domingo, 14 de junho de 2009

Faltou o Schwarzenegger

Não adianta repetir a frase “Il’l be back” nem tocar “You could be mine” do Guns’N’Roses se a principal estrela da companhia só aparece num quase holograma de 30 anos atrás. “O exterminador do futuro: a salvação” quarto filme da franquia que transformou o “governator” em estrela nos anos 80 e promessa para uma nova trilogia é honesto, tenta reconquistar velhos fãs ao mesmo tempo em que assedia uma nova platéia, mas não tem o principal: a presença da estrela da companhia.

Um filme sobre o exterminador sem a presença de Arnold Schwarzenegger é como tirar o ingrediente principal de uma receita de bolo. Dificilmente vai dar certo. E pode-se dizer que praticamente não deu. E olha que não faltou “esforço e dedicação” de seu ator principal, Christian Bale, que usando a mesma voz que usa para fazer o Batman foi incumbido de viver o escolhido John Connor, o líder da resistência, na sua fase adulta.

A “dedicação” de Bale foi tamanha que ele até perdeu a cabeça no set e durante as filmagens disse alguns zilhões de palavrões para um técnico em iluminação que acidentalmente deixou uma luz cair, provocando a necessidade de regravar uma cena que acredito que estivesse perfeita. Melhor do que qualquer uma que eu tenha visto no filme. O desabafo do valentão você pode ouvir no fim do post. É “fuck” para todos os gostos, tamanhos e bocas sujas.

Enfim, de volta ao filme, Bale se esforça, mas quem rouba a cena é Sam Worthington, que vive Marcus Wright, um humano condenado a pena de morte no final do século XX ou início do século XXI que aceita doar o seu corpo à ciência para novos experimentos e “salvar a humanidade”. Pelo menos é o que diz a doutora Serena Kogan (Helena Bonham-Carter).

Wright volta a vida em 2018, o ano em que se passa o novo filme do exterminador e será figura fundamental nos planos dos humanos para vencer a guerra contra as máquinas. Se eu disser mais do que isso, estrago o filme. Se é que você pretende vê-lo.

Além de inundar a minha cabeça com uma música chiclete como “You could be mine” (ao menos ela é boa), o novo filme causou uma certa confusão aqui na cachola. Se Connor, alguém ainda por nascer no primeiro filme de 84, um pré-adolescente no segundo filme de 91 e um “pré-adulto” problemático no terceiro de 2003, agora é finalmente o líder da resistência contra a Skynet, que vemos começar a guerra nuclear no final do terceiro filme, como ele agora ressurge para proteger não apenas a si mesmo como Kyle Reese, aquele que será o seu pai no futuro?

Durmam com um barulho desses John D. Brancato e Michael Ferris. Ainda mais porque em “O exterminador do futuro 3: a rebelião das máquinas”, o exterminador vivido por Schwarzenegger diz que o matará em 2032, apenas 14 anos depois dos eventos do quarto filme. Será que existiu mais de um John Connor? Olha eu tentando salvá-los da sinuca de bico.

Seja como for, não é a confusão histórica o principal problema do filme. É apenas um deles. O outro é McG. Autor do insípido “As Pantera” (2000) e que agora planeja filmar o clássico de Júlio Verne “20.000 léguas submarinas”, o diretor não imprime nada de fundamental neste novo filme, não dá uma cara, não traz uma idéia diferente. Seus filmes são sem cores. McG apenas se limita a repetir fórmulas que deram certo e vai reproduzindo.

Daí vale até repetir a trilha sonora do “Exterminador do futuro 2”, quando o Guns estava no auge da carreira. Hoje, a banda de Axl Rose não é mais a mesma, lançou um disco meia-boca depois de 14 anos de espera e ainda não conseguiu produzir algo perto sequer de “You could be mine”. Mas se serve de consolo para o velho Axl, ele continua sendo ouvido em 2018. Pelo menos na ficção.

Para piorar a situação, Bale, um bom ator, sem sombra de dúvida, não é nem um pouco carismático como o “governator” ou Worthington, que o engole quando os dois aparecem juntos em cena. Claro que ele é um Connor melhor do que Nick Stahl, que vive o herói no terceiro filme. Mas isto não configura nenhuma vantagem para um ator que atingiu o nível de Bale enquanto Stahl ainda tem muita estrada pela frente e que ainda não tem trabalhos de muito quilate para apresentar.

Tudo seria compensado, claro, se o novo filme tivesse a presença – mesma – de Schwarzenegger. O grandalhão austríaco que hoje está mais preocupado com o meio ambiente, em "exterminar livros" e em governar a Califórnia daria ao novo filme do exterminador o único ponto de nostalgia necessário para uma continuação da série. Bem, agora se fala num quinto filme do exterminador previsto para 2011. E McG, que estaria a frente do projeto, já deu entrevistas dizendo “quem sabe ele não volta”.

Tomara. No papel do exterminador ele é insubstituível e dá de mil a zero em todas as geringonças criadas para esta película de motos exterminadoras a rastreadores exterminadores.
Abaixo o áudio de Christian Bale perdendo a cabeça durante as gravações do filme e o videoclipe clássico de "You Could be Mine" do Guns.


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