segunda-feira, 29 de março de 2021

O SnyderCut é a melhor versão da Liga da Justiça. E justifica sua existência

Snyder conseguiu fazer sua versão do filme

Zack Snyder
 não é um visionário como seus fãs gostam de dizer. E até o marketing de seu novo/velho filme tentou vender. Mas tinha uma ideia e um plano bem desenhado sobre o que queria fazer com os heróis da Liga da Justiça quando assumiu a direção do “Homem de Aço” (2013). Contratempos e tragédias já fartamente relatados na imprensa o tiraram da direção do “Liga da Justiça”, que foi finalizado por Joss Whedon e muito criticado na ocasião do seu lançamento em 2017. E curiosamente um filme que parece que vai piorando conforme o tempo vai passando.

Logo depois foi iniciada uma campanha na internet para que fosse lançado o Snydercut, a versão idealizada pelo diretor. Quatro anos depois, o que era meme virou realidade. E uma longa, por vezes cansativa, realidade de quatro horas de duração.

SnyderCut da “Liga da Justiça” evidência três coisas:

  1. O quão a versão de Joss Whedon é ruim. Uma verdadeira colcha de retalhos e uma versão pálida do que o filme realmente prometia. Claro que aqui o estúdio também tem culpa. Mas como diretor, acaba que Whedon tem que absorver a maior parte das críticas. Afinal, se fosse o inverso ele estaria colhendo os louros da vitória.
  2. O quanto está trilogia sempre foi sobre o Superman (Henry Cavill) e em torno dele.
  3. Como o protagonismo do Cyborg (Ray Fisher) foi apagado inexplicavelmente na versão do Whedon.

Começando pelo fim, o Cyborg é a alma do filme. Tudo gira em torno dele desde a ação para a ressurreição do Superman até o ato final para que os heróis derrotem o Steppenwolf e, consequentemente, impeçam o Darkseid de voltar a invadir aTerra.

Sua história, seus dramas, sua motivação são muito mais bem desenvolvidos no filme de Snyder. O suficiente para entendermos a sua importância. E não é apenas porque o filme tem quatro horas. A história do Cyborg foi lamentavelmente reduzida a quase nada na versão de Whedon. E se o filme de 2017 era difícil de compreender, muito se devia a trama tacanha envolvendo o Cyborg, as caixas maternas e o Steppenwolf, o que agora está muito mais bem explicado.

No seu filme, Snyder mostra que na sua concepção de filme a ação tinha que passar pelo Cyborg. E que cada herói ali tem a sua função importante. Cyborg é a alma, o Batman é a liderança, o homem em meio a deuses e que precisa se desdobrar para ser útil e reparar um erro do passado. E como a versão do Ben Affleck ganhou cor e relevância no SnyderCut.

Já o Superman é a esperança. Ele é o grande herói da Terra e é sobre ele que esta trilogia girou mostrando a ascensão em “Homem de aço”, a queda em “Batman vs Superman” (2016) e o reerguimento na “Liga da Justiça”. A segunda chance que o Superman ganha para ser melhor para ser o grande campeão da Terra e temido por todas as ameaças planetárias. Tudo é sobre ele. Até a própria formação da Liga da Justiça.

Junto deles ainda temos o Aquaman (Jason Momoa) e a Mulher-Maravilha (Gal Gadot) como bons coadjuvantes e um Flash (Ezra Miller) que nem Snyder conseguiu corrigir. Uma versão boba e adolescente para servir de alívio cômico em todo o drama. O Flash merecia mais do que isso.

Se a história do SnyderCut é melhor, por outro lado, o filme por vezes não justifica a sua longa duração. Tem algumas cenas bem arrastadas que poderiam ter sido melhor cortadas sem prejudicar a história. Ou talvez até funcionasse melhor como uma minissérie, já que o próprio filme é dividido em seis capítulos. E neste caso poderia até ter uma duração maior. Todo aquele final com o sonho do Batman mostrando o Coringa (Jared Leto) também pareceu bastante gratuito e desnecessário.

O fetiche do Snyder com a câmera lenta também poderia ser mais bem controlado. Mas este é um estilo do diretor que, gostando ou não, precisamos entender.

No fim, foi bom ver as ideias do diretor postas em prática, bem como as indicações de futuro que ele deixa em aberto (e que provavelmente nunca veremos no cinema). O “Liga da Justiça” de Snyder justifica a sua existência na medida em que é um filme melhor e mais bem conectado aos filmes anteriores desta saga. Acho que já podemos esquecer e colocar na gaveta da história a versão de 2017.

Cotação da Corneta: nota 7.



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