sexta-feira, 13 de junho de 2014

Anotaram a placa?

Robben e Van Persie arrebentaram
Quando na véspera da estreia na Copa o meia Xavi disse que a Espanha deveria morrer com o seu estilo eu achei uma convicção radical que não combinava nem com o jeito de ser do jogador do Barcelona. Afinal, a Espanha era um time inegavelmente vencedor (são duas Eurocopas e um Mundial no meio disso tudo), mas era uma equipe quatro anos envelhecida em relação ao título da África do Sul. O retrato da decadência desse time – e não do modelo de jogo centrado na posse de bola, que fique claro – era a temporada ruim do Barcelona.

Sim, o Barcelona disputou o título espanhol até o final da temporada, mas fracassou na Liga dos Campeões e nunca apresentou um futebol como de outros tempos nos oito meses em que jogou a temporada. Isso tinha a ver as lesões de Messi, claro, mas também com o envelhecimento do time, que perdeu Victor Valdés, Puyol e viu Xavi ter sua pior temporada em anos.

O mesmo Xavi da coletiva que começou a partida desta sexta-feira como titular e viu a Holanda passear num acachapante 5 a 1 na Fonte Nova.

Vicente del Bosque apostou nesta Copa em que lhe deu dois títulos. Tanto é que trouxe 16 jogadores campeões do mundo em 2010. Mas me parece claro que havia alguns jogadores do atual elenco e, além disso, um modelo de jogar futebol pedindo passagem. Atletas como Koke e David Silva, que encerraram a temporada em alta. E o modelo do Atlético de Madrid de Simeone, o grande vencedor da temporada, apesar daquela derrota dolorosa para o Real Madrid na decisão da Liga dos Campeões.

Esse é um problema com o qual Del Bosque terá que lidar para a partida desde já decisiva contra o Chile, na semana que vem, no Maracanã. Mudar é preciso, sob pena de a Espanha repetir a Itália na Copa passada e cair na primeira fase. O grupo não é fácil como mostrou a partida que veio logo depois entre Chile e Austrália (3 a 1 para os chilenos). De um lado um time sul-americano que sabe jogar e tem um ímpeto ofensivo quase insano, um Sampaoli style. Do outro, uma equipe pesada, que joga na defesa e busca contra-ataques em velocidade, comandado pelo atacante Tim Cahill.

Para a Holanda, a Copa não poderia ter começado melhor. Digamos que os holandeses fizeram com os espanhóis o que Oberyn Martell deveria ter feito com a Montanha em “Game of Thrones”. Acabou com o rival de forma devastadora quando teve a oportunidade em uma disputa que começou perdendo e jogando menos que a adversária. 

Embora tenha sido a seleção de melhor campanha das Eliminatórias, ao lado da Alemanha, com 28 pontos conquistados, os holandeses chegaram ao Mundial sendo contestados por não ter uma geração tão talentosa quanto outras do passado. E se falava até que o Chile poderia roubar a vaga destinada aos holandeses no grupo B.

A tática do técnico Louis Van Gaal estava definida há tanto tempo que todos puderam passear na praia de Ipanema e sair na night carioca sem problemas. O treinador montou uma equipe jovem que corresse para os três craques trintões da frente, Sneijder, Robben e Van Persie, decidirem. A média de idade da Holanda na Copa é de 25,9 anos. O time que entrou em campo hoje tinha média de 25,1 sem contar com os três craques. Com eles, todos com 30 anos, a média sobe para 26,4.

E em campo, eles corresponderam. Principalmente Robben e Van Persie. O jogador do Bayern de Munique estava endiabrado e marcou dois gols. O centroavante do Manchester United e capitão da seleção holandesa fez o mesmo. Sendo que um deles foi um golaço de peixinho. De Vrij completou o placar. Xabi Alonso fez o gol espanhol num pênalti inexistente. Mais um erro de arbitragem numa Copa que começa marcado por eles.

O único problema dessa tática de Van Gaal é você ficar sem um dos três da frente. E Van Persie já recebeu um cartão amarelo em uma competição em que dois amarelos te deixa suspenso. Huntelaar é um bom centroavante, mas não se compara ao atacante do United. Assim como Kuyt ou Wijnaldum não estão no mesmo nível de Robben ou Sneijder.

Para começo de torneio e como injeção de ânimo foi bom para a Holanda, que pode garantir a classificação na quarta-feira, contra a Austrália. Mas pode faltar estofo para os holandeses chegarem longe na competição. Quanto a Espanha, a partir de agora é mata-mata até o fim.

Espanha 1 x 5 Holanda

Local: Fonte Nova, em Salvador, na Bahia

Árbitro: Nicola Rizzoli (ITA)

Gols: Xabi Alonso aos 27 minutos do primeiro tempo para a Holanda e Van Persie aos 44 minutos do primeiro tempo e aos 27 do segundo tempo, Robben aos 8 e aos 35 e De Vrij aos 19 minutos do segundo tempo para a Holanda.

Espanha: Casillas, Azpillicueta, Sérgio Ramos, Piqué e Jordi Alba; Busquets, Xabi Alonso (Pedro), Xavi, Iniesta e David Silva (Fábregas); Diego Costa (Fernando Torres). Técnico: Vicente del Bosque.

Holanda: Cillessen, Vlaar, De Vrij (Veltman) e Martins Indi; Janmaat, De Guzman, De Jong (Wijnaldum) e Blind; Sneijder, Van Persie (Lens) e Robben. Técnico: Louis Van Gaal.

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