segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Diário de guerra do Rio-2016 - 9º dia

Diário de guerra da Olimpíada do Hell de Janeiro: 

9º dia

Levar toco é uma especialidade da casa. Já levei da Caroline Wozniacki e não fiquei intimidado. Não ia ser depois de quatro anos mais velho que eu iria me abalar. Por isso que fui dar plantão na Vila Olímpica com uma missão na cabeça: falar com os russos. Foram 11 tocos. Alguns raivosos, outros com uma cara de pau digna de carioca.

Depois do escândalo de doping, acabou o amor. Mas há quem diga que eles sempre foram sisudos. Só pioraram um pouco. O nome do filme agora é "From Russia without love".

"Vem comigo, mas toma cuidado, pois você sabe como é motorista carioca, né? Eles acham que estão dirigindo um carro de Fórmula-1". Foi assim que um voluntário da Rio-2016 me alertou sobre os perigos de atravessar as pistas fora dos locais permitidos.

De fato, o primeiro shuttle que me levou ao Parque Olímpico era um exemplo disso. Senti-me dentro de "Mad Max". Quase consegui imaginar o motorista dizendo o mantra: "to live, to die, to live again". E só pensando no Valhalla.

Por sorte, a primeira impressão não se confirmou como tendência. O nível dos motoristas é alto (pode acreditar!) e os ônibus são confortáveis. Pena, que transporte não parece que vai dar certo. O pessimismo impera quando você vê que perdeu o último ônibus da Vila e que os ônibus do Riocentro ainda não começaram a funcionar. Trinta minutos de caminhada para pegar o shuttle de volta para Copacabana no Parque Olímpico. O nome do filme agora é "Corra, Marcelo, Corra".

Os primeiros contatos com o Parque, aliás, permitem umas constatações:

1. Jesus, como a Olimpíada é longe. É como se diariamente você saísse de King's Landing para as regiões para além da Muralha. 

2. Definitivamente, está será a Olimpíada fitness. Todo mundo vai emagrecer porque ninguém vai comer, pois os preços praticados na área olímpica são pornográficos. O restaurante é R$ 98 o quilo. Um mísero kit kat, custa R$ 4. Um ínfimo bolinho Ana Maria também custa R$ 4. Um saco de Ruffles que tem mais vento que batata, custa R$ 6. Tenho certeza que tudo isso foi calculado pelo euro. Quiça pela libra. É muito surreal. 

3. Até o momento, o destaque positivo do Rio-2016 tem sido os voluntários. Sempre educados, prestativos e prontos para ajudar. 

4. Bolo Ana Maria no mercadinho, sala de imprensa que se chama FANDANGO. Tem alguém na Rio-2016 que sente saudade dos sabores da infância.

PS: Posso ter levado toco das russas (e dos russos), mas não levei toco da Adriane Galisteu. Super simpática, super pra cima, super alto astral, mas exagerou no otimismo ao apontar o basquete masculino como potencial medalha de ouro. Quem não é jornalista pode ser Brasil, mas vamos com calma.

Faltam 20 dias para o fim. #cornetaonfire

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