domingo, 24 de setembro de 2017

Rock in Hell - terceiro dia

The Who, melhor show do festival/Marcelo Alves
Último dia de Rock in Hell para a Corneta. Os últimos comentários. Depois disso, só em 2019.
Cidade Negra canta Gilberto Gil e convida Digital Dubs e Maestro Spock - Nada contra o Cidade Negra, mas qual o fundamento de colocar a banda fazendo um show de covers do Gilberto Gil que incluiu um cover do Gilberto Gil de uma música do Bob Marley? Ou seja, teve até cover do cover! Aí depois entrou o maestro Spock "Vida longa e próspera" para fazer cover do Gil. Depois veio o Digitaldubs e logo o palco estava superlotado de gente fazendo cover do Gil. Só faltou mesmo o próprio Gil fazendo cover de si mesmo. Pior é que tudo parecia ter aquela batida cadenciada e sonolenta do reggae. Convenhamos, reggae é chato demais. Para suportar até o fim tive que comprar um sorvete de doce de leite. Mas apesar da minha má vontade, foi um show que não comprometeu. Funcionou melhor que Ney Matogrosso e Nação Zumbi, por exemplo. Bom, mas isso não chega a ser uma grande vantagem.
Bomba Stereo convida Karol Conka - Não sou suficientemente evoluído para estar no Brasil e curtir cumbia psicodélica. Por mais que seja uma cumbia psicodélica engajada, como a Liliana Saumet gosta de pontuar em algumas músicas. Se bem que acho que nem se estivesse em Bogotá eu ia gostar de cumbia. E a coisa não melhorou com a Karol Conka, pois aí juntou a cumbia psicodélica com o que ela cantava e realmente eu não consegui atingir o nirvana necessário para admirar esse show.
Titãs - Adriana Calcanhotto podia fazer uma extensão na letra de "Fico assim sem você" e escrever "Buchecha sem Claudinho/Titãs sem Paulo Miklos/sou eu, assim sem você. Não tinha Arnaldo Antunes/nem o Mala Reis/e agora/não tem nem você. Como é possível viver assim?/Uma banda sem testosterona/E olho pro palco/Vejo Sérgio Britto/Cadê/O Charles Gavin?
Miklos faz muita falta. E com o ficaralho dos Titãs, agora o Sérgio Britto e o Branco Mello têm que cantar toda hora, acumulando funções. Coitados. Eu entendo vocês. Eles ainda tocaram três músicas novas que prometeram estar numa futura ópera-rock. Aliás, a canção "Me estuprem" será bastante problematizada no Facebook se vier a ganhar alguma relevância. Ao vivo, porém, as músicas novas foram recebidas com a frieza do inverno islandês. Vamos aguardar o resultado do disco. De uma forma geral, foi um show bem irregular. Já vi melhores Titãs.
Ceelo Green convida Iza - Foi definitivamente o Dancing Day no Palco Sunset. Depois da cumbia psicodélica, o Ceelo surgiu como um James Brown de Atlanta botando a galera para dançar como se estivessem nos tempos românticos do Studio 54, em Nova York. Foi muito maneiro, um dos grandes shows do Rock in Hell, teve até a bela "Earth Song", do Michael Jackson, mas como eu nunca gostei de boate, sentei na grama para me poupar para o Incubus.
Incubus - Coitado do Incubus. Fez até a sua parte no Palco Mundo para uma banda que abriria para duas lendas, mas passou praticamente despercebido, pois a galera estava mais interessada no que viria dali para frente.
The Who - Que banda, amigos! Que banda! Foram 50 anos esperando para ver ao vivo Roger Daltrey rodopiar o fio do microfone e Pete Townshend fazer aquele giro com o braço na guitarra. Cinquenta anos esperando uma banda que foi perfeita. Se eu fosse sommelier de vocalista, diria que a voz de Daltrey está num timbre abrasado e levemente amadeirado, com raspas de limões colhidos no pé de vulcões da Sicília e um toque de uvas retiradas por antílopes de parreiras de montanhas tibetanas. Só isso explica ele estar cantando monstruosamente aos 73 anos. O The Who foi impecável. Chorarei de emoção até a semana que vem.
Guns N'Roses - Depois do papelão de 2011, Axl Rose estava devendo ao público do Rock in Rio um show épico. Só que ele entendeu errado o significado da palavra e resolveu fazer uma apresentação interminável, de 3h30min, e que parece que só parou porque ele foi avisado que ia começar o Globo Rural na TV. Sabemos que ao contrário de Daltrey, Axl nunca mais será o mesmo, mas é uma pena que ele não tenha cantado como no show de novembro do ano passado. Sua piora pesou no desempenho da banda, só compensado pelo prazer inenarrável que é ver o Slash tocando guitarra. Slash >>>>>>>>>>>>> Rodrigo Hilbert.
Mas definitivamente eu não viro mais a noite por um show do Guns. Já foram três. Chega.
Ok, eu reconheço que essa é uma promessa vazia e eu estarei na plateia no próximo espetáculo.
E assim a Corneta se despede de mais um Rock in Hell. Como diria o Axl: thank you, Brazil! Good fucking night!

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