terça-feira, 3 de junho de 2014

Godzilla, uma bomba atômica

O lagartão solta o bafo atômico
Poucas vezes a corneta esteve tão constrangida diante de uma tela do cinema quanto vendo "Godzilla". Sim, fui conferir o enésimo filme do monstro que é um cruzamento de um tiranossauro com um iguanodonte e um estegossauro (eu estudei essas coisas vendo o Ross, em “Friends”).

Godzilla é um produto tipicamente japonês como o Jaspion, o Ninja Jiraya e o Nacional Kid, mas nos últimos anos Hollywood é quem tem ressuscitado o bicho para fazer versões cada vez mais, digamos, estranhas, desse dinossauro que tem como armas a superforça, um gritinho de contrabaixo e um poderoso vômito azul sabor urânio (tipo molho de restaurante chinês).

Só que não é com o Godzilla que a humanidade precisa tomar cuidado. Nesse filme, o animal é bonzinho, fofo, meigo... Deve ser para vender brinquedos. Os vilões são os Mutos, espécie de baratas gigantes que lançam pulsos eletromagnéticos e buscam um devastador acasalamento que acabará com a humanidade. Amigo, nem a dança do acasalamento da "Família Dinossauro" era tão constrangedora quanto o beijinho de bomba atômica desses baratões.

Mas o fato do Godzilla não ser o protagonista do seu próprio filme não é pior do que o suposto herói do filme, vivido por Aaron Taylor-Johnson.

Esse papel caberia ao tenente Brody (não aquele de “Homeland”, que já está morto e enterrado. Sorry pelo spoiler). Mas o cara não tem UMA cena em que faça algo minimamente heróico. Zero, nothing. Ele é praticamente um nada. Também, ser filho do Walther White deve causar danos irreversíveis.

E não é só isso! "Godzilla" é o maior desperdício de talentos por metro quadrado. O que faz musa Juliette Binoche no filme? Nada. Deve estar precisando da grana para o aluguel. E Ken Watanabe? O que é o discurso Greenpeace dele? "Nós humanos achamos que dominamos a natureza, mas isso é arrogante e blablablá".

Para não falar de Bryan Cranston chorando pela esposa como um Rocky Balboa gritando pela Adrian e Sally Hawkins, que até outro dia fazia um trabalho digno com Woody Allen.

Nada se salva em "Godzilla". Talvez alguns efeitos especiais. Eles garantiriam alguns pontos. Mas aí eu lembrei que vi duas cenas de famílias correndo rumo ao reencontro. Não deu. Só faltava a trilha de "Carruagens de fogo".

A corneta entrou numa fria, mas alerta-los-á que Godzilla é uma bomba atômica. O lagartão precisa evoluir muito ainda para ganhar uma boa cotação. Esse filme aqui vai ficar com uma nota 1,5.

Ficha técnica: Godzilla (Godzilla – 2014 – Estados Unidos) – Aaron Taylor-Johnson (Ford Brody), Ken Watanabe (Dr. Ishiro Serizawa), Bryan Cranston (Joe Brody), Elizabeth Olsen (Elle Brody), Carson Bolde (Sam Brody), Sally Hanwkins (Vivienne Graham), Juliette Binoche (Sandra Brody), David Strathairn (William Steinz). Escrito por Max Borenstein. Dirigido por Gareth Edwards.

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