sexta-feira, 6 de junho de 2008

Slash musical

Pode um musical com pitadas de terror trash dar certo? Nas mãos do louco e sombrio Tim Burton não só pode como acabou rendendo três indicações ao Oscar deste ano. “Sweeney Todd – o barbeiro demoníaco da Rua Fleet” é a nova parceria de Burton com seu ator preferido, o sempre talentoso Johnny Depp.

Neste novo filme, Depp junta mais um tipo esquisito à sua galeria de tipos exóticos que já tem personagens marcantes como Edward, mãos de tesoura, do filme homônimo de 1990, o pirata Jack Sparrow da trilogia “Piratas no Caribe” e Willie Wonka, da refilmagem de “A fantástica fábrica de chocolate” (2005).

Com uma interpretação que lhe deu a terceira indicação ao Oscar em fevereiro, - as anteriores foram pelo próprio Sparrow em “Piratas no Caribe – o baú da morte (2006) e pelo escritor J.M. Barrie no soberbo “Em busca da Terra do Nunca” (2004), numa injustiça por não ter levado o prêmio – Depp brilha novamente mesmo quando tem que cantar neste slash musical criado por Burton.

No filme, Depp é Benjamin Barker, ou melhor, Sweeney Todd, um barbeiro que na juventude teve sua mulher e filho roubados pelo juiz Turpin (Alan Rickman) e foi preso injustamente. Finalmente livre, Todd resolve retornar para Londres para se vingar do juiz e reencontrar sua família. Lá descobre através de Mrs. Lovett (Helena Bonham-Carter), dona de uma loja de tortas, que sua esposa falecera e sua filha, Johanna, fora adotada pelo juiz.

Quando seus planos de vingança são parcialmente prejudicados pela afobação do jovem marinheiro Beadle Bamford (Timothy Spall), que está apaixonado por sua filha e quer fugir com ela, Todd resolve matar cada cidadão de Londres que vai até sua barbearia. Nesta operação conta com a ajuda de Lovett, que usa os cadáveres como recheio para suas tortas revitalizando, digamos assim, seu restaurante num período difícil da cidade em que é praticamente impossível comprar carne.

Em meio aos números musicais (e a lamúria chata da música “Johanna”), Todd vai assassinando seus clientes no melhor estilo slash movie, com verdadeiros chafarizes de sangue jorrando por todo lado. Tudo bem trash como seu fosse um “A hora do pesadelo” ou “Sexta-feira 13”.

Para quem gosta de musicais, “Sweeney Todd” é uma boa pedida, principalmente pelo trabalho da dupla Depp e Burton. É no mínimo curioso ver Depp cantando, ainda que isso não seja um experiência das mais agradáveis. De qualquer forma, isso não atrapalha o mais recente e criativo trabalho de Tim Burton, talvez o mais esquisito dos diretores.

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