domingo, 22 de novembro de 2009

Vampira de almas

Enquanto o mundo pré-adolescente se derrete por vampirinhos insossos de literatura barata, da gelada Suécia surge um filme que deixaria Gary Oldman e seu Drácula (1992) do filme de Francis Ford Coppola orgulhoso. É só na aparência e na impressão de quem vê que a história entre Oskar (Kare Hedebrant) e a vampira Eli (Lina Leandersson) em “Deixa Ela Entrar” se parece com “Crepúsculo” (2008) ou “Lua Nova” (2009), série baseada em livros da autora Stephenie Meyer.

“Deixa Ela Entrar” é cruel, ácido e glacial como o inverno sueco ao mostrar a relação de parasita e hospedeiro que Eli tem em relação a Oskar. Além do sangue, a aparentemente doce vampira se alimenta de almas solitárias dispostas a fazer tudo por ela em troca de um mínimo de atenção que lhes é negada.

Assim é Oskar, garoto que sofre com o bullying de colegas de escola e não tem forças para se defender a não ser diante do espelho ou de uma inocente árvore. Eli ajudará Oskar a lidar com os valentões da classe e lhe dará a garantia e a cobertura necessárias para o caso de algo dar errado.

Jovem que tem pouca atenção dos pais e sem amigos, Oskar aos poucos acaba se apaixonando pela estranha Eli, que não tem escola, só aparece no pátio quando escurece e tem “mais ou menos 12 anos há algum tempo”.

Quando ele descobre a natureza demoníaca da menina, já está rendido e nos domínios de Eli que agora necessita de um novo hospedeiro depois da morte de seu último amante que por força do tempo que não passa para ela teve que passar a fazer o papel de pai.

Sem precisar utilizar muitos recursos de computação gráfica, o filme de Tomas Alfredson é assustador exatamente pelo que não mostra. Ao ver a boca daquela aparentemente inocente menina suja de sangue, você só se permite imaginar com que crueldade ela atacou as suas vítimas. Teme-se sua escalada pelo hospital, como se temia cada ação da possuída Linda Blair em “O Exorcista” (1973), cujas transformações na face são semelhantes ao de Eli no longa sueco. Afinal, a menina só aparenta ter 12 anos em séculos de vampirismo, podendo ser exatamente quem qualquer um queira.

Alfredson construiu um assustador filme que embora não abra mão dos clichês vampíricos – seu título, por exemplo, é uma referência à máxima que um vampiro só pode entrar num recinto se convidado – consegue trazer um certo sangue novo (sem trocadilho) ao tema. Algo que a literatura e a filmografia de “Crepúsculo”, cujo terceiro capítulo deve ser lançado em 2010, jamais atingirá.

2 comentários:

Lion disse...

fiquei com vontade de ver esse filme

marcelo alves disse...

Vale a pena. Eu fiquei surpreso. É realmente um bom filme.