quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Outro filmaço de Nolan

Dunkirk é um filme excepcional do diretor
Quase sempre as histórias dia filmes de guerra envolvem o heroísmo. De uma tropa, de um homem. É uma história conhecida que vai da dor intensa à salvação de um homem, uma tropa ou um país. Christopher Nolan não foge disso na sua primeira incursão no que chamarei de "cinema de guerra". 

Mas a história de "Dunkirk" é também a de uma derrota. O filme conta um episódio da Segunda Guerra Mundial pouco representado no cinema, quando os soldados aliados (britânicos e franceses) ficaram encurralados pelos alemães na praia de Dunquerque, na França. Naquele momento, os alemães massacravam os aliados, avançavam com suas tropas e o governo britânico temia que o próximo alvo fosse a Inglaterra. 

Por isso, inicialmente poupou esforços para salvar os soldados isolados em Dunquerque. O então primeiro-ministro Winston Churchill, para dar alguma satisfação à nação, falava em resgatar os soldados (as previsões internas era de 30 a 40 mil dos 400 mil que estavam na França), mas poupava as tropas para a batalha seguinte. Dunquerque era a derrota certa. 

No mar do do Canal da Mancha, a algumas horas da Inglaterra, os soldados tinham o sentimento de estarem tão perto, mas absolutamente distantes de casa. No mar aberto, os destróieres ingleses eram alvos fáceis dos caças alemães. A morte estava sempre à espreita para um exército que estava cercado, sem defesas na praia e sem esperança. 

É quando Nolan resolve contar a história de heroísmo da batalha de Dunquerque. Centenas de barcos comuns, de civis da Inglaterra deixaram o país para resgatar os soldados. Graças a eles, mais de 330 mil soldados voltaram para casa. 

Para narrar essa história, Nolan evita o impacto hollywoodiano de Spielberg do bom "O resgate do soldado Ryan" (1998). É econômico nos diálogos. A música de Hans Zimmer (absolutamente incrível) casa perfeitamente com as imagens, mas são os sons da guerra que causam mais impacto. Os caças em alta velocidade, o peso dos tiros, o desespero da água engolindo dezenas de corpos que vão perdendo a vida no meio do caminho. O fogo que tudo consome em gritos e desespero. O instinto de sobrevivência que transforma os homens.

E tudo feito com uma beleza da qual Nolan é expert em filmar. As imagens são secas, mas é tudo de uma beleza e crueza excepcionais. 

O cineasta prefere contar sua história dividida em três partes que vão se encontrar no meio do filme. É a guerra na praia, no ar e no mar. Quando ocorre a interseção, o filme da uma derrapada na continuidade, mas nada que prejudique a beleza deste mais novo trabalho de um diretor que está entre os melhores da atualidade. 

"Dunkirk" é de uma beleza ímpar. É cinema grande como os que Nolan sabe fazer. 


Cotação da Corneta: nota 9,5

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