quinta-feira, 19 de junho de 2008

Parto difícil

Quando o filme romeno “4 meses, 3 semanas e 2 dias” não apareceu na lista final dos indicados para o Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano, ninguém entendeu muito bem a opção da academia de Hollywood. Afinal, o trabalho de Cristian Mungiu, que escreveu e dirigiu a película, havia sido premiado com a Palma de Ouro de Cannes, para mim, o mais importante prêmio do cinema mundial. Falava-se até em um cenário romeno na indústria cinematográfica.

Ao descartar este filme, além do novo trabalho de Denys Arcand, “A era da inocência”, que já ganhou um Oscar pelo excelente “As invasões bárbaras” (2003), continuação de outro excelente trabalho, “O declínio do império americano” (1986), a academia causou estranheza. Foram escolhidos “Die Falscher”, da Áustria (que acabou conquistando o prêmio), “Beaufort”, de Israel, “Katyn”, da Polônia, “Mongol”, do Cazaquistão, e “12”, da Rússia.

Assistindo a “4 meses, 3 semanas e 2 dias”, percebi porque o filme de Mungiu não ficou entre os indicados e, sinceramente, fiquei confuso e não entendi o por quê de tantos elogios que ele recebeu.

“4 meses...” é ruim. Muito ruim. Não diria horrível, como cheguei a ouvir dentro do cinema, mas é bem abaixo da expectativa. É um filme que não avança, não se posiciona, não diz a que veio.

A coisa funciona mais ou menos assim. Uma colegial faz besteira na Romênia de 1987 em plena ditadura chapa quente de Nicolau Ceausescu e fica grávida. Naquela época tudo era proibido e a Romênia era um país muito mais sombrio do que qualquer conto mais chinfrim possível sobre o velho Conde Drácula.

Gabriela Dragut (Laura Vasiliu) resolve fazer um aborto e conta com a ajuda de sua amiga, Otília (Anamaria Marinca, uma das poucas coisas que se salva na película) para achar um médico disposto a encarar o risco, não sem antes cobrar um preço alto. E para desespero delas, esse preço não é em dinheiro. O tal do senhor Bebê (Vlad Ivanov) faz o serviço sujo, elas vão para o restaurante e fim de filme. É isso.

Como ponto positivo. Aliás, positivo não, curioso, é apenas o estado decrépito que era a Romênia há 20 anos. Foi ontem, mas nota-se o quanto o país era atrasado. Não conheço a nação de Hagi e outros jogadores que marcaram época na Copa do Mundo de 1994, justamente a primeira pós-ditadura cruel de Ceausescu, mas acredito que melhorou bastante.

De qualquer maneira, se você não tem essa curiosidade ou poderia matá-la numa olhadela em livros de história, sites romenos ou qualquer coisa que faça uma alusão a este país do leste europeu, passe longe de “4 meses, 3 semanas e 2 dias”, a maior decepção deste ano até agora.

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