sábado, 28 de setembro de 2019

Rock in Rio 2019 - primeiro dia

Mano Brown brilhou no primeiro dia
E lá se foi o primeiro dia de Rock in Rio! Em oito festivais, acho que foi um dos dias mais ecléticos e aleatórios que presenciei. Teve funk roots, teve pop, teve rap, teve um DJ e teve um cara com a camisa do Iron Maiden que deve ter errado o dia de aparecer lá na City of Rock.
Mas vamos agora aos comentários malemolentes deste primeiro dia. Lembrando que não trabalhamos com shows que começam antes do chá das 17h.
Alok - Em 37 anos eu nunca havia estado numa boate. Acho que o Alok entrou na minha vida para cumprir a função de me dar esta sensação. Claro que tem que ser muito ALOKO para repetir isso. Como vocês sabem, o Alok é um DJ. Logo, não tem muita coisa criativa ali. Desculpe, DJs. São colagens de sucessos de bandas como Cranberries, Bon Jovi, Pink Floyd, System of a Down, Red Hot Chili Peppers, Queen, e eu poderia estar até amanhã citando outras bandas. Tem também tunti-tunti eletrônico chato pra cacete, muita luz, uns foguinhos aqui e ali e muita lambaeróbica. Nem o “tira o pé do chão” e o “joga a mão pra cima” são originais, pois a Ivete faz isso há 75 Rock in Rios. Ah, teve um exercício de levantamento de celular também para malhar os braços. Alok também repetiu o tempo inteiro que ia fazer história, que era histórico etc... bom, a noção de história está um pouco complicada aí. Espero nunca mais passar por isso. Ou talvez seja necessário um ácido para entrar no clima.
Mano Brown e Bootsy Collins - Depois de uma hora de ALOKURA e batidão, entramos na máquina do tempo e voltamos algumas décadas para aquela combinação de soul, black music e passinhos cadenciados. E foi outro nível, amigo. Mano Brown deixou o lado Racionais de lado e baixou o Tim Maia para receber Bootsy Collins junto com a banda Boogie Naipe (que belo nome!). Mano, aliás, chegou trajando uma beca impecável. Todo de branco e um colar dourado que reluzia até o palco mundo. Durante o show teve espaço até para um brinde com uma água que passarinho não bebe. O clima era agradável e com MALEMOLÊNCIA, mas quando Bootsy Collins entrou ofuscou todo mundo. Afinal, ele trajava uma fantasia psicodélica dourada onde tudo brilhava. Até os dentes! Foi bonito. Ali o festival começou para valer.
Bebe Rexha - O show era da Bebe Rexha, mas quem brilhou mesmo foi o Gustavo. Quando ele entrou no palco não teve para ninguém. Dançou, cantou, disse que amava a menina americana e deve ter irritado bastante os seus inimigos. Bebe é uma cantora pop americana. Como tal, tem um séquito de adolescentes enlouquecidas por ela. E quando um grupo de sete delas na faixa de uns 12 anos passou por mim eu quase fiquei surdo. Nem em show de heavy metal meus tímpanos foram tão atacados. Mas Bebe é simpática. Foi lá, deu o seu recado, cantou suas músicas (por incrível que pareça eu até conhecia algumas), mas não precisava mentir que “I love you so much”. Fala sério. Acabou de nos conhecer. Momento Corneta é cultura: Bebe é de uma família de albaneses e macedônios. O pai, Flamur, nasceu na Macedônia, enquanto a mãe Bukurije, nasceu nos Estados Unidos, mas é descendente de albaneses. De nada.
Seal - Rapaz, eu acho o Seal um cara legal, simpático, um homem de classe. Gosto de algumas de suas canções. Mas esse foi o show em que eu bati recordes. Foi um dos shows que eu mais bocejei na vida. Parecia que eu não conseguiria chegar acordado até a música do Batman. Mas eu cheguei. O problema é que a música do Batman é lenta, e tinha uma chuva torrencial caindo (cadê o Cacique Cobra Coral que não vê isso?). Mas depois teve “Crazy” e no fim um David Bowie que é sempre ótimo. Só não precisavam ser deselegantes com o Seal e cortarem o som no fim da música. Muito feio, Rock in Rio!

Ellie Goulding - Quando Ellie Goulding começou a cantar eu pensei: minha cota de cantoras pop já se esgotou por hoje né. Mas eu fui lá dar uma conferida. Não estava fazendo nada mesmo e tinha parado de chover. Ao vivo ela até soa melhor do que nos discos, que são chatos DEMAIS. Mas eu não vou guardar nada de interessante deste show. E ainda colocaria o tributo a George Michael que rolou mais cedo na Rock District à frente dele no ranking do dia.
Drake - Então chegamos a GRANDE atração da noite. Até ontem, Drake para mim era:
1. Um meme
2. Produtor da excelente série “Euphoria”
3. O Jack Nicholson do Toronto Raptors.

Mas aí a gente descobre que ele canta, faz uns raps aí e tal. E que ele sofre de ansiedade. Porque ele parece querer chegar logo ao fim de tudo. Do set list de 27 canções, acho que o Drake deixou umas 22 pela metade. Por que ele não completa uma música? É o oposto do Dave Grohl, que estende até o infinito suas canções. Mas a galera pareceu ter curtido. Drake fez varias citações ao Brasil, disse que estava encantado pela plateia, o que o fez superar o medinho da chuva, e que era o maior show da vida dele. O que pareceu papo da macho que diz isso para todas: “Eu nunca conheci ninguém como você” (até a próxima da semana que vem). Drake também é um macho escroto porque não autorizou que o fotografassem. Até a tirolesa ele cortou! Que feio! A gente entende o David Coverdale vetar isso para não querer mostrar as rugas, mas logo você, Drake? No auge da forma e dos seus 32 anos?
Fato é que o cara deu seu recado. Foi um recado curtinho para um headliner, mas deu seu recado e deixou seu público de alma lavada. O corpo lavado ficou por conta de São Pedro, esse vacilão.
É isso! Amanhã tem mais com o capítulo 2 desta saga. E esperamos que seja sem chuva.

Nenhum comentário: