sexta-feira, 20 de março de 2009

A insuperável Donzela de Ferro

Poucas bandas são capazes de fazer um show tão bom quanto o do Iron Maiden. Poucas bandas fazem três turnês com passagens pelo Brasil num espaço de oito anos e conseguem manter o seu público vidrado no palco, hipnotizado, mesmerizado, com um repertório com 70% das músicas completamente diferentes entre uma apresentação e outra.

O Iron Maiden já seria um espetáculo de alta qualidade se subisse ao palco para ser simplesmente o Iron Maiden. Mas a banda se preocupa em fazer um show que grude na retina dos fãs, que seja sentido no coração do seu público e seja lembrado e passado para gerações e gerações de “maidenmaniacos”.

Referência no metal e, obviamente, no rock and roll, o Iron voltou ao Rio de Janeiro cinco anos depois da turnê do disco “Dance of Death”, que resultou no excelente show num entupidíssimo Citibank Hall (se é que ele tinha esse nome na época).

Dessa vez, a turnê “Somewhere back in time” faz uma referência aos clássicos do Iron na década de 80, tempos da “World Slavery Tour”. Tempo de discos como “The number of the beast” (1982), “Piece of Mind” (1983), “Powerslave” (1985) e “Seventh Son of a Seventh Son” (1988). E em 2 horas de show, é só o que Bruce Dickinson (voz), Steve Harris (baixo), Janick Gears (guitarra), Adrian Smith (guitarra), Dave Murray (guitarra) e Nico McBrain (bateria) fazem. Desfilam clássicos para o deleite dos veteranos de shows do Iron e conhecimento das novas gerações que se fizeram presentes entre as mais de 20 mil pessoas que estiveram no sábado na Apoteose (parênteses: como tinha muita mulher também. Será que as metaleiras estão ressurgindo das tumbas?).

É sensacional poder ouvir músicas que não costumam ser incluídas no set list do Iron como a emocionante “Children of the Damned”, a belíssima “Wasted Years” ou a longa e arrebatadora “Rime of the Ancient Mariner” e seus quase 14 minutos de puro metal. São canções que dificilmente voltarão a figurar no set do Iron, assim como outra música igualmente longa e ótima: “Phanton of the Opera”.

Só por isso já valeria a pena pagar o ingresso para assistir a este show só com clássicos. Mas o Iron é mais do que música: é um espetáculo. O seu palco e suas parafernálias, incluindo aí dois Eddies que aparecem em “Iron Maiden” (esse uma espetacular versão de múmia gigante que solta fogo pelo olhos), e “The Evil that man do” (já no bis em sua versão boneco ameaçador), são o sétimo maiden. E o Iron não economiza nos fogos, nas lufadas de fogo, cujo calor é sentido a uma longa distância, e nos cenários. Havia um tema de fundo para cada uma das 16 músicas tocadas no sábado.

Valeu a pena esperar pelo Iron de novo. Só com a introdução no discurso do ex-primeiro-ministro britânico Winston Churchill seguida de “Acces High”, “Wratchild” e “2 minutos to midnight” seria preciso sair, comprar outro ingresso e entrar de novo.

Em “The Trooper”, com o tradicional gesto de Bruce Dickinson cantando segurando e agitando a bandeira da Grã-Bretanha, você quase tem vontade de se alistar no Exército inglês. “Fear of the Dark”, uma das poucas que não são da década de 80 mantidas no set, tem exatamente a mesma e histórica interpretação do Rock in Rio de oito anos atrás.

E ainda teve “Run to the Hills”, uma das mais celebradas pela platéia, que, diga-se de passagem, cantou todas as músicas com devoção religiosa, “Hallowed by the name” e “Powerslave”, com Bruce cantando usando uma máscara.

Na hora do bis, a sensação de que se podia ficar ali mais umas duas horas pulando e cantando músicas do Iron. Só que o público tem que se contentar apenas com “The number of the beast”, “The evil that man do” e Sanctuary”, que fechou o show com direito a promessa de retorno em 2011, quando o Iron estará em turnê divulgando o álbum que será lançado no ano que vem.

Seja onde for que o Iron vá tocar daqui a dois anos eu estarei lá. Um show do Iron é sempre imperdível. O set vai, obviamente, mudar de novo e o Iron permanecerá fazendo o espetáculo no qual é mestre.

Abaixo, alguns dos momentos imperdíveis do espetáculo:

Acces High

2 Minutos to Midnight

The Trooper

Children of the Damned

Fear of the Dark

Iron Maiden

The Evil that Man Do

2 comentários:

Lion disse...

Showzaço mesmo!!!

Marcelo Alves disse...

Não sabia que estavas lá. Foi espetacular, apesar dos problemas com o som.