sexta-feira, 26 de junho de 2015

Cotação da corneta: 'Lugares escuros'

Charlize Theron foge dos paparazzi
Depois de "Garota Exemplar", aquele filme absolutamente espetacular do ano passado, a corneta não apenas renovou seu status de idolatria por David Fincher, como também deixou a escritora Gillian Flynn em boa conta. Portanto, quando eu vi - e quando começou a ser vendido nos cartazes (malandrinhos!) - que um outro livro dela também tinha virado filme, óbvio que reservei o meu lugar no cinema mais próximo.

"Lugares Escuros" também poderia ser chamado de "Precisamos falar sobre a Metalfobia". Afinal, desde o início os preconceitos estão ESCANCARADOS contra os headbangers. Basta o cidadão se vestir de preto, estudar um satanismo, matar uma vaca e curtir um Misfits ou um Slayer que ele já é considerado um assassino pela sociedade. Como isso é possível?


Mas um grupo de nerds jogadores de RPG acha que não é bem assim. Eles se reúnem num clube de aprendizes de Sherlock Holmes para provar que Ben Day (Corey Stoll na idade adulta e Tye Sheridan na adolescência) era apenas um simpático fã de Megadeth com a cabeça iconoclasta e rebelde de qualquer adolescente que eu e você já fomos.


Para resolver o crime e tirar Ben da cadeia depois de 28 anos de martírio, eles contam com a ajuda de Libby Day (Charlize Theron, menos FURIOSA, com mais cabelo do que em “Mad Max” e um bonezinho como adereço). 

Única sobrevivente do massacre de Kansas que vitimou sua mãe e suas duas irmãs, Libby viveu as quase três décadas seguintes somente daquela noite. Ganhava doações das pessoas, cheques polpudos de famílias que se preocupavam com a jovem que sofrera um trauma terrível. Libby ainda assina um livro sobre ela que não escreveu e sequer leu. É assim a vida ia passando.

Mas..... Bem, uma hora ela tinha que virar adulta e as pessoas iam se cansar de sua história. Libby pensou: e agora? Vou ter que fazer essa coisa terrível que é trabalhar? Não, ela não teve tempo para refletir sobre isso porque logo surgiram os nerds do RPG oferecendo uns trocados para que ela os ajudasse na investigação. A questão é: ela precisaria desmentir o que falara em 1985, quando acusou o irmão dos assassinatos.

E aqui temos o viés PSICOLÓGICO do filme. Ben é o preso que viu a luz, descobriu o perdão e se vê livre e em paz mesmo atrás das grades. Libby está aí na vida, tomando uma cerveja, mas mora num muquifo e está acorrentada ao passado daquela fazenda no Kansas. 

"Lugares Escuros", portanto, se põe como uma jornada de reconciliação, redescoberta e desapego na busca por pistas que solucionem o mistério.

É um ponto a se abordar. Mas o filme de Gilles Paquet-Brenner não tem aquelas reviravoltas loucas de “Garota Exemplar”, por exemplo. Nesse ponto, a história de Gillian Flynn é mais linear.

O filme, por sua vez, se coloca mais num gênero "quem matou fulano?", ainda que você não seja levado a ter dúvidas ou refletir sobre possíveis mandantes do crime. Desde o início se sabe que a história oficial não é bem aquela (Ben não é o vilão), e que haverá a busca pela verdade. É assim você é conduzido até ela.

"Lugares Escuros" pode ser uma boa diversão para uma tarde fria de inverno. Da parte da corneta, o filme ganhará uma nota 6.

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