sábado, 1 de novembro de 2008

Dois craques e um filme médio


Com mais de 130 anos de carreira somados, Turk (Robert de Niro) e Rooster (Al Pacino) são mais do que parceiros, mais do que amigos. Eles se completam. Com é bem lembrado em “As duas faces da lei”, são como o Lennon e McCartney da polícia. Veteranos do Departamento de Polícia de Nova York, eles se deparam com o caso de um vigilante que estaria fazendo justiça com as próprias mãos matando os bandidos da cidade. A única conexão entre eles são os poemas deixados pelo assassino. Uma suspeita: ele é policial.

A partir desta premissa começa um jogo de gato e rato que até guarda semelhanças com o outro encontro cinematográfico entre estes dois monstros sagrados das telas: “Fogo contra Fogo”. No filme de 1995 dirigido por Michael Mann, porém, Pacino e De Niro estão em lados opostos e sequer travam diálogos. De Niro vive o ladrão Neil McCauley e é perseguido pelo detetive Vincent Hanna, interpretado por Pacino.

Em “As duas faces da lei”, por outro lado, os dois são amigos de longa data e trabalham juntos perseguindo alguém que pode até ser um deles. E todas as suspeitas conduzidas pelos detetives Perez (John Leguizamo) e Riley (Donnie Whalberg) recaem sobre Turk, policial violento, mas extremamente correto, de comportamento diferente do aparentemente frio e cético Rooster.

Um enredo, portanto, que daria um ótimo filme, principalmente pelo final que só se torna óbvio pela maneira como o diretor Jon Avnet e o roteirista Russel Gewirtz conduzem a história. Faltou um pouco mais de tato para conduzir esse filme a um thriller policial de qualidade.

É claro que em filmes do gênero não faltam clichês como os refletidos nas personalidades de Turk e Rooster. Mas a premissa de caçar alguém do próprio meio e utilizando a possibilidade de um dos dois atores principais ser, na verdade, o vilão da história, não deixa de ser interessante por isso.

Acontece que a película dá pistas de mais, escolhe caminhos excessivamente óbvios o que conduz a um desfecho meia-boca e nada dramático (é claro, porém, que eu não vou contar quem na verdade é culpado pelos assassinatos).

“As duas faces da lei” só não é um filme completamente dispensável pela oportunidade de assistir a dois atores como Pacino e De Niro juntos em cena. São dois mestres. E é sempre bom ver craques deste quilate contracenando. Pelas suas idades avançadas – Pacino tem 68 anos e De Niro, 65 – é cada vez mais difícil vê-los em películas novas, pois é natural que diminuam o ritmo de trabalho. Mas diante da câmera, eles, mesmo, de longe, não cumprindo a melhor de suas atuações, ainda dão prazer em quem gosta de um bom cinema.

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