
Tendo como pano de fundo a busca americana pelas armas químicas no Iraque de Saddam Hussein, “Zona Verde” seria um ótimo filme com teorias conspiratórias e aspectos de informação e contra-informação se não fosse uma história absurdamente real. A manipulação americana da informação – aliada a um cenário de subserviência da imprensa em pleno governo Bush que pegou muito mal quando tudo foi revelado - para ganhar o apoio numa guerra infundada e derrubar a ditadura iraquiana foi mais do que ficção. Esteve escrita nas páginas dos jornais, nos sites e em qualquer lugar que circule a informação neste mundo.
Greengrass, aliás, não é nada amigável com os amigos da imprensa. Coloca na parede a jornalista Lawrie Dayne (Amy Ryan), personagem fictícia que trabalha para o “Wall Street Journal”, ao fazer o seu herói, o sargento Roy Miller (Matt Damon), questionar claramente: “Mas você não checou a informação”? É com essa pergunta seca que Miller joga a imprensa no banco dos réus e avisa que ela não fez o seu trabalho direito ao embarcar na doutrina Bush e não questionar fontes supostamente seguras vindas de um governo nada confiável representado no filme por um burocrata ambicioso vivido por Greg Kinnear.
Apesar da porradinha na imprensa, o alvo do diretor é mesmo o governo Bush. É contra ele que seu herói se insurge ao questionar informações furadas vindas da “inteligência” que levam sua infantaria a arriscar a vida por privadas velhas ao invés das armas de destruição em massa que jamais existiram. Para isso, ele conta com a ajuda de um veterano agente da CIA experiente em Oriente Médio que por suas idéias polêmicas de querer se unir ao exército local para reconstruir o país é marginalizado dentro do governo republicano.
É Martin Brown (Brendan Gleeson) quem vai dar a Miller o caminho para encontrar a verdade que ele almeja e desmascarar seu próprio governo e facções do seu próprio exército numa jornada em que ser ingênuo pode ser a diferença entre viver e morrer e deve-se observar tudo a sua volta, principalmente no terreno árido em que se pisa.
Ao sabermos como acaba essa história, pode-se até dizer que “Zona Verde” é um filme previsível. Mas ele agrada muito. Agrada pela maneira com Greengrass conduz a película com uma história bem escrita por Brian Helgeland a partir do livro de Rajiv Chandrasekaran. Agrada pela ótima atuação de Damon, um ator que tem talento para filmes de ação (mas não apenas para eles) e os ajuda a levá-los um pouco mais a sério ao contrário de Sylvester Stallone ou Jason Statham, que provocam risos em qualquer plateia.
“Zona Verde” é um trabalho superior até aos filmes Bourne e mais uma ótima colaboração de Greengrass à cinematografia de ação. De negativo que fica na película só a imagem do governo Bush. Mas isso não é novidade para ninguém e foi ela o que proporcionou a ascensão de Obama.
2 comentários:
Olá
Pra conhecer melhor o Majestike, esse aqui é o nosso myspace:
http://www.myspace.com/majestike
Lá tem, inclusive, um video feito com as cenas da apoteose!
Valeu!
Tati Rulêz
Obrigado Tati. Vou conferir com certeza.
marcelo
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