quinta-feira, 12 de junho de 2014

Olho na Croácia

Olic, um dos destaques da boa Croácia/Vipcomm
A Copa tem algumas obviedades. Todo torneio de tiro curto tem. Quando o sorteio saiu em dezembro do ano passado e mostrou quem estaria no grupo A (Brasil, Croácia, México e Camarões) e no B (Espanha, Holanda, Chile e Austrália), o comentário geral foi que espanhóis e holandeses jogariam para não pegarem o Brasil nas oitavas de final e correrem o risco de sair do Mundial mais cedo. Pois bem. A Croácia tratou de embaralhar um pouco isso tudo.

O time dirigido pelo ex-jogador Niko Kovac mostrou que tem bola para ir longe nessa Copa. Se vai repetir o feito da geração de ouro de Boban, Suker e Prosinecki e terminar em terceiro lugar como na França, em 1998, só o futuro dirá. Mas a equipe croata é promissora. E dará trabalho para quem enfrentar nas oitavas de final. Não acredito que México e Camarões poderão fazer muita coisa nessa chave.

Os croatas têm um time técnico, que joga bem e com a bola no chão. Comandados pelo meio-campo formado por Modric, Rakitic e Kovacic, o time procura tocar bem e manter a posse de bola. É, digamos, um tik-taka dos Bálcãs. Aliás, os croatas, assim como os bósnios, são os representantes nesta Copa de uma escola muito técnica, a da antiga Iugoslávia.

Quando se defende é com segurança e sem dar muito espaço para os adversários. Tanto é que o sistema defensivo só cometeu um erro em 90 minutos da partida contra o Brasil, quando deu muito espaço para Neymar empatar a partida aos 29 minutos. Um lance em que eu achei que o goleiro Pletikosa também falhou porque caiu um pouco atrasado na bola.

Naquele momento, brasileiros e croatas empatavam por 1 a 1 (Marcelo, contra, fez o primeiro da partida), e faziam uma partida equilibrada. A Croácia começou melhor, controlando a partida no meio-campo e com Olic passeando nas costas de Daniel Alves, enquanto o Brasil se mostrava um pouco nervoso. Mas no final do primeiro tempo e no início da etapa final, a seleção jogou bem e poderia até ter virado a partida se tivesse caprichado mais nas poucas finalizações que teve (no total foram 14 chutes a gol dos brasileiros e dez dos croatas).

O domínio territorial do Brasil principalmente a partir da segunda etapa pode ser resumido pela posse de bola: 58% contra 42% dos croatas. Luiz Gustavo fazia uma grande partida na proteção à zaga, onde David Luiz também era um dos destaques. Na frente, apesar do gol, o grande nome era o do até então criticado Oscar, talvez o melhor jogador da partida.

Mas com vontade a Croácia conseguia se manter firme e segurando o placar. Até que o árbitro japonês Yuichi Nishimura marcou um pênalti inexistente em cima de Fred aos 26 minutos da etapa final. Neymar converteu e decidiu o jogo.

- Se isso é um pênalti, então podemos parar de jogar futebol agora – reclamou, com razão, Kovac após a partida.

O pênalti mal marcado prejudicou demais os croatas. E o terceiro gol, já no fim, foi consequência de uma equipe que estava no ataque em busca do empate. Ainda assim os croatas nunca estiveram desorganizados em campo e em nenhum momento deixaram de jogar dentro do seu estilo. A Croácia perdeu, mas pode se dar bem nessa Copa. Fiquemos de olho nela.

Brasil 3 x 1 Croácia

Local: Itaquerão, em São Paulo

Árbitro: Yuichi Nishimura (JAP)

Gols: Marcelo, contra, aos 11 minutos para a Croácia e Neymar aos 29 e aos 26 minutos do primeiro tempo e Oscar aos 46 minutos do segundo tempo para a Croácia.

Brasil: Júlio César, Daniel Alves, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho (Hernanes) e Oscar; Hulk (Bernard), Neymar (Ramires) e Fred. Técnico: Luiz Felipe Scolari.

Croácia: Pletikosa, Srna, Corluka, Lovren e Vrsalijko; Rakitic, Modric, Perisic e Kovacic (Brozovic); Olic e Jelavic (Rebic). Técnico: Niko Kovac.

Nenhum comentário: