
Eu responsabilizaria o maior profissionalismo, a riqueza dos roteiros e a evidente evolução dos efeitos especiais como atrativos naturais para um ator de peso que queira se divertir um pouco com um blockbuster. Além, é claro, da falta de imaginação dos roteiristas de hoje em dia que não conseguem mais escrever aventuras inéditas e criar novos personagens e se atém apenas a transpor para a tela grande o que está em qualquer gibi.
Depois de fazer um jornalista obcecado por descobrir a identidade de um assassino no ótimo “Zodíaco” (2007), Robert Downey Jr. entra para o time dos atores de ponta que se rendem aos quadrinhos ao viver com extrema perfeição e sem maneirismos o cientista, playboy, milionário, mulherengo e gênio, Tony Stark, cujo alter-ego é mais conhecido como o Homem de Ferro.
Ponto inicial de uma nova era da Marvel, agora também um estúdio, “Homem de Ferro” é um dos melhores filmes baseado em quadrinhos muito por causa de Downey Jr., um ótimo ator, que consolida sua retomada do inferno das drogas com um trabalho que convence o fã mais xiita logo na abertura.
Ao som de “Back in Black”, do AC/DC, somos apresentados ao seu Tony Stark, uma figura despojada, que caminha no meio das montanhas do Afeganistão como quem está em Malibu, com seus ternos bem cortados, o jeito um tanto quanto debochado e a bebida sempre ao seu lado. Quem conhece bem a história do “Homem de Ferro” sabe, inclusive, que este é o seu maior fraco. Se Downey Jr. teve que enfrentar problemas com vício no passado, Tony Stark já teve que superar o alcoolismo, um tema que certamente será abordado em futuros filmes.
Mas não acredito que seja possível resumir apenas às tragédias comuns o fato de Downey Jr. ter se sentido tão à vontade ao viver Tony Stark. Se deve também a acertada aposta em levar a sério um produto que é de puro entretenimento seja na escalação do elenco, seja na hora de respeitar a característica de cada personagem na produção do roteiro. “Homem de Ferro” é a continuação de uma linha que já vinha dando certos nas trilogias dos X-Men e do Homem-Aranha e que toda vez que foi desviada deu em bombas como os dois filmes do Justiceiro, o Demolidor, Elektra e os dois filmes do Quarteto Fantástico.
Todos estes acometidos pelo mesmo problema: atores fracos e roteiros rasos interpretando heróis com tantas nuances que não foram aproveitadas, em especial os conflitos internos de Frak Castle (Justiceiro) e Matt Murdock (Demolidor). Sem falar na Elektra com transtorno obssessivo-compulsivo.
Em “Homem de Ferro”, como nos exemplos bem sucedidos que já listei, a tecnologia está a serviço da história e é apenas o tapete vermelho para brilharem nomes como Jeff Bridges, perfeito como o vilão Obadiah Slane, e Gwyneth Paltrow, a Pepper Potts que todo milionário gostaria de ter.
Seguindo esta linha a Marvel (e também a DC, dona de histórias como Superman e Batman), tem tudo para fazer dos filmes de quadrinhos um gênero aguardado quanto para quem passou a adolescência lendo estas histórias e sente saudades (que é o meu caso) quanto para novos e cada vez mais escassos leitores.
Que o “Homem de Ferro” ganhe continuações e que a deixa para um ainda mais ambicioso filme dos Vingadores, vista logo após os créditos do filme (e cada vez mais real com o projeto ainda em fase de pré-produção intitulado “Captain America – The First Avenger”, que encontro no site IMDB), se torne fato consumado. Seria muito bom ver reunidos atores como Downey Jr., Edward Norton e outros nomes ainda obscuros que venham a viver o Capitão América, Thor, Namor, Feiticeira Escarlate e Visão numa versão cinematográfica da super-equipe do governo americano.
Um dos pontos altos de “Homem de Ferro” é a sua trilha sonora com muito rock’n’roll. Em homenagem ao filme, coloco abaixo dois vídeos: AC/DC cantando “Back in Black” e Black Sabbath tocando “Iron Man”.
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