quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Mais um típico filme de Tarantino

Quentin Tarantino é extremamente previsível. Em todos os seus filmes, você vai encontrar aquela linguagem pop, homenagens ao cinema com citações de filmes em diálogos do roteiro ou em cenas e os indefectíveis closes de pés femininos. Um certo jeitão trash e de filme B também é esperado.

Paradoxalmente, apesar de sua previsibilidade, quem gosta de Tarantino não se cansa dele. Seus roteiros têm quase sempre como tema central a vingança (como “Cães de Aluguel - 1992, “Pulp Fiction” – 1994, “Kill Bill” – 2003 e 2004 e “Bastardos Inglórios” – 2009) e são sempre de uma originalidade que só pode ter saído de uma cabeça no mínimo insana. E isso é um elogio.

“À prova da morte” tem tudo isso. Finalmente em cartaz no Brasil depois de três anos de espera, o filme estava incluído no projeto “Grindhouse”, parceria de Tarantino com Robert Rodriguez. A idéia dos dois era fazer o espectador ter a mesma sensação que eles tinham ao ir para uma sessão-poeira no cinema, ou seja, ver dois filmes quase sempre toscos, sem contar os trailers e propagandas bizarras.

As salas, porém, não compraram a idéia e para piorar os filmes foram mais malhados do que exaltados. “Planeta Terror”, o trabalho de Rodriguez, passou em torno de duas semanas por aqui há dois anos e poucos viram.

Beneficiado pela grife Tarantino que vem junto com as indicações ao Oscar de “Bastardos Inglórios” no início do ano, “À prova da morte” vai resistindo um pouco mais, embora em poucos e bravos cinemas do Rio de Janeiro. E o que é “À prova da morte”? Ora, um filme de Tarantino com tudo aquilo que eu já descrevi no início do texto.

Há um transbordar de pés femininos para todos os gostos, uma ode aos filmes B, diálogos criativos, belas mulheres com pouca roupa e, claro, é mais uma obra com a vingança como tema central.

No filme, Kurt Russel é Stuntman Mike, um dublê de cinema que dirige um carro potente e tem como único objetivo passar o rodo nas mulheres, matando-as com requintes de crueldade. Os motivos dele não são muito bem esclarecidos, mas Tarantino é um homem de ação e a idéia é fazer um filme tosco (inclusive com aqueles riscos e cortes surpreendentes na tela).

Mike, porém, só não contava que depois do seu primeiro e bem sucedido plano, ele fosse encontrar três garotas casca grossa na sua segunda investida dispostas a tudo a ponto de arquitetarem uma contra-vingança. É aqui que Tarantino faz sua homenagem às boas e velhas imagens de perseguições de carro para deleite dos fãs.

Em comparação com “Planeta Terror”, “À prova da morte” é menos trash e sanguinolento. Mas ambos não passam de diversão gratuita e uma grande brincadeira da dupla Tarantino/Rodriguez. Pena que poucos verão o filme na tela grande, onde as perseguições de carro e os closes na bunda de Rose McGowan ficam bem melhores.

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