sábado, 14 de março de 2009

Uma operação meio assim assim...

Desde que se separou da agente Paula Wagner, rompendo com uma parceria em uma produtora de filmes, passou a falar demais da cientologia e subiu em 2005 no sofá da apresentadora Oprah Winfrey para declarar de forma inusitada seu amor a Katie Holmes, Tom Cruise vem se especializando em fazer filmes que variam entre o ruim e o meia-boca.

“Guerra dos Mundos” (2005) era, com muito boa vontade, um filme bem nota 5,5. “Missão Impossível III” (2006) foi uma decepção total, só salvo da tragédia pelo vilão vivido por Phillip Seymour Hoffman. “Leões e Cordeiros” (2007) é outro trabalho em que ele passa discretamente. Já em “Trovão Tropical” (2008) o ator até consegue brilhar num personagem que o deixa quase irreconhecível.

O último grande filme de Cruise, porém, é “Collateral” (2004), este sim um trabalho em que o ator mereceu muitos elogios no papel de um assassino que tem que matar cinco pessoas e usa o motorista de táxi vivido por Jamie Foxx para conduzí-lo.

“Operação Valquíria”, ora em cartaz, está muito longe de “Collateral”. Ele é mais um filme assim assim de Tom Cruise. Na película, Cruise vive o coronel Claus von Stauffenberg, considerado um dos heróis alemães, que organizou a última tentativa de matar o ditador Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.

O trabalho de Bryan Singer, diretor de ótimos filmes baseados em quadrinhos como “X-Men” (2000), “X-Men II” (2003) e Superman Returns (2006), além do clássico “Os Suspeitos” (1995), conta, portanto, como o plano foi desenvolvido até a tentativa fracassada no atentado na Toca do Lobo, como era chamado o esconderijo de Hitler, vivido por David Bamber (para mim, sempre sob a sombra de Bruno Ganz, que vive magistralmente o ditador em “A Queda” – 2004).

Como todos nós sabemos, a tentativa de assassinar Hitler deu errado até o ditador vir a se matar em 1945, quando a Segunda Guerra já caminhava para a vitória dos aliados. Saber o final da história certamente prejudicou o seu desenvolvimento, mas Singer também não mostrou muita disposição em oferecer algo que pudesse surpreender o seu espectador.

A conspiração se desenvolve num ritmo extremamente previsível e sem inspiração de quem deveria comandá-la. Tom Cruise hoje parece ser um ator no piloto automático que faz filmes em que usa as cenas de ação para correr (sempre é preciso correr nos seus filmes). Quando a cena precisa de alguma dramaticidade, ele usa aquela expressão fechada de quem é o herói do filme e sabe que está dizendo as frases mais sábias do roteiro e bola para frente.

Muito pouco para um ator ainda muito jovem, com 46 anos. Ainda mais se pensarmos que o seu contemporâneo, Brad Pitt (tem 45 anos), com quem ele já rivalizou no coração das adolescentes, fez no mesmo período da “queda” de Cruise três bons filmes: “Sr. e Srs. Smith” (2005), “O Assassinato de Jesse James pelo covarde Robert Ford” (2007) e “O Curioso Caso de Benjamin Button” (2008).

Apesar destas críticas, “Operação Valquíria” não é de se jogar fora. Pode ser uma boa diversão se você não se importa em chegar no cinema já sabendo o final do filme.

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