segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Um disco médio do U2

“No line on the horizon” não é um disco espetacular como o “Joshua Tree” (1987) ou o “Rattle and Hum” (1988), ou excelente como “October” (1981), “War” (1983), “Achtung Baby” (1991) e “All that you can’t leave behind” (2000), mas está muito distante de ser um dos piores trabalhos do U2 como parece na primeira vez em que você ouve o álbum.

Este momento negativo ficará sempre compreendido entre os anos de 1993 e 1999, período em que a banda irlandesa lançou seus dois piores discos: “Zooropa” (1993), que apesar de tudo tinha a inesquecível balada “Stay (far away, so close)”, trilha sonora do filme “Asas do Desejo” (1993) de Win Wenders, e “Pop” (1997), o supermercado que desembarcou no Brasil com sua homenagem ao Village People na música “Discotheque” que só não foi completamente esquecido por causa de belas canções como “Staring at the sun” e “Please”.

Mas como eu dizia, no primeiro crivo tem-se a sensação que das 11 faixas do álbum, só duas valem a pena: “Magnificent”, um roquezinho romântico que abre dizendo “I was born to be with you” e cheio de mensagens positivas que são a cara do cantor Bono Vox que solta a voz para dizer que “only love can leave such a mark/only love can heal such a scar”, e “Breathe” uma canção declamada no melhor estilo blueseiro do Mississipi com as levadas da guitarra de The Edge que parece um rescaldo da experiência de duas décadas atrás na viagem pelos Estados Unidos que resultou no disco e na fita já convertida em DVD de “Rattle and Hum”.

Uma segunda escutada e, principalmente, uma conferida nas canções sendo tocadas ao vivo, cortesia do YouTube, percebe-se que “No line on the horizon” tem suas qualidades e funciona melhor no cara a cara com o público - mérito da banda, que sempre foi ótima ao vivo - do que no conforto do lar com o disco tocando e o crítico chato (eu, no caso) anotando tudo e ouvindo cada faixa com extrema atenção. Poderíamos colocar o disco mais ou menos ao lado de “How to dismantle an anatomic bomb” (2004), álbum que não mudou o mundo, mas satisfaz numa tarde chuvosa em que se quer ouvir algo diferente dos clássicos do U2.

“No line on the horizon”, portanto, não será inesquecível, ou a maior revolução como a prometida pela banda antes do seu lançamento. Mas é possível se satisfazer com canções como a faixa-título, apensar do excesso de “oh, oh, oh, oh,oh, oh”, e “I’ll go crazy if I don’t go crazy tonight” com seu refrão que gruda na cabeça “It’s not a hill, it’s a mountain/As you start out the climb/Do you believe me or are you doubting/We’re gonna make all the way to the light/but I know I go crazy if I don’t go crazy tonight”.

Confesso que continuo implicando com “Get on your boots”, primeiro single da banda que foi muito criticado aqui quando do seu lançamento. As únicas coisas positivas da música que mesmo ao vivo não soa bem aos meus ouvidos, são a entrada da bateria de Larry Mullen Jr. e os riffs de The Edge, que também salva da completa desgraça “Stand up comedy”.

Já “Unknown Caller” me parece messiânica demais no seu tom (nada a ver nas letras), quase música de Igreja tal qual “Moment of surrender”, enquanto “White as snow” pouco acrescenta ao histórico de baladas do U2.

“No line on the horizon” é pouco para a história do U2, mas é impossível acertar sempre. E o U2 tem crédito. Basta voltar ao início deste texto e ver a quantidade de discos bons que ele já nos brindou.

Abaixo, o U2 interpretando algumas músicas do álbum:
"Magnificent"


"Breathe
"No line on the horizon"
"I'll go crazy if I don't go crazy tonight"
"Get on your boots"

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