domingo, 7 de junho de 2009

Para tardes insones

Se você assistisse a muitos filmes e fosse instado a fazer uma relação, digamos, bastante substancial dos 200 melhores filmes que já viu, eu apostaria o seu salário que não colocaria “Anjos e Demônios” nela. Mas, com o perdão do trocadilho infame, ora diabos, não é que o trabalho de Ron Howard até satisfaz o freguês (até certo ponto e desde que ele não seja lá muito exigente).

Tudo bem que a referência anterior é a pior possível. “O Código Da Vinci” (2006) é um filme ruim de doer. Tem um Tom Hanks no piloto automático em uma historinha que não convence ninguém. Além de provavelmente ser um filme absolutamente chato para quem tinha lido o livro antes. Como eu tive a sorte de não ler, até deu para me divertir um pouco com uma ou outra reviravolta na película.

Também não li “Anjos e Demônios” (sinceramente, não perco meu tempo com Dan Brown ou qualquer outro autor de best-seller grudento que faz “o livro que todo mundo está lendo”), o que talvez tenha me causado a impressão de uma leve satisfação com o novo trabalho de Howard. Como se da ignorância viesse a inocente diversão de um filme que não faria feio numa tarde fria, sem trabalho, embaixo do edredom e assistindo à boa e velha "Sessão da Tarde".

Sobre Hanks? Tudo bem, no seu retorno ao papel do simbologista Robert Langdom, a primeira vez que ele repete um personagem, aliás, Hanks só melhorou um pouquinho, mas diante de um Ewan McGreggor (Carmelengo Patrick McKenna) numa das piores atuações de sua vida, ele parece exibir um trabalho digno de Oscar. Claro que eu estou nivelando por baixo.

Aqui cabe um parêntese na crítica. Os filmes baseados nos livros de Brown parecem malditos com os atores que participam deles. Como eles parecem esquecer essa tal de arte de atuar quando entram no set. McGreggor, e é triste dizer isso, é quase uma piada em “Anjos e Demônios”.

Anyway, pode-se dizer que “Anjos e Demônios” é um filme palatável. Tem um roteiro relativamente simples: basicamente um assassino é contratado para matar os quatro preferiti, os favoritos do conclave para ser o novo papa, que acaba de morrer, numa trama de vingança supostamente orquestrada pelos Iluminati, uma sociedade secreta infiltrada na Igreja que teve como expoente o pensador e matemático Galileu Galilei. Com isso, Langdom e Vittoria Vetra (Auelet Zurer), sua parceira neste filme, são chamados para ajudar a impedi-lo.

Sua estrutura ao estilo “24 horas”, com reloginho e tudo (É Jack Bauer fazendo escola), ajuda a manter o clima de suspense e ansiedade até um fim menos polêmico e iconoclástico que “O Código Da Vinci”. Talvez seja por isso que a Igreja dessa vez se manteve calada sobre a película.

Uma atitude correta. Até porque a melhor maneira de manter um filme apenas razoável longe da mídia é falando pouco dele. Em breve “Anjos e Demônios” estará nas locadoras e na TV a cabo. Sem muito destaque e como uma boa diversão para aquela tarde chuvosa debaixo do edredom.

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