sábado, 18 de setembro de 2010

Quarenta anos sem o gênio

Quando James Marshall Hendrix resolveu fazer uma visita ao inferno para nunca mais voltar eu não era nem um projeto de sêmen. Não havia eu. Apenas o nada. Enquanto isso, este americano com nome de xerife do Velho Oeste, mas chamado apenas de Jimi, já carregava legiões de fãs. Foi em 18 de setembro de 1970 que Hendrix resolveu tomar uma overdose de barbitúricos misturado com bebida e deitar na cama. Vomitou tudo, mas não botou para fora e foi aos poucos morrendo de forma estúpida afogado pelo próprio vômito.

Hendrix tinha 27 anos e estava no quarto de sua então namorada Monika Dannemann em um hotel de Londres na região de Notting Hill. Assim o guitarrista conhecido como o maior da história deixava o mundo após três discos obrigatórios e algumas apresentações memoráveis. A mais conhecida delas no Woodstock de 1969, quando mandou o hino nacional americano às favas e fez sua própria interpretação sem escrúpulos.

Aquela altura já tinha conseguido realizar o sonho do início da carreira quando era um guitarrista que gostava de ouvir feras como B.B. King, Muddy Waters e Elmore James.

- Quero fazer com a minha guitarra o que Little Richard faz com a sua voz – disse o músico que nasceu em Seattle, mas conheceria a fama primeiro em Londres.

Hendrix fez muito mais. É comum vê-lo no topo de todas as listas imagináveis de maiores guitarristas de todos os tempos. Alguns podem até contestar com argumentos consistentes (há quem prefira deus Eric Clapton ou Jimmy Page) ou meras birras iconoclastas. Mas Hendrix é o preferido de nove entre dez cidadãos que tentam honrar esse que é o instrumento do rock and roll. Gente que é tida como genial ama Hendrix e bebeu direto em sua fonte. E, convenhamos, como já disse o velho Nelson Rodrigues, toda unanimidade é burra.

Entre os gênios Hendrix foi o maior. Suas performances eram sempre incendiárias e não apenas quando ele colocava fogo na guitarra. Três delas podem ser encontradas em DVDs ou vídeos no YouTube. Além do show de Woodstock, há sempre os excelentes registros do Festival de Monterrey de 1967 e o festival de Isle of Wight de 1970. Basta apenas vê-lo no palco para entender algo que texto nenhum deste blog conseguiria explicar. Neste último, ele tocou 18 dias antes de morrer. Posso imaginar qual deve ter sido a sensação de quem estava presente quando soube que ele tinha batido as botas.

Certa vez li que Hendrix não gostava de sua voz e evitava cantar. É verdade que se sentia mais à vontade com sua guitarra, a extensão da sua alma. Alternava poucos versos com longas performances com o instrumento, experimentava, fazia o que se poderia dizer numa linguagem popular, “miséria” com a guitarra. Tudo sem precisar ser um poser se fazendo de deus do rock. Sua música falava por si.

Hendrix deixou de herança musical para a eternidade “Are You Experienced?” (1967), “Axis: Bold as Love” (1969) e “Eletric Ladyland” (1969). O primeiro, além da faixa-título tinha canções como “Foxy Lady”, “Manic Depression”, “Red House” e “Fire”. A versão americana ainda contava com “Purple Haze”. O segundo tem canções como “Up from the skies”, “Spanish castle magic” e “Castles made of sand” enquanto no terceiro se destacam “Voodoo Child” e o cover “All along the watchtower” entre outras ótimas músicas.

Após a sua morte, Hendrix foi canibalizado e mais 11 discos póstumos foram lançados. O mais recente deles, o “Valleys of Neptune” neste ano, supostamente com algumas canções novas tiradas de sobras de algum sótão de Hendrix e que foi recebido friamente pela crítica. Eu confesso que ainda não ouvi. Não posso opinar.

O que importa, porém, são os três discos lançados em vida e suas apresentações ao vivo disponíveis em CDs e DVDs. Alí você vai encontrar o mestre em ação no auge de sua forma. Infelizmente é o máximo que pode ter alguém que não teve a sorte de ver este gênio ao vivo.

Vamos ao que interessa. Jim Hendrix ao vivo.

"Purple Haze"



"Hey Joe"


"All along the watchtower"


"Voodoo Child"



"Foxy Lady"



"Star Spangled Banner"

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