O futebol retrocedeu séculos no tempo. Vivemos uma era medieval do esporte, onde o clima bélico suplanta qualquer discussão em alto nível do ponto de vista esportivo e faz até amigos cometerem atrocidades.
Um relato tão triste quanto verdadeiro colhido numa lanchonete da cidade na gelada noite de domingo. Com exceção da minha pessoa, os personagens permanecerão anônimos.
- O Fluminense ganhou hoje?
- Não sei (Eu saberia depois que havia perdido de 1 a 0 do Goiás)
- Cara, espero que continue perdendo.
(...)
- Você ficou triste com a derrota na Libertadores?
- Foi uma dor horrível.
- Eu não sou nem um pouco solidária à sua dor.
Só duas vezes na minha vida eu senti uma dor tão grande quanto a que vivi quarta-feira passada. Momentos dramáticos da minha existência que não cabem ser contados neste espaço. Um deles é até infinitamente mais sério e absolutamente irreversível que, para muitos, jamais poderiam ser comparados a um jogo de futebol.
Mas a dor de quem ama é sempre avassaladora. Imagina quando você recebe um “tô nem aí” de personagens que você considere amigos.
A única coisa que eu ganho é pura bile, um discurso figadal. Palavras de ódio das massas que nos últimos dias consumiu até pessoas inteligentes. O clima de nazi-intolerância que atingiu o Rio de Janeiro persegue pessoas inocentes e cria guetos nada esportivos. O esporte prega a união, o olimpismo. A disputa existe, mas a fidalguia deve sempre prevalecer em nome, no mínimo, da boa educação. Mais ou menos o que o tenista Rafael Nadal ensinou após derrotar Roger Federer na decisão de Wimbledon.
Mas o que vejo no meu MSN são mais manifestações de ódio. Assisto calado sem deixar de pensar: onde foi que o futebol foi parar? Onde está a alegria? A gozação sadia? A provocação? Tudo coberto por um manto negro.
Nos últimos dias cheguei a me questionar se estava exagerando. Só eu estou vendo isso. Até que a página “Logo”, do jornal “O Globo”, abordou exatamente o ódio no futebol. Para ilustrar, um jovem torcedor do Feyenoord, da Holanda, que com o tamanho e as feições de quem não tinha mais do que cinco anos mostrava-se possuído e fazendo gestos obscenos na imagem.
Acima, um relato de um jovem tricolor de 11 anos que, além de superar a tristeza por uma derrota que eu sempre vou considerar injusta, teve que enfrentar na longa volta para casa um corredor polonês de xingamentos e humilhações pelas ruas que passava. Ele se perguntava se era para se sentir culpado, se talvez fosse esse o desejo de quem estava ali às 2h da manhã para agredi-lo.
Tive a certeza de que eu não era o único a apontar os exageros de uma noite surreal que revelou a verdadeira face do futebol no Brasil por trás das tão exaltadas letrinhas de música sem xingamentos e da aparente (e só aparente) tranqüilidade das torcidas organizadas.
Certa vez, muito antes de Libertadores, um colega me disse que não gostaria que o seu filho que ainda ia nascer gostasse de futebol. “A gente sofre muito”, ele justificou. Eu brinquei dizendo que é do muito sofrimento e das poucas alegrias que o futebol se alimenta e o faz ser o mais apaixonante de todos os esportes.
Quando eu vejo no que o esporte que eu amo tanto vem se transformando, começo a mudar de opinião. Se um dia eu vier a ter um filho, acho que também desejarei que ele não goste disso. Mas não porque a gente sofre muito, e sim porque eu jamais iria desejar que um filho meu deixasse o Maracanã para ser xingado e humilhado. E jamais iria aceitar que um filho meu xingasse e humilhasse alguém. Isso é comportamento pequeno. De gente mesquinha.
No meu caso, já sou burro relativamente velho. Algumas coisas ainda me emocionam no futebol e é possível encontrar uma rivalidade sadia em outros países. Ou talvez seja o momento de submergir. Ficar um pouco de fora. Só observando o movimento da bola.
PS: Acima, o quadro “O Ódio”, do pintor espanhol José Luis Fuentetaja. A pintura é de 1971. Naquela época, nenhum clube carioca era campeão da Libertadores, o futebol era mais romântico, mais bem jogado e só havia espaço para o ódio nas telas de um artista.
Um relato tão triste quanto verdadeiro colhido numa lanchonete da cidade na gelada noite de domingo. Com exceção da minha pessoa, os personagens permanecerão anônimos.
- O Fluminense ganhou hoje?
- Não sei (Eu saberia depois que havia perdido de 1 a 0 do Goiás)
- Cara, espero que continue perdendo.
(...)
- Você ficou triste com a derrota na Libertadores?
- Foi uma dor horrível.
- Eu não sou nem um pouco solidária à sua dor.
Só duas vezes na minha vida eu senti uma dor tão grande quanto a que vivi quarta-feira passada. Momentos dramáticos da minha existência que não cabem ser contados neste espaço. Um deles é até infinitamente mais sério e absolutamente irreversível que, para muitos, jamais poderiam ser comparados a um jogo de futebol.
Mas a dor de quem ama é sempre avassaladora. Imagina quando você recebe um “tô nem aí” de personagens que você considere amigos.
A única coisa que eu ganho é pura bile, um discurso figadal. Palavras de ódio das massas que nos últimos dias consumiu até pessoas inteligentes. O clima de nazi-intolerância que atingiu o Rio de Janeiro persegue pessoas inocentes e cria guetos nada esportivos. O esporte prega a união, o olimpismo. A disputa existe, mas a fidalguia deve sempre prevalecer em nome, no mínimo, da boa educação. Mais ou menos o que o tenista Rafael Nadal ensinou após derrotar Roger Federer na decisão de Wimbledon.
Mas o que vejo no meu MSN são mais manifestações de ódio. Assisto calado sem deixar de pensar: onde foi que o futebol foi parar? Onde está a alegria? A gozação sadia? A provocação? Tudo coberto por um manto negro.
Nos últimos dias cheguei a me questionar se estava exagerando. Só eu estou vendo isso. Até que a página “Logo”, do jornal “O Globo”, abordou exatamente o ódio no futebol. Para ilustrar, um jovem torcedor do Feyenoord, da Holanda, que com o tamanho e as feições de quem não tinha mais do que cinco anos mostrava-se possuído e fazendo gestos obscenos na imagem.
Acima, um relato de um jovem tricolor de 11 anos que, além de superar a tristeza por uma derrota que eu sempre vou considerar injusta, teve que enfrentar na longa volta para casa um corredor polonês de xingamentos e humilhações pelas ruas que passava. Ele se perguntava se era para se sentir culpado, se talvez fosse esse o desejo de quem estava ali às 2h da manhã para agredi-lo.
Tive a certeza de que eu não era o único a apontar os exageros de uma noite surreal que revelou a verdadeira face do futebol no Brasil por trás das tão exaltadas letrinhas de música sem xingamentos e da aparente (e só aparente) tranqüilidade das torcidas organizadas.
Certa vez, muito antes de Libertadores, um colega me disse que não gostaria que o seu filho que ainda ia nascer gostasse de futebol. “A gente sofre muito”, ele justificou. Eu brinquei dizendo que é do muito sofrimento e das poucas alegrias que o futebol se alimenta e o faz ser o mais apaixonante de todos os esportes.
Quando eu vejo no que o esporte que eu amo tanto vem se transformando, começo a mudar de opinião. Se um dia eu vier a ter um filho, acho que também desejarei que ele não goste disso. Mas não porque a gente sofre muito, e sim porque eu jamais iria desejar que um filho meu deixasse o Maracanã para ser xingado e humilhado. E jamais iria aceitar que um filho meu xingasse e humilhasse alguém. Isso é comportamento pequeno. De gente mesquinha.
No meu caso, já sou burro relativamente velho. Algumas coisas ainda me emocionam no futebol e é possível encontrar uma rivalidade sadia em outros países. Ou talvez seja o momento de submergir. Ficar um pouco de fora. Só observando o movimento da bola.
PS: Acima, o quadro “O Ódio”, do pintor espanhol José Luis Fuentetaja. A pintura é de 1971. Naquela época, nenhum clube carioca era campeão da Libertadores, o futebol era mais romântico, mais bem jogado e só havia espaço para o ódio nas telas de um artista.
Um comentário:
Olá Que trabalho milagroso de grande Amiso, eu sou Jose Nuno, minha esposa me deixou porque tenho câncer no corpo, então enviei um email para o Dr.Amiso e explico tudo para ele, ele cura a doença e devolve minha esposa de volta para mim , eu também disse ao meu amigo Olavo que sua esposa está se divorciando em três dias, ele também entrou em contato com o Dr.Amiso, reteve e viu sua esposa ligar para o advogado 2 dias antes do terceiro dia de assinar o documento de divórcio e disse que ela não estava Ao se divorciar do marido novamente, ele deve parar e procurar todos os documentos sobre a questão do divórcio, acredite: agora eles estão vivendo felizes como nunca antes. caso você esteja passando por um problema conjugal, entre em contato com Dr.Amiso pelo herbalisthome01@gmail.com
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