terça-feira, 8 de julho de 2008

Ainda o Fluminense...

O futebol retrocedeu séculos no tempo. Vivemos uma era medieval do esporte, onde o clima bélico suplanta qualquer discussão em alto nível do ponto de vista esportivo e faz até amigos cometerem atrocidades.

Um relato tão triste quanto verdadeiro colhido numa lanchonete da cidade na gelada noite de domingo. Com exceção da minha pessoa, os personagens permanecerão anônimos.

- O Fluminense ganhou hoje?

- Não sei (Eu saberia depois que havia perdido de 1 a 0 do Goiás)

- Cara, espero que continue perdendo.

(...)

- Você ficou triste com a derrota na Libertadores?

- Foi uma dor horrível.

- Eu não sou nem um pouco solidária à sua dor.

Só duas vezes na minha vida eu senti uma dor tão grande quanto a que vivi quarta-feira passada. Momentos dramáticos da minha existência que não cabem ser contados neste espaço. Um deles é até infinitamente mais sério e absolutamente irreversível que, para muitos, jamais poderiam ser comparados a um jogo de futebol.

Mas a dor de quem ama é sempre avassaladora. Imagina quando você recebe um “tô nem aí” de personagens que você considere amigos.

A única coisa que eu ganho é pura bile, um discurso figadal. Palavras de ódio das massas que nos últimos dias consumiu até pessoas inteligentes. O clima de nazi-intolerância que atingiu o Rio de Janeiro persegue pessoas inocentes e cria guetos nada esportivos. O esporte prega a união, o olimpismo. A disputa existe, mas a fidalguia deve sempre prevalecer em nome, no mínimo, da boa educação. Mais ou menos o que o tenista Rafael Nadal ensinou após derrotar Roger Federer na decisão de Wimbledon.

Mas o que vejo no meu MSN são mais manifestações de ódio. Assisto calado sem deixar de pensar: onde foi que o futebol foi parar? Onde está a alegria? A gozação sadia? A provocação? Tudo coberto por um manto negro.

Nos últimos dias cheguei a me questionar se estava exagerando. Só eu estou vendo isso. Até que a página “Logo”, do jornal “O Globo”, abordou exatamente o ódio no futebol. Para ilustrar, um jovem torcedor do Feyenoord, da Holanda, que com o tamanho e as feições de quem não tinha mais do que cinco anos mostrava-se possuído e fazendo gestos obscenos na imagem.

Acima, um relato de um jovem tricolor de 11 anos que, além de superar a tristeza por uma derrota que eu sempre vou considerar injusta, teve que enfrentar na longa volta para casa um corredor polonês de xingamentos e humilhações pelas ruas que passava. Ele se perguntava se era para se sentir culpado, se talvez fosse esse o desejo de quem estava ali às 2h da manhã para agredi-lo.

Tive a certeza de que eu não era o único a apontar os exageros de uma noite surreal que revelou a verdadeira face do futebol no Brasil por trás das tão exaltadas letrinhas de música sem xingamentos e da aparente (e só aparente) tranqüilidade das torcidas organizadas.

Certa vez, muito antes de Libertadores, um colega me disse que não gostaria que o seu filho que ainda ia nascer gostasse de futebol. “A gente sofre muito”, ele justificou. Eu brinquei dizendo que é do muito sofrimento e das poucas alegrias que o futebol se alimenta e o faz ser o mais apaixonante de todos os esportes.

Quando eu vejo no que o esporte que eu amo tanto vem se transformando, começo a mudar de opinião. Se um dia eu vier a ter um filho, acho que também desejarei que ele não goste disso. Mas não porque a gente sofre muito, e sim porque eu jamais iria desejar que um filho meu deixasse o Maracanã para ser xingado e humilhado. E jamais iria aceitar que um filho meu xingasse e humilhasse alguém. Isso é comportamento pequeno. De gente mesquinha.

No meu caso, já sou burro relativamente velho. Algumas coisas ainda me emocionam no futebol e é possível encontrar uma rivalidade sadia em outros países. Ou talvez seja o momento de submergir. Ficar um pouco de fora. Só observando o movimento da bola.

PS: Acima, o quadro “O Ódio”, do pintor espanhol José Luis Fuentetaja. A pintura é de 1971. Naquela época, nenhum clube carioca era campeão da Libertadores, o futebol era mais romântico, mais bem jogado e só havia espaço para o ódio nas telas de um artista.

Um comentário:

Janice Aliena disse...

Olá Que trabalho milagroso de grande Amiso, eu sou Jose Nuno, minha esposa me deixou porque tenho câncer no corpo, então enviei um email para o Dr.Amiso e explico tudo para ele, ele cura a doença e devolve minha esposa de volta para mim , eu também disse ao meu amigo Olavo que sua esposa está se divorciando em três dias, ele também entrou em contato com o Dr.Amiso, reteve e viu sua esposa ligar para o advogado 2 dias antes do terceiro dia de assinar o documento de divórcio e disse que ela não estava Ao se divorciar do marido novamente, ele deve parar e procurar todos os documentos sobre a questão do divórcio, acredite: agora eles estão vivendo felizes como nunca antes. caso você esteja passando por um problema conjugal, entre em contato com Dr.Amiso pelo herbalisthome01@gmail.com