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Helga Guren é o grande destaque do filme |
Aqui, vemos Maria (a espetacular Helga Guren), lidando com um segundo casamento que entra num ponto de desgaste após sete anos. Com quatro filhos para criar e um marido que embora a ame está muito ausente pela natureza do seu trabalho, ela se vê sufocada a ponto de explodir de raiva constantemente.
Por um momento, o filme parece que vai fazer o inventário de um relacionamento que começou tão lindamente como o início do filme mostra, mas que vai acabar terrivelmente como em muitos divórcios. Algo como “História de um casamento” (2019).
No entanto, Ingolfsdottir está mais interessada em ir mais a fundo do que o filme americano e expor a gênese dos nossos problemas. E a solução (spoiler: é terapia).
“Elsklimg” levanta a ideia de que se não cuidamos de nossos traumas de infância, eles serão monstros que baterão na nossa porta em nossos relacionamentos futuros. E isso fica muito claro nas atitudes, medos e inseguranças de sua protagonista.
E se não conseguimos perceber as sutilezas que Guren consegue entregar tão bem, o filme desenha para nós ao mostrar a relação de Maria com a sua filha mais velha e com mãe, num dos pontos de virada do filme que nos faz compreender tão bem como aquela alma está quebrada e precisando de ajuda.
“Elskling” mostra como os traumas ajudam a impor barreiras mas nossas relações e criam dificuldades para que as pessoas consigam se conectar. Nem Maria, nem Sigmund (Oddgeir Thune) são culpados por serem quem são. Foi o ambiente que os fez assim. A dificuldade está em romper as barreiras para que eles possam se reconectar.
De certa forma, “Elskling” é um filme anti-Disney. Se o estúdio americano gosta de vender a ideia mitológica de alguém que é feito para uma outra pessoa e vai cuidar de você e o casal será feliz para sempre, “Elskling” prefere mostrar a vida como ela é: somos almas quebradas, com criações imperfeitas, e precisamos lidar com nossos traumas para fazer esta relação dar certo. Ou seguimos em frente até encontrarmos alguém que esteja disposto a travar esta árdua batalha conosco.
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