sábado, 8 de outubro de 2011

E lá se foi o festival, bebê

O vocalista do System of a Down
Quem acompanhou este blogueiro pelo Twitter e por aqui sabe o quanto eu fui extremamente crítico com o Rock in Rio. Afinal, o festival que se encerrou no domingo passado ficará para a história como o que teve as atrações com o pior nível em relação às outras três edições.

Se alguns shows foram para serem lamentados, o festival, porém, teve os seus pontos positivos. Entre elas a oferta de locais para comer muito maiores do que em 2001, por exemplo, e os brinquedos que podem parecer um tanto infantil na visão de alguns, mas ajudaram a distrair o povo que chegava lá na Cidade do Rock cedo e evitava a concentração da galera num determinado ponto.

Outros dois pontos altos foram a Rock Street, espaço inspirado em New Orleans que sempre contou com bons shows, e o Palco Sunset com suas misturas de artistas de diversos estilos. Alguns shows ali foram tão bons que para muitos deveriam estar no palco mundo. Caso da cantora Joss Stone e do Sepultura. Estes dois realmente mereciam um palco maior.

Com o fim dos sete dias de festival, é chegada a hora de fazer aquele balanço dos melhores e piores shows. É claro que não consegui ver todos eles. Estive in loco em três dias e procurei ver o maior número possível de apresentações pela internet nos outros dias.

Se você sentir falta nessa lista, portanto, de nomes como Red Hot Chilli Peppers, Rihanna, Shakira, Capital Inicial ou Snow Patrol, saiba que eles não estão nem na lista dos melhores nem na lista dos piores porque simplesmente foram shows que eu não vi. Das 35 apresentações no Palco Mundo, eu consegui assistir 25. Será a partir daí e de alguns shows no Palco Sunset que escrevo o meu top 5 do bem e do mal nas próximas linhas. Então, parafraseando a atriz Christiane Torloni, vamos às críticas, bebê.

Os melhores shows:

O Metallica fez o segundo melhor show
Quando terminou o primeiro fim de semana do Rock in Rio, parecia impossível tirar o título de melhor show do Rock in Rio do Metallica. A banda tinha feito uma apresentação espetacular na Cidade do Rock, tocando muitos dos seus clássicos e mostrando que os anos passam, mas James Hetfield (voz e guitarra), Lars Ulrich (bateria), Kirk Hammett (guitarra) e Robert Trujillo (baixo) continuam mandando muito bem ali em cima do palco. Só que no último dia tinha o aguardado show do System of a Down. Um sonho antigo finalmente realizado.

Resultado? Daron Malakian (guitarra e vocal), Serj Tankian (vocal), Shavo Odadjian (baixo) e John Dolmayan (bateria) fizeram um show inesquecível. A apresentação estava dentro da turnê de volta do grupo, que fez um show de duas horas calcado nas músicas dos cinco discos lançados entre 1998 e 2005. A banda americana-armênia-libanesa correspondeu à todas as expectativas dos fãs e brilhou no palco da Cidade do Rock. Foi daqueles espetáculos inesquecíveis. De deixar o cidadão horas, dias, inebriado.

Os mascarados do Slipknot se divertiram muito
Assim, a medalha de prata ficou com o Metallica. O bronze? Este foi para o Slipknot. Os americanos fizeram, digamos, o show mais pirotécnico do Rock in Rio com imagens impressionantes que vão ficar para sempre marcadas no festival como a bateria que quase virou de cabeça para baixo e o mosh duplo de um dos integrantes dos mascarados da banda. Ah, e ainda teve a música que enlouqueceu o público. Eles passaram a impressão também de que foram os caras que mais se divertiram no festival. Estavam totalmente à vontade no palco.

Completam a minha lista dos cinco melhores o Motörhead e o Sepultura, que fez um shomzaço infelizmente em um palco menor, o Sunset.

Os piores shows:

Faltaram bons shows, mas sobrou cada bomba neste Rock in Rio que só comprovou a ideia que foi o pior line up da história do festival. Partindo do pressuposto de que Claudia Leitte e Ivete Sangalo são hors-concours porque nem deveriam ter sido convidadas para a festa, vamos à minha lista.

O pior de todos os shows foi o do Glória. A banda de metal conseguiu ser uma das poucas atrações do palco mundo vaiada e ainda perdeu público para o Sepultura que tocou no mesmo horário no palco Sunset por conta de um atraso na programação.

Ali muito pertinho do Glória, o segundo lugar vai para a Ke$ha, Eu não precisei de mais do que cinco minutos para ver o quanto a cantora que tem um cifrão no nome é fraca. Ainda assim, aguentei mais um pouco, tempo suficiente para fazer com que ela entre no top 5 das bizarrices do festival carioca.

O Jamiroquai irritou
O bronze muito bem dado vai para a banda que veio para o Rock in Rio tocar uma única música, mas ninguém percebeu. Com todo o respeito aos fãs do Jamiroquai, mas a sensação que eu tive foi que a música dele é sempre a mesma. E pior do que isso, é chata. Muitos concordaram comigo, porque o que eu vi de gente sentada esperando mesmo é pelo Stevie Wonder enquanto Jay K ficavam com o seu cocar de índio andando de um lado para o outro no palco não foi pouca coisa.

O quarto pior show foi o do Evanescence. Gosto (ou gostava?) da Amy Lee como cantora. Quando eles tocaram aqui em 2007, porém, parte do encanto foi embora. Tudo bem, Amy Lee cantava muito bem, mas a banda, que já não era a mesma dos dois primeiros discos que a levaram ao sucesso, “Fallen” (2003) e “The Open Door” (2006), mostrava pouca coisa no palco. Parecia um grupo desentrosado fazendo escada para a Amy Lee. No Rock in Rio, no entanto, foi ainda pior. Amy Lee fez um show constrangedor. Até ela estava mal. Por isso o quarto lugar na lista do mal.

Fechando o top 5 do horror, não podia deixar de faltar o Guns N’Roses. É triste dizer isso, principalmente porque eu sou um fã de carteirinha da banda, mas Axl Rose pagou um dos maiores micos da sua carreira neste festival. Errou letras, não teve fôlego para cantar outras, e desafinou até no assobio de “Patience”! (Mais detalhes no post abaixo). Realmente foi uma apresentação de chorar que me fez desejar que Axl se aposente mais cedo ou tente cantar outra coisa que não rock. Quem sabe ele não emplaca uma parceria com João Gilberto ou Chico Buarque?

Ah, e vale uma menção honrosa aqui ao Maroon5. Vai fazer show ruim assim lá em Los Angeles.

As decepções:

Aqui não tem como fugir de dois caras que são considerados lendas, mas fizeram shows muito mornos no Rock in Rio. O primeiro é Elton John. Estrela do primeiro dia do festival, o inglês fez um show para lá de sonolento e ainda não cantou “Your Song”, música aguardadíssima pelo público e que estava no set list.

O segundo é Stevie Wonder. Não me incluo entre os que acharam o show do americano espetacular. Achei para lá de meia boca e ainda teve aquela apelação desnecessária dele cantar “Garota de Ipanema” e “Você Abusou”. Numa boa, se eu quisesse ouvir “Garota de Ipanema” pegava um DVD do Tom Jobim ou aquela famosa gravação do Tom Jobim com o Frank Sinatra.

Pelo fim do cover e de manifestações brasileirinhas:

Isso me leva, aliás, a um problema do festival. Acho que tirando o System of a Down quase todas as bandas fizeram algum cover. Para o próximo Rock in Rio espero mais originalidade e menos cópia de músicas alheias, mesmo que seja na roupagem de uma homenagem.

Também gostaria que as bandas e cantores estrangeiros se concentrassem na sua música. Esse negócio de levantar bandeira, vestir camisa da seleção brasileira, dizer palavras em português, cantar música em português ou escrever “Rio” com coraçãozinho é uma grande palhaçada. Duvido que quando eles chegam na França cantem Piaf, gritem “Viva la France” ou entoem versos da Marselhesa. A gente gosta destes caras exatamente por causa da música deles. Não queremos sambinha nem “Rio, eu te amo”. Por isso, tudo o respeito ao System of a Down, que não ensaiou nem um obrigado. Sua música falou por si para fazer o melhor show do festival. No final, só ergueram uma bandeira jogada no palco pelo público, mas em respeito ao fã ali do gargarejo. Assim, em 2013, menos papagaiada e mais música.

Os brasileiros:

O Skank fez um show animado
Não vi o Capital Inicial que sempre faz um show animado. Assim, o que para mim foi o destaque do Brasil (além do Sepultura, que é parte gringo), foi o Skank. Não gosto do Skank, não gosto de suas músicas, mas é preciso admitir que os caras fizeram um belo show. Melhor até do que o da atração principal no seu dia, o Coldplay e seu show sem graça. No palco Sunset, é preciso destacar o showzaço do Matanza com o BNegão. Inesquecível. Assim como o Angra, que ainda tocou junto com a fantástica cantora finlandesa Tarja Turunen.

E a Pitty, me perguntariam alguns? Pitty não entra aqui pela minha total incapacidade de avaliá-la com isenção, embora eu já tenha feito isso aqui em outros posts. Para mim, ela está sempre ótima e fim de papo. E não ouse discordar! Por isso, ela é hors-concours. Mas de qualquer maneira, o show dela foi muito bom e certamente estaria entre os cinco melhores entre os brasileiros.

Entre os brasileiros não gostei do Frejat e da Orquestra Sinfônica reunida com os ex-membros da Legião Urbana. O primeiro porque usou pouco o próprio repertório. E alguém que tem uma história tão rica na música nacional não precisava ser tão tímido. No caso do segundo, a intenção da homenagem foi boa, mas não deu certo. Quase ninguém foi bem interpretando as músicas da Legião Urbana. A galera se empolgou? Claro, eram as músicas de Renato Russo. Mas na análise fria dos fatos, não deu certo, apesar das boas intenções.

É isso. Que em 2013 o Medina escale um elenco mais bem qualificado para o seu festival. Esse ano, o Rock in Rio deixou um pouco a desejar, apesar de alguns bons shows.

Abaixo, os shows completos de System of a Down, Metallica, Slipknot e Motörhead:




2 comentários:

Anônimo disse...

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marcelo alves disse...

Thank you!