Logo na início de “Sirât”, o diretor Oliver Laxe exibe uma mensagem que explica o título do filme. Sirât vem a ser uma expressão que vem da tradição islâmica e significa uma ponte. Ponte esta descrita como fina como um fio de cabelo e mais afiada do que uma espada.
Basicamente, ela seria uma metáfora para a dificuldade em seguir o caminho certo e o nível de precisão necessária para alcançar o seu destino.
Eu devia ter prestado mais atenção a este detalhe no início, pois ele me deixaria mais preparado para tudo o que veria nas duas horas seguintes.
Filme que conta a história de um pai e um filho que saem por raves que acontecem no deserto do Marrocos em busca da filha/irmã desaparecida, “Sirât” é um filme que nos leva a refletir sobre a fragilidade do ser humano e como determinadas escolhas nos direcionam para os mais diferentes destinos.
É também um filme que questiona e coloca em perspectiva a sensação de segurança que eventualmente podemos ter.
Estou pisando um pouco em ovos para escrever aqui, pois este é um raro filme em que falar sobre eventos que acontecem na tela podem prejudicar a experiência.
Vencedor do Grande Prêmio do Júri em Cannes neste ano, “Sirât” nos faz pensar. Demorei um pouco a compreender a sua vibe, embora tenha gostado de cara das cenas tão cruas e cheias de textura das raves e também das imagens bem bonitas do deserto. Um deserto que evoca beleza e horror, em que perigo está sempre à espreita aguardando uma decisão equivocada. O deserto é como a morte com quem os homens jogam xadrez, se eu puder evocar uma imagem de “O Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman (1957).
O uso do som também é uma das ferramentas mais relevantes no filme. E quase um personagem na história.
Ainda estou digerindo o filme, mas quanto mais penso, mais gosto do filme.
Nota 7,5/10.