Com o sucesso da série da Netflix “Drive to Survive” e o novo boom de popularidade da Fórmula-1 , não ia demorar muito para que a entidade que controla o esporte investisse no cinema para trazer ainda mais visibilidade para o esporte. “F1: O Filme” é uma aposta até certo ponto certeira nesta direção.Duelo entre o jovem e o experiente: um clichê de roteiro
Dirigido por Joseph Kosinski, de “Top Gun: Maverick” (2022), o filme tem uma receita de bolo simples: uma equipe em apuros e precisando vencer corridas para se manter no grid, um choque de gerações entre um piloto veterano (Sonny Hayes, vivido por Brad Pitt) e uma jovem promessa (Joshua Pearce, vivido por Damson Idris), um drama básico aqui e ali é os necessários momentos de redenção.
“F1” é redondinho. Diria até que é redondinho até demais. O filme muitas vezes navega numa linha tênue entre a publicidade e o cinema.
Como é uma produção “oficial”, ela procura não ferir suscetibilidades. Os pilotos reais da F1 são citados com respeito, ganham espaço, suas glórias são exibidas enquanto a fictícia equipe Apex luta por sua sobrevivência.
A própria existência da Apex em meio às equipes reais é uma forma de o filme não tomar lados, não fazer com que uma equipe real do grid tenha mais destaque do que outra num filme que pareceu com os espaços de cada escuderia milimetricamente calibrados de acordo com sua importância no grid e na história.
Tudo soa meio artificial no filme. Mesmo as idas e vindas da relação de Hayes e Pearce não têm muito drama. São apenas dois galos que precisam aprender a conviver de no galinheiro e até que eles não têm muito atrito real. Apenas divergências fruto de desinformação e disse me disse.
Também é difícil de engolir a quantidade de absurdos que acontecem no filme para fins de dramaticidade. Na F-1 real, acho que Hayes teria sido banido por conduta antidesportiva ou alguma coisa do gênero. Dizem que a inspiração do seu estilo arrojado foi Ayrton Senna. De fato, Senna era um adversário duro na pista e que muitas vezes estocava a corda dos limites. Mas Hayes é um personagem que só na ficção mesmo.
Por outro lado, o filme é divertido demais. Kosinski conseguiu levar para a pista as cenas eletrizantes que produziu no ar em “Top Gun”, fazendo com que sintamos a urgência e a necessidade de vitória da Apex na pista.
Ainda assim, “Drive to Survive” consegue ser ainda mais impressionante com as cenas reais das temporadas da F-1.
Mas não dá para negar que “F-1: O Filme” é muito bem feito. Eu não consegui tirar o olho da tela até o fim. E isso é mérito de um roteiro muito bom, ainda que previsível demais, da direção eletrizante de Kosinski e do trabalho dos atores.
Nota 7,5/10.
Nenhum comentário:
Postar um comentário