sábado, 20 de agosto de 2016

Diário de guerra do Rio-2016 - 27º dia

Isinbayeva no adeus/Marcelo Alves
Diário de guerra da Olimpíada do Hell de Janeiro

27º dia

Tá acabando, gente. Falta pouco. Sprint final. 🏃🏻🏃🏻🏃🏻

Acho que o esporte olímpico tem três nomes que magnetizaram as plateias do mundo inteiro neste ainda infante século XXI. Quis o destino que eu estivesse presente no adeus de dois deles. Mas essas despedidas não poderiam ser em condições mais díspares.

Um deles foi Michael Phelps. O maior mito do esporte mundial que se aposentou conquistando cinco medalhas, sendo quatro de ouro, e revelando-se um homem maduro e um líder que ninguém imaginou que ele seria quando era aquela máquina incessante de medalhas e recordes em Pequim-2008.

A outra é Yelena Isinbayeva, uma atleta fantástica, bicampeã olímpica, recordista mundial do salto com vara, mas impedida de competir no Rio por causa do escândalo de doping envolvendo a Rússia. Isinbayeva não se conforma com isso até hoje. Com alguma razão, pois nunca foi pega em nenhum exame. Mesmo os feitos por entidades independentes. Ainda que o seu país tivesse um sistema sofisticado de acobertamento de doping. Toda vez que eu leio sobre esse caso da Rússia lembro do Drago, o rival de Rocky Balboa em "Rocky IV". Aquilo era muito doping.

Gostaria de ter visto de perto Isinbayeva competir. São coisas da vida e da cobertura. Da mesma forma que não verei Usain Bolt, o terceiro elemento deste trio que, para mim, monopoliza(va) as atenções do esporte a cada ciclo olímpico desde Atenas-2004. Bom, no caso de Bolt desde Pequim.

O adeus dela revelou uma mulher ainda cheia de mágoa com alguns elementos do esporte. Cheia de mágoa por não poder estar no Engenhão na final do salto com vara. Atirando para todos os lados, sendo deselegante com as coleguinhas, sendo contraditória e também fazendo política. Sendo Putin até a veia.

Ninguém é perfeito. Embora ali na frente, do alto dos seus olhos verdes e falando em russo, Isinbayeva pareça perfeita (eu adoro uma língua estranha).

Mas o adeus da forma como foi pareceu ser duro de admitir. Embora ela tivesse convocado a coletiva para isso, a saltadora hesitou, não quis falar, até que, pressionada, finalmente desabafou que estava parando. A aposentadoria foi meio isso. Ela não queria que fosse daquele jeito, mas teve que ser.

Antes, tentou colocar a culpa dessa hesitação no fato de ser geminiana. Eu nem sabia que russos acreditavam em astrologia. Como não entendi nada (era mais fácil entender ela falando em russo do que entender astrologia), fui consultar uma pessoa especializada. Disse a minha fonte:

"Geminianos falam muito, buscam o conhecimento e têm fama de serem fofoqueiros e duas caras. E são muito drama queens".

Que perigo é Isinbayeva. E ela é bem drama queen mesmo. Mas na minha mente, ficará sempre registrada a imagem da mulher de meio sorriso que deixou o palco olhando para os jornalistas, buquê de flores na mão, e dizendo uma de suas poucas palavras em inglês.

- Bye

Até logo, Isinbayeva.

Faltam dois dias para fim #cornetaonfire

PS: O Leonardo di Caprio já ganhou um Oscar. O mundo não suporta a queda de três tabus históricos num mesmo ano. Logo, ou o Brasil no futebol ou a Itália no vôlei têm que continuar em jejum de ouros olímpicos para que a humanidade permaneça em equilíbrio.

Seria melhor que fossem os dois. Mas se for para escolher, que o futebol continue sem o ouro.

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