domingo, 21 de outubro de 2007

A velha China em foco

A cinematografia de Zhang Yimou é bastante coesa. Seus filmes quase sempre falam da China do tempo dos imperadores, tratam de disputas marciais envolvendo honra, coragem e glória e abusam das cores vibrantes. As cores, aliás, são instrumentos importantes em seus filmes que remetem a estados de espírito e situações-limite. Foi assim em “O clã das adagas voadores” (2004), um de seus melhores trabalhos, “Herói” (2002) e é assim, em parte, com seu mais recente trabalho, “A maldição da flor dourada”.

A parte exatamente que não entra na descrição dos filmes anteriores é a do confronto envolvendo os valores. Aqui os temas são mais palpáveis, mais humanos. É a traição, o amor incestuoso e a vingança.

Li Gong vive uma imperatriz infeliz na China 600 anos antes de Cristo. Seu marido, o imperador vivido por um Chow Yun-Fat bastante à vontade no papel, casou-se com ela apenas para unir duas famílias e conquistar o poder absoluto. Ela tem um caso com seu filho adotivo, o príncipe Wan (Ye Liu), filho da primeira mulher do imperador, supostamente morta.

No entanto, o monarca sabe da traição e trama matá-la com doses diárias de um veneno vindo da Pérsia colocado em seu remédio. Antes de morrer, porém, ela trama um golpe de estado durante o festival dos crisântemos, a tal flor dourada do título, com seu filho mais velho, o príncipe Jai (Jay Chou).

Com a calma de um genocida, o imperador dizima seus inimigos nas belas cenas de batalha dirigida por Yimou. E o festival que deveria significar a celebração da família termina numa carnificina. Nada que abale a paz do imperador. É como se ele tivesse a total noção do que iria acontecer e até planejasse aquilo.



“A maldição da flor dourada” não é dos mais inebriantes filmes de Yimou nem tem a mesma riqueza dos anteriores. Essa falta é compensada apenas pelas belas cenas de luta bem características do diretor. É uma obra interessante, mas sem a mesma densidade de seus trabalhos anteriores.

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