quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Não deu, Mel Gibson

Garfield salvando mais vidas do que quando era o Homem-Aranha
Depois de ter feito muita bobagem (vamos usar uma palavra cordial, galera), Mel Gibson passou um longo tempo no ostracismo. Mas Hollywood tem um bom coração a resolveu dar uma nova chance ao nosso eterno Mad Max, ao nosso Martin Riggs de "Máquina Mortífera". A nova chance veio por meio de seis indicações ao Oscar para "Até o último homem", o primeiro filme que Gibson dirige desde o violentíssimo "Apocalypto", lançado em 2006. 

Hollywood não é uma mãe. Hollywood é aquela avó que nós amamos, pois trazia vários saquinhos de doces de "Cosme & Damião" para a gente no fim de setembro.  Pois é difícil encontrar JUSTIFICATIVAS para todo o cartaz de "Até o último homem".

O filme é ruim? Não chega a tanto. Mas vê-lo na lista de nove indicados a melhor filme soa como uma anedota. E ver o Andrew Garfield na disputa pelo prêmio de ator com Ryan Gosling e Casey Affleck, faz-me pensar que este ano não é de interpretações tão inspiradas entre os homens. Ainda bem que temos Viggo Mortensen. E Denzel Washington gera sempre a expectativa de algo interessante. Aguardemos. 

"Até o último homem" conta a história real de um herói de guerra incomum. Desmond Doss (Garfield) era da Igreja Adventista do 7º dia quando resolveu se alistar no exército para trabalhar como médico na Segunda Guerra Mundial. Doss só tinha um probleminha. Era paz e amor e seguia a ferro e fogo os mandamentos divinos. Jurou nunca pegar numa arma e nunca matar ninguém. Convenhamos, isso numa guerra pode ser um pouco problemático. 

A partir daí começa a sequência de provações para Doss. O bullying dos colegas com esse cara esquisitão, as brigas com os superiores para manter seus valores intactos (uma disputa que quase vai parar no STF militar) até a guerra propriamente dita, onde Doss provará o seu valor salvando vidas repetindo 75 vezes "Oh lord, give me one more. Help me get one more". 

Mel Gibson fez um filme bem caretinha dividido em três partes. Primeiro, a infância de Desmond, seus valores sendo formados etc e tal. Na sequência, ele na idade adulta conhecendo o grande amor da sua vida, a enfermeira Dorothy (Teresa Palmer). Por fim, a guerra propriamente dita, a Batalha de Okinawa, onde Doss salva a vida de dezenas de soldados. 

Ocorrida em 1945, ou seja, já no fim da Segunda Guerra, o conflito foi o mais sangrento da chamada Guerra do Pacífico, causando a morte de 240.931 pessoas, sendo 149.193 civis (Corneta é história, Corneta é cultura). Se Gibson tem um mérito e o de filmar de uma forma que fica claro o quão brutal foi a batalha. E para isso ele usa toda a sua violência crua e sem mi-mi-mi que vimos em "Apocalypto" e "A paixão de Cristo" (2004) para registrar o combate. 

É pouco, porém, para deixar a Corneta empolgada. "Até o último homem" não chega a ser marcante como filme de guerra, pois você certamente já viu uns dez ou 15 bem melhores. Também não é lá grande coisa como história de superação. Ainda que os feitos de Doss mereçam ser louvados. Mas não é um filme que será lembrado futuramente sequer em listas de melhores produções sobre a Segunda Guerra. Diante disso, "Até o último homem" ganhará uma nota 5. 

Indicações ao careca dourado: melhor filme, ator (Andrew Garfield), diretor (Mel Gibson), edição, mixagem de som, edição de som.

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