domingo, 2 de março de 2008

O óbvio ululante

Foi óbvio, mas não dá para dizer que foi injusto. Esse é mais ou menos o resumo do Oscar que aconteceu na semana passada que consagrou uma gama de atores europeus e o filme “Onde os fracos não têm vez”. A película dos irmãos Joel e Ethan Coen faturou quatro estatuetas: melhor filme, direção, roteiro adaptado e melhor ator coadjuvante para o espanhol Javier Bardem, que viveu o assassino Anton Chigurgh no filme.

“Onde os fracos não têm vez” é um ótimo filme, como o são os outros quatro que concorriam com ele: “Desejo e Reparação”, “Conduta de Risco”, “Sangue Negro” e “Juno”. Portanto, se os principais prêmios saíssem para algum destes filmes não teria sido injusto também.

Se existe alguma estatueta que foi incontestável, no entanto, ela não foi faturada por nenhum dos cinco trabalhos no páreo do principal prêmio e sim por Marion Cottillard. Com sua interpretação da cantora Edith Piaf, a bela atriz francesa faturou o Oscar de melhor atriz, o mais merecido de todos. Seu trabalho era melhor do que o de Cate Blanchett (“Elizabeth”) e mais desafiador do que o de Ellen Page (“Juno”). Sobre Julie Christie (“Longe dela”) e Laura Linney (“A família Savage”) ainda não posso opinar porque seus filmes não estrearam aqui no Brasil.

Extremamente merecido também foi a segunda estatueta para o inglês Daniel Day-Lewis, que viveu o inescrupuloso prospector de petróleo Daniel Plainview em “Sangue Negro”. Sua impressionante atuação foi a melhor num ano de ótimas interpretações como as de George Clooney em “Conduta de Risco”, Johnny Depp, em “Sweeney Todd – o barbeiro demoníaco da Rua Fleet”, Tommy Lee Jones, em “No vale das sombras” e Viggo Mortensen, em “Senhores do crime”. O trabalho dos cinco era digno de Oscar, mas Day-Lewis esteve um pouco acima dos demais, sem dúvida.

Surpreendeu-me o prêmio de roteiro original para Diablo Cody, por “Juno”. Seu roteiro “era o mais original realmente”, como definiu um amigo meu, mas eu tinha dúvidas de que uma ex-stripper convenceria os velhinhos da academia. Ainda bem que convenceram.

Todo mundo tem seus favoritos quando surgem essas premiações. Os meus eram “Sangue Negro” e “Conduta de Risco”. Mais até o filme de Paul Thomas Anderson, que, na minha opinião, merecia levar os prêmios de filme e direção. Mas é uma questão mais de gosto do que de injustiça. Como disse na abertura, o Oscar foi óbvio, mas não injusto. E olha que é difícil eu concordar com a academia.

Confira abaixo os filmes vencedores dos principais prêmios:
“Onde os fracos não têm vez” – melhor filme, diretor, roteiro adaptado e ator coadjuvante para Javier Bardem
“O ultimato Bourne” – edição de efeitos sonoros, mixagem de som e montagem
“Sangue Negro” – fotografia e melhor ator para Daniel Day-Lewis
“Piaf – um hino ao amor” – melhor maquiagem e atriz para Marion Cotillard
“Conduta de Risco” – melhor atriz coadjuvante para Tilda Swinton
“Desejo e Reparação” – trilha musical
“Juno” – roteiro original
“Elizabeth” – melhor figurino
“Ratatouille” – melhor animação
“A bússola de ouro” – efeitos especiais
“Sweeney Todd – o barbeiro demoníaco da Rua Fleet” – direção de arte
“Once” – canção original“Os falsários” – filme austríaco que faturou o prêmio de melhor filme estrangeiro

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