz uma mera filmagem linear do trabalho do jornalista, que, aliás, também ajudou no roteiro do filme.

“Gomorra” custou a liberdade de Saviano, que está marcado para morrer, já cogitou deixar a Itália e vive cercado de seguranças. Só desejo que o jornalista tenha dias melhores daqui para frente.

Na seara de livros mais antigos, duas indicações. “Ensaio sobre a cegueira”, de José Saramago, que é infinitamente melhor do que o filme já criticado aqui neste espaço. Foi o primeiro livro que li do escritor português, que me conquistou com sua escrita angustiante, por vezes nauseante, e me forçou a comprar outros dois trabalhos dele. Ao contrário do filme, “Ensaio sobre a cegueira” o livro é de rasgar a alma. Um trabalho de primeira grandeza do português.

Minha segunda indicação para fechar este post é “Com a morte na alma”, de Jean-Paul Sartre. Desfecho da série “Os caminhos da liberdade”, que conta ainda com os ótimos “A idade da razão” e “Sursis”, “Com a morte na alma” se passa na reta final da Segunda Guerra Mundial e é um romance igualmente angustiante. Ele traça o caminho inevitável de herói (ou anti-herói) Mathieu e outros soldados numa guerra que já chega ao fim, fala das escolhas, do livre-arbítrio e das influências externas, principalmente do pensamento único do Partido Comunista, na vida de cada um e do quanto isso pode ser prejudicial e até mesmo mortal quando você se prende aos grilhões ideológicos.

Talvez por ser comunista, Sartre até tivesse querido defender sua ideologia, mas eu acabei tendo uma outra visão de sua obra. De um lado ou de outro, porém, acredito que Sartre vai na veia e sem perdão.

Mais tarde abordarei os melhores shows do ano.

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